Segundo minhas fontes, a coprodução franco-belga Lucky
Luke: a balada dos Dalton (La ballade des Dalton/The ballad of the
Daltons, 1978) é a segunda aventura cinematográfica do cowboy desenhado
por Morris (Maurice de Bévère) em 1946. Tornou-se, desde então, protagonista de
célebres histórias em quadrinhos, as melhores com roteiro de René Goscinny —
criador, com Albert Uderzo, em 1959, dos não menos famosos Asterix e Obelix. Infelizmente,
as aventuras gráficas do personagem, tão cinematográficas em princípio, não
tiveram sorte na transposição para as telas em formato de desenho animado. Lucky
Luke apareceu pela primeira vez no cinema em 1971, no morno Lucky
Luke, o destemido (Lucky Luke). Não experimentou melhor
retorno à tela grande em Lucky
Luke : a balada dos Dalton. Os
personagens, tão personalíssimos e carismáticos nos quadrinhos, foram reduzidos
ao unidimensional em aventura desprovida de dinamismo. Decepciona inclusive
como filme infantil. Além do mais, o cowboy é coadjuvado pelo desinteressante,
inútil e bobalhão cão policial Ran-Tam-Plan, o equivalente, no velho Oeste, ao Jar
Jar Binks da saga Star wars. A apreciação a seguir, de 1998, foi escrita com
preguiça e mau humor diante da frustração com o filme.
Lucky Luke: a balada
dos Dalton
La ballade
des Dalton/The ballad of the Daltons
Direção:
René Goscinny, Morris, Henri
Gruel, Pierre Watrin
Produção:
Georges
Dargaud
Dargaud
Films, Les Productions René Goscinny, Studios Idefix
França, Bélgica — 1978
Elenco:
Vozes originais de Roger Carel,
Georges Atlas, Daniel Ceccaldi, Jacques Balutin, Xavier Depraz, Jacques
Deschamps, Gisèle Grimm, Michel Elias, Bernard Haller, Gérard Hernandez, Henri
Labussière, Roger Lumont, Jacques Legras, Jacques Morel, Ada Lonati, Henri
Poirier, Lawrence Riesner, Pierre Trabaud, Jean-Marc Thibault, Rosy Varte,
Pierre Tornade, Henri Virlojeux, René Goscinny, Eric Kristy.
Os diretores René Goscinny e Morris |
Ao que parece,
conforme as fontes, este é o segundo desenho animado longo de Lucky Luke ―
cowboy das histórias em quadrinhos francesas, criado em 1946 por René Goscinny
e Morris, também diretores do filme. O anterior, realizado exclusivamente por
Goscinny, é de 1971: Lucky Luke, o destemido (Lucky
Luke).
Lucky Luke |
Lucky Luke: a
balada dos Dalton apresenta o herói e seu fiel cavalo Faísca —
originalmente Jolly Jumper — novamente às voltas com o quarteto fora-da-lei
formado pelos pouco inteligentes irmãos Dalton: Joe, Jack, William e Averall.
Auxilia-os Ran-Tam-Plan, cão policial abobalhado.
O abobalhado cão Ran-Tam-Plan na pista dos irmãos Dalton: Averall, William, Jack e Joe |
Os Dalton |
Joe Dalton, o mais baixo, esperto i irritadiço dos irmãos |
Na prisão, os
Dalton recebem do advogado informações sobre a execução de um tio também
meliante, que lhes deixou considerável fortuna em herança. Para
recebê-la, devem eliminar jurados e juiz responsáveis pela condenação. Ou os
beneficiados serão as obras de caridade. Mais: alguém de moral ilibada — certamente
Lucky Luke, inimigo mortal da família — deve testemunhar os feitos. A simples alusão
ao nome do cowboy faz o quarteto espumar de raiva, principalmente o baixinho Joe
— o mais irascível e inteligente do grupo. Assim são os Dalton: quanto mais
alto, mais calmo e estúpido.
Os Dalton |
O Juiz, Lucky Luke e Joe Dalton |
Os Dalton e Lucky Luke |
Não há outro
jeito. Dispostos a entrar na posse da riqueza, resolvem satisfazer a vontade do
tio. Explodem a prisão e escapam por um túnel, acompanhados do cão
Ran-Tam-Plan. O bicho os seguirá por toda parte, certo de que são perigosos. Os
Dalton encontram Lucky Luke e o informam do plano. Receberá parte da herança
caso testemunhe e confirme a eliminação dos responsáveis pela condenação do
tio. O herói impoluto aceita, logicamente com segundas intenções. Não apenas
salva o juiz e os jurados como prepara novo julgamento para a quadrilha,
devolvida à prisão.
Lucky Luke em seu fiel Faísca (Jolly Jumper) e os subjugados irmãos Dalton |
Lucky Luke: a
balada dos Dalton padece do mesmo mal que acometeu o antecessor Lucky
Luke, o destemido: ausência de dinamismo. Há mais movimento, ritmo e
animação num único quadrinho das espertas e interessantes historietas do cowboy
que em todos os fotogramas de suas aventuras cinematográficas. No todo, é um
filme morto. Desperta entusiamo em alguns breves momentos, insuficientes para
sustentar a atenção ao longo de toda a projeção. O argumento tolo abusa da
inteligência do espectador. Bandido de desenho animado tem o hábito de ser
pouco esperto, mas os Dalton exageram. Filme para crianças não precisa ser
infantil, muito menos infantiloide. Também não havia a menor necessidade de
gastar acetato, lápis e tinta com o inútil e tão pouco interessante
Ran-Tam-Plan, bobalhão além da medida.
Fotografia em Eastmancolor. Argumento e roteiro: René Goscinny, Morris, com a colaboração de Pierre
Tchernia. Música e direção musical:
Claude Bolling. Direção de produção:
Henri Gruel, Pierre Watrin. Efeitos
sonoros: Henri Gruel. Assistente de
gerência de animação: Georges Grammat. Animadores: B. Roso, Patrick
Cohen, Nic Broca, B. Maxfield, J. Galan, J. P. Tardivel, J. Potier, F. Milia,
P. Jodon, V. Miessen, G. Faisien, D. Gourdin, Y. Fercoq, Marcel Colbrant,
Florence Cuvelier, Lieve De Valck, Patrick Deniau, Chris Evans, Bernard Fiévé,
Maurice Giacomini, Jean Gillet, Philippe Grimond, Marie-Luce Image, Victor
Lagoutte, Claude Monfort, R. Borge, Jean-Pierre Tardivel, José Xavier. Produção
executiva: Henri Gruel, Pierre
Watrin. Montagem: Pierre Chabal,
René Chaussy, Henri Gruel, Francis Nielsen. Gerente de produção: Serge Caillet. Assistência de direção de animação: Georges Grammat. Som: C. Hermelin, René Hanotel. Gravação de som: Pierre Biecher (não
creditado). Operadores de câmera:
Jacques Capo, Michel Gantier, Claude Pointis. Assistentes de câmera: P. Meslet, Luc Moreux, Philippe Normand. Pintura em celuloide: Odile Besson, P. Bonnaire,
Sylvie Bouche, Lysiane Jollivet, G. Paturel. Assistentes de animação: Ivan Kassabov, A. Laurence, X. Levan,
Patrick Schwerdtle, Dominique Tardivel, Françoise Vannereau, Jean-Pierre
Watrin, Coraline Yordamlis-Bourgeois, Mária Zsebényi. Desenhos
de fundo: Pierre Leroy. Assistentes de montagem: Denis Gruel,
Luc Moreux, Annie Yonnet. Colaboração
musical: Matheus Grand. Administração:
Régis Algoed, Dominique Frangoulis, Marie-Claude Martin, Maurice Salmon. Assessor de imprensa: Françoise
Beverini. Assistência técnica:
Pierre Gherardini, N. Grammat, Raymonde Roso, Gérard Soirant, B. Winter. Supervisão técnica: Jacques Leroux. Companhia de efeitos óticos e títulos:
Les Films Michel François. Serviços de
auditório: S.I.M.O. Tempo de
exibição: 82 minutos.
(José Eugenio Guimarães, 1998)
Eugenio,
ResponderExcluirLamento não poder citar qualquer palavra atinente ao texto por desconhecer completamente o filme em pauta.
Abraço
jurandir_lima@bol.com.br
Não precisa lamentar, Jurandir. Não é filme que valha a pena. Melhor ler as histórias em quadrinhos. São excelentes.
ExcluirAbraços.
É unha mágoa como esnaquizan unha historia tan boa.!! Boa tarde!!
ResponderExcluirBuena tarde, mi caro "El Baile de Norte". Sí, de hecho es una pena. La historia original ya era cinematográfica. Infelizmente, no supieron tratar el material en el formato de las imágenes en movimiento. Una lástima.
ExcluirAbrazos y saludos
Es un apena que la producción no supo enfocar todos los recursos creativos de que se disponía...Oye cielo,hacemos un corto de las aventuras de J.E y María? No estaría nada mal...Estupenda reseña,me gusta tu profesionalismo y la veracidad de tu critica que no se deja cegar por la diversión de una cara animada sino que va hasta el fondo del proceso y resultado fílmico...Gracias por tan fabulosa y detallada entrada...Te quiero,aunque eso ya lo sabes :)
ResponderExcluirHola, querida Maria del Socorro. Bueno verla! Por el visto está, ya, más animada. ¿Quién sabe no podremos hacer, un día, esta película corta sobre las aventuras de J.E. y Maria? Por ora, vamos a imaginar como sería esa historia, que uniría lo Brasil a México. A pesar de su elogio, es una resenha simple, que escribí con poca gana, pues la película poca me agradó. Lucky Luke es uno personaje tallado para el cine, pero que aún aguarda una buena oportunidad. Espero que los directores, animadores y guionistas no hayan se olvidado de él. También quiero muy a a ti, que es una personaje que me fascina. Para ti, todo mi amor y carinho.
ExcluirBesos.
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