domingo, 22 de fevereiro de 2015

O PRODUTOR IRWIN WINKLER REVÊ O MACARTHISMO AO ESTREAR NA DIREÇÃO

Produtor renomado, que buscou atuação independente à moda do cinema estadunidense, Irwin Winkler ganhou notoriedade principalmente quando formou parceria com Robert Chartoff na Chartoff-Winkler Productions. Em 1991 passou à direção. Tomou para tema de seu primeiro filme um assunto ainda ousado ao cinema dos Estados Unidos: a perseguição macarthista. O resultado é Culpado por suspeita (Guilty by suspicion). O roteiro foi praticamente desapropriado, de forma impiedosa, pelo diretor, das mãos do seu autor, o renomado blacklisted Abaham Polonsky. A peça, consideravelmente adulterada e suavizada em seu impacto, resulta de depoimentos fornecidos por John Barry — também vítima da "caça às bruxas" — ao crítico e cineasta francês Bertrand Tavernier. A realização, apesar de esquemática e morna, encontra méritos na reconstituição do clima de paranoia, histeria e pesadelo da época, principalmente ao recriar momentos e ações que envolveram personagens reais em contextos marcados por traições, ameaças, medo e pusilanimidade misturados a laivos de coragem e dignidade pessoal. A apreciação a seguir foi escrita em 1991.






Culpado por suspeita
Guilty by suspicion

Direção:
Irwin Winkler
Produção:
Arnon Michan
Warner Brothers
EUA — 1991
Elenco:
Robert DeNiro, Annette Bening, George Wendt, Martin Scorsese, Patricia Wettig, Sam Wanamaker, Luke Edwards, Chris Cooper, Ben Piazza, Barry Primus, Robin Gammell, Gairlard Sartain, Brad Sullivan, Tom Sizemore, Roxann Dawson, Stuart Margolin, Barry Tubb, Gene Kirkwood, Margo Winkler, Allan Rich, Illeana Douglas, Al Ruscio, Bill Bailey, Adam Baldwyn, Nicholas Cilic, Claude Rauvier, Stephen Root, John Horn, Jon Tenney, Cecile Callan, Tom Rosqui, Monica Carrico, Jonathan Ames, Brant Von Hoffman, F. J. O’Neill, Joan Scott, Dianne E. Reeves, Paul Collins, James Mathers, Kevin Page, Joe Bennett, Robert Chimento, Graig Smith, Maurice Marciano, Martin Arsenault, Ben Dinsdale, Russell Bobbitt, Cindy Carey, Ivor Leslie Dilley, Natalie Zimmerman e os não creditados Fred Apolito, Gail L. Harrington, Sophiah Koikas, Jimmy Noonan.



O produtor e diretor Irwin Winkler durante as filmagens de seu De-Lovely (2004)


Quinze anos depois de Testa de ferro por acaso (The front, 1976), de Martin Ritt, chega a vez de Culpado por suspeita revisitar o macarthismo ou a “caça às bruxas”, um dos períodos mais sombrios da recente história estadunidense. O filme de Irwin Winkler, selecionado para o Festival de Cannes, teve, em geral, boas cotações no exterior. No Brasil a recepção foi morna. As razões disso residem na falta de ousadia da direção, presa a convencionalismos típicos do cinema do Tio Sam.


A fase de breve otimismo que tomou conta dos Estados Unidos após o término da Segunda Guerra Mundial chegou ao fim. Um governo de extrema direita, impulsionado pelo começo da guerra fria com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), passou a enxergar o perigo vermelho em cada canto do país. Diante disso, o Senador Joseph McCarthy propôs uma operação de saneamento interno, de responsabilidade do Congresso, desencadeada pelo Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas. Tinha, com o apoio do FBI, a missão de buscar, denunciar e banir da vida social e política dos EUA os comunistas e simpatizantes de ideias de esquerda. Os acusados, se quisessem salvar suas reputações e carreiras, deveriam se retratar publicamente. O preço disso era a negação do passado e a delação de possíveis suspeitos. Os que se recusavam a colaborar tinham negados todos os direitos constitucionais. Seus nomes eram incluídos nas famigeradas “listas negras”, que os tornavam passíveis de prisão e barravam qualquer oportunidade de trabalho.



Acima e abaixo: Robert De Niro como o cineasta David Merrill, vítima da caça às bruxas


Os círculos intelectuais dos Estados Unidos — as artes e a cultura em geral — foram inteiramente devassados pelas investigações. A histeria caiu em cheio sobre o mundo do cinema. Diretores e, principalmente, roteiristas, eram os mais visados. São tristemente famosos os casos de Dalton Trumbo, Ring Lardner Jr., Carl Foreman, Michael Wilson, Abraham Polonsky, John Barry, Herbert Bibermann e John Howard Lawson, delatados por seus próprios companheiros e banidos de indústria cinematográfica. Cineastas a exemplo de Elia Kazan, Edward Dmytryk e Robert Rossen, mais atores como Robert Taylor, Gary Cooper, Adolph Menjou e Sterling Hayden exercitaram a delação. Charles Chaplin, inglês não naturalizado nos EUA, viajava pela Europa e foi impedido de regressar. Joseph Losey, convocado a depor, abandonou o país e se estabeleceu na França; mais tarde, na Inglaterra. Carreiras, famílias e amizades foram desfeitas da noite para o dia. A desconfiança e a paranoia se tornaram a norma da vida cotidiana. O suicídio foi a opção dos que não souberam suportar pressões e quedas.


A versão americana dos inquéritos da Inquisição e dos expurgos stalinistas durou de 1947 a 1954. Culpado por suspeita é ambientado nos anos de 1951-52, quando a perseguição estava no auge. É o primeiro filme dirigido por Irwin Winkler. Ele e Robert Chartoff formaram, ao longo dos anos 60 e 70, renomada dupla de produtores. Patrocinaram "filmes de consciência", dentre os quais — para citar apenas um — A noite dos desesperados (They’re shoot horses, don’t they?, 1969), provavelmente o melhor trabalho do diretor Sidney Pollack.


O ponto de partida de Culpado por suspeita são os depoimentos de John Barry[1] ao crítico e diretor Bertrand Tavernier, fornecidos durante o período em que esteve exilado na França. Segundo Argemiro Ferreira[2], Winkler — num comportamento pouco ético — se apropriou do roteiro original de Abraham Polonsky[3] e o adulterou. Suavizou-o a ponto de deixá-lo irreconhecível[4]. Não obstante, acrescenta: Culpado por suspeita é o filme que melhor recria o ambiente de perseguição e medo imposto à comunidade cinematográfica estadunidense, ameaçada pela “lista negra”[5].


O big boss da 20th Century-Fox, Darryl F. Zanuck (Ben Piazza) - muito parecido ao próprio -, com o cineasta David Merrill (Robert De Niro), vítima do macarthismo

David Merrill (Robert De Niro) com  Felix Graff (Sam Wanamaker), advogado da 2oth. Century-Fox


David Merrill (De Niro) protagoniza a história. É o cineasta número um da 20th Century-Fox e o preferido de Darryl F. Zanuck (Piazza), big boss da companhia. Volta aos Estados Unidos depois de longa temporada na França. É recebido pelo amigo e roteirista Bunny Baxter (Wendt), que vai logo avisando: “Isto aqui virou um manicômio”. Cansado da viagem, Merril ldá pouca importância à observação. Verá, pouco a pouco, que é plena de sentido. Logo que se apresenta ao estúdio é instruído por Zanuck a procurar o advogado Felix Graff (Wanamaker). Descobre que teve o nome fornecido ao Comitê, na qualidade de simpatizante de ideias de esquerda. Foi delatado pelo amigo Larry Nolan (Cooper). Por se recusar a colaborar com as investigações e a prestar esclarecimentos, vê a vida profissional entrar em espiral descendente. É afastado da Fox e de todos os projetos que pretendia realizar. Nenhum estúdio o aceita. Perde bens e amigos. Culpado por suspeita desenvolve a crônica de uma descida aos infernos. Apoia-se na tragédia de um inocente útil, como tantos, para retratar uma época de relacionamentos e estabilidade minados.


David Merrill (Robert De Niro) com a esposa Ruth (Annette Bening)


O macarthismo, dadas as suas características, se adequaria muito bem a um argumento de Kafka. Infelizmente, o diretor não soube explorar bem o absurdo das situações. Da forma como é mostrada, a queda de David Merrill — antes de ser consequência de ato que fere a pretensa consciência democrática de uma nação — parece ser apenas uma tragédia íntima. Ao privilegiar este ponto de vista, a narrativa de Culpado por suspeita se aproxima, e muito, do modo de encenação das novelas. A paranoia americana se converte na oportunidade para o isolado Merrill recompor a vida familiar, ganhar o respeito da mulher Ruth (Bening, em desempenho apagado) e do filho menor Paulie (Edwards). O personagem teve que ser lançado no ostracismo para perceber o egoísta que era, tomar ciência de que tinha uma família, sempre preterida pela primazia excessiva dada à carreira. Depois de tudo, quando comparece diante do Comitê nas cenas finais, recusando-se a colaborar, parece que age assim somente para se apresentar como exemplo de dignidade para aqueles que ama. Desse modo, por clara opção do diretor, o filme perdeu a oportunidade maior de se transformar num vigoroso drama de prestação de contas com o passado. Quanto a isso, Testa de ferro por acaso é muito melhor resolvido, além de destilar cinismo, bom-humor e ironia.


David Merril (Robert De Niro) perante o Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas

David Merrill (Robert De Niro) e a esposa Ruth (Annette Bening): fragilizados mas demonstrando coragem e dignidade em tempos sombrios

Ruth Merrill, desempenho apagado de Annette Bening

  
Mesmo assim, apesar de convencional e raso na abordagem, vale a pena assistir a Culpado por suspeita. Não só pela recriação do histérico clima que rondou as sessões do Comitê, como mostram os momentos finais. Há, particularmente, o brilho da irretocável reconstituição de época, conseguida pelo desenho de produção de Leslie Dilley, da direção de arte de Leslie McDonald, da decoração de Nancy Haigh, da música de James Newton Howard, mais a edição musical de Tom Kramer. Porém, o melhor mesmo é a combinação de ficção com realidade. David Merrill pode ser um personagem inventado, um mix de vidas reais atiradas à sarjeta por uma simples e pouco consistente suspeita de um tribunal indefensável. Entretanto, testemunha fatos e vive situações que de fato ocorrerem. Da mesma forma se relaciona com personalidades que existiram de verdade. Abraham Polonsky conta que presenciou cenas iguais ao do aterrorizado Larry Nolan, que Merrill vê queimando livros “suspeitos”. Recebeu também a visita de um amigo que veio pedir autorização para denunciá-lo. No filme, Bunny Baxter procura Merrill com objetivo semelhante. O faroeste sem nome para o qual Merrill dirige algumas cenas é na verdade Matar ou morrer (High noon, 1952), inteiramente realizado por Fred Zinnemann. Seu roteirista, Carl Foreman, foi incluído na lista negra, ao passo que o protagonista, Gary Cooper, foi notório delator, como afirma sem titubear o personagem que o interpreta. Dorothy Nolan (Wettig), personagem calcado na atriz Dorothy Comingore, representa muitas das traumáticas cisões familiares acontecidas no período. Enlouquece e comete suicídio depois de se divorciar do marido delator Larry Nolan, que em represália lhe tomou a guarda dos filhos. De fato existiu um advogado como Felix Graff. Seu nome verídico era Martin Gang e foi contratado para defender os interesses dos estúdios. Os personagens repetem frases do período que ficaram famosas, como a do ator Larry Parks: “Não me façam rastejar na lama da delação”; ou a que Joseph Walsh, advogado do Exército, lançou na cara de McCarthy em 1954: “Será que vocês não têm qualquer senso de decência?”. O diretor Joe Lesser (Scorsese), que foge para a Europa, é na verdade o cineasta Joseph Losey. Os vários takes repetidos do filme assistido por Zanuck no cinema da Fox são de Os homens preferem as louras (Gentleman prefer blondes, 1953), de Howard Hawks. Zanuck chama o diretor simplesmente de Howard quando pede por sua presença.





Roteiro: Irwin Winkler. Coprodução: Alan C. Blomquist. Música: James Newton Howard. Direção de fotografia (color DeLuxe): Michael Ballhaus. Desenho de produção: Leslie Dilley. Montagem: Priscilla Nedd-Friendly. Produção executiva: Steven Reuther. Gerente de unidade de produção: Michael Polaire. Assistentes de direção: Rob Cowan, Jeanne Calendo. Direção de arte: Leslie McDonald. Decoração: Nancy Haigh. Supervisão de script: Sioux Richards. Operador de câmera: David M. Dunlap. Mixagem: Richard Lightstone. Microfone: Pat Suraci. Maquiagem: Julie Hewitt. Penteados: Fríða Aradóttir. Gerente de locações: Graig Pontes. Contrarregra: Russel Bobbitt, Roger L. King. Coordenador de construções: Dean R. Brown. Edição musical: Tom Kramer. Orquestração: Brad Dechter. Supervisão musical: Barry Levine. Produção associada: Nelson McCormick. Produção de elenco: Marion Dougherty. Figurinos: Richard Bruno. Segunda assistência de direção: Jan Sebastian Ballhaus, Jeanne Caliendo. Arte cênica: Michael T. Daigle. Camareiros: Jim Landis, Leslie 'Tinker' Linville, Charles Faithorn (não creditado), Chris L. Spellman (não creditado), Chris L. Spellman (não creditado). Assistente de decoração: Paige Augustine (não creditado). Storyboard: Robert Consing (não creditado), Philip Mayor (não creditado). Ilustração: Daren Dochterman (não creditado). Pintura: Amy Vuckovich (não creditado). Mixagem da regravação de som: Bob Beemer, Rick Kline, Donald O. Mitchell. Supervisão da edição de som: Michael Hilkene. Primeiro assistente da edição de som: Lance Laurienzo. Produção da mixagem de som: Richard Lightstone. Supervisão da qualidade de som: Joseph A. Mayer. Engenheiro de gravação de som: Joel Moss. Ruídos de sala: Audrey Trent, Jerry Trent. Supervisão da edição de som: Christopher T. Welch. Utilidades sonoras: Gabriel Cubos (não creditado). Coordenação de dublês: Edward J. Ulrich. Suportes à câmera: Herb Ault. Primeiro assistente de câmera: Florian Ballhaus. Segundo assistente de câmera: Mikael Glattes. Operador da dolly: Danny Jimenez. Assistente de eletricista: Kenny King. Fotografia de cena: Joyce Rudolph. Eletricista-chefe: James R. Tynes. Eletricista-chefe da segunda unidade: James F. Cornick (não creditado). Assistente de câmera: Kurt Grossi (não creditado). Técnico do setor elétrico: Charlie McIntyre (não creditado). Operador de câmera b: Lowell Peterson (não creditado). Assistente-técnico da iluminação: John 'Fest' Sandau (não creditado). Supervisão de figurinos: Laurie Riley. Assistente de guarda-roupa: Victoria Bruno (não creditada). Assistente de montagem: Wendi Jill Raderman. Uniformização de cor: Mike Stanwick. Edição musical: Tom Kramer. Coordenação de transportes: Wayne Nelson. Publicidade: Vic Heutschy. Planejamento dos créditos: Dan Perri. Gerentes de locações: Craig Pointes, George Herthel (não creditado). Assistente ao produtor executivo: Carolyn Quinn. Executivo de produção: Douglas Yellin. Assistente de produção: William Chartoff (não creditado). Primeiro assistente de contabilidade: Matt Gatson (não creditado). Contabilidade da folha de pagamentos: Liz Probst (não creditado). Assistente de gerentes de locações: Errol Reichow (não creditado). Pesquisador: David Sherry (não creditado). Companhia de efeitos especiais: Creative Effects. Complementação de recursos à produção: Completion Bond Company. Fornecimentos de material de época: History For Hire (não creditado). Corte do negativo: Sunrise Films. Fornecimento de alimentação: Tux Wagon Catering. Gravação da trilha musical: Varèse Sarabande. Sistema de mixagem de som: Dolby. Tempo de exibição: 105 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1991)



[1] John Barry caiu em desgraça por realizar The Hollywood 10, documentário que enfocava os primeiros componentes da “lista-negra”, considerado ofensivo ao Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas.
[2] Jornalista brasileiro, estudou a fundo o macarthismo. Autor do livro Caça às bruxas -  Macarthismo, uma tragédia americana, publicado em 1989 pela LP&M de Porto Alegre.
[3] Inicialmente, John Barry, Abaham Polonsky e Bertrand Tavernier foram cogitados por Winkler para dirigir o filme. Ao recusar, Tavernier justificou que uma história como essa somente poderia ser contada por um americano.
[4] Originalmente, o personagem principal David Merrill (DeNiro) era de fato comunista. Winkler não gostou. Preferia que fosse apenas suspeito de esquerdismo. Polonsky se recusou em fazer alterações e foi afastado do projeto (banido pela segunda vez!).
[5] Cf. FERREIRA, Argemiro. Acerto de contas em Hollywood. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 12/set./1991. Caderno B. p. 8. 

11 comentários:

  1. Eugenio,

    Tenho certeza que posso por confirmação (ratificar) tudo o que citas sobre este diretor.

    Não o conhecia até algum tempo atrás. Porém, depois que vi o excelente Tempo de Recomeçar/01, eu percebi que estava assistido a um filme de um grande profissional.

    Existe um amigo a quem sempre indico ver esta fita. Ele, no entanto, ainda não teve a oportunidade de assisti-lo. Mas sei que quando isto ocorrer ele perceberá o porque de eu tanto insistir para que o veja.

    Depois então que vi este filme fiquei atento ao nome do diretor.
    E tornei a ver mais uma outra bela composição sua, que foi De Lovely - Vida e Amores de Cole Porter/04, com duas magnificas interpretações de Ashley Jude (que atualmente é uma de minhas atrizes favorita) e do ótimo Kevin Klane, que nunca nos decepcionou, desde que fez Um Peixe Chamado Wanda, passando por Silverado e etc.

    No entanto, caro e bom amigo, eu não conheço o filme em citação.
    Mas, garanto que, por além de ser um filme do Winkler, como também esta sua composição sobre o mesmo, que estarei atento o máximo possivel para ve-lo tão logo me surja a chance.

    Enorme abraço do bahiano

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir,

      Espero que consiga ver o filme em pauta o mais rápido possível. Não tanto pelo seu valor cinematográfico, mas, principalmente, como registro de uma época marcada por muita paranoia. Você deverá encontrá-lo nos sites de download e compartilhamento.

      Abraços.

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  2. Eugenio,

    Esqueci de aderir ao comentário anterior o seguinte tópico, citado por ti, de que no Brasil o filme do Winkler teve uma apreciação morna, ou seja, o filme aqui não teve e decolagem que precisava ou deveria ter.

    E vos digo: não é porque foi no Brasil que isto aconteceu. Tal recepção da fita deve ter ocorrido em diversos lugares, em muitos outros países e por muitas e muitas pessoas.

    Esta situação é natural, a partir do momento em que poucos conhecem o episódio ocorrido nos EUA na década de 1950. Como não conhecem o que ocorreu em 1929 ou o que ocorreu em 1861.

    É a mesma coisa de falar com muitos sobre a Guerra do Paraguai, este desastre brasileiro, suas origens e o seu trágico e vergonhoso fim.

    Quase ninguém sabe o que é ou o que a originou. Muito menos sabem o que isto significou, apesar de verem muitos e muitos filmes que tocam no tema que abordam o assunto.

    Ora, bom amigo: se não conhecem nossa historia, como podem conhecer mais a de outros países?

    Não desejo ser impiedoso ou, muito menos, grosseiro. Mas o fato real é que muitos ignoram tais fatos, não sabem nada sobre eles, e vêm filmes sobre tais temas apenas por verem. A verdade é esta, digo isso com muita lamentação. Mas o fato é que não temos condições de negar isto.

    Bem: não vou mais adiante porque foi somente um adendo que desejei por no meu comentário original.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir;

      Até que não, meu caro. Registros há, muitos e de sobra sobre o macarthismo. Quando era garoto, nos jornais e revistas comprados por meu pai ao longo dos anos 60, sempre lia alguma coisa a respeito. As consequência desse período vergonhoso da historia recente dos EUA foram bem documentadas. Volta e meia, até meados nos anos 80, lembro que esse assunto sempre merecia matérias nos jornais. As razões do esquecimento, ao menos para o caso específico, podem ser outras, quem sabe?

      Abraços.

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  3. Eugenio,

    Aqui, rapidamente;

    Não conheço a fonte em que se assegura para informar que Gary Cooper foi um delator no Episódio de Caça às Bruxas.

    Sempre li que ele se mostrou neutro e que não acusou quem quer que seja quando de sua interrogação. Desta forma, muito ao contrário de ser um delator como citas.

    E, vendo um filme sobre os Oscars, eu mesmo vi Gary Cooper falando e, ao menos na entrevista e captando suas falas no tradução, JAMAIS o vi entregando quem quer que seja.

    Como então o Gary Cooper ser um delator???

    Preciso de resposta a este comentário, mesmo com o amigo atarefado e sem tempo para responder aos comentários normais que fazemos neste Blog.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir, não é invenção minha. Mas a fonte é o livro de Argemiro Ferreira, "Caça Às Bruxas Macartismo: uma Tragédia Americana", referenciado numa nota de rodapé da matéria. Outra fonte é o livro de Lillian Helman, "A caça às bruxas", publicado pela Francisco Alves em 1981. Também há um punhado de matérias publicadas pelo Jornal do Brasil, no Caderno B do periódico, quando o Macarthismo comemorou 30 anos, em 1982.

      Abraços.

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    2. Na verdade, Jurandir, independente das leituras desses livros, eu praticamente cresci sabendo disso. Meu pai tinha uma coleção de jornais e revistas com notícias dos tribunais do Joseph McCarthy. Eu não me espanto com nada que sei acerca do período. Foi uma época braba, dura. Resistir não era fácil.

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  4. Eugenio,

    Não nego que fiquei um tanto embaraçado com esta colocação sobre o depoimento do Gary Cooper, e recorri a um amigo com quem troco muitas falas sobre cinema.

    E ele ratificou tudo o que disseste, fato que me deixou surpreso, pois jamais havia lido nada sobre este assunto com Cooper sendo um delator.

    De qualquer forma o melhor de tudo é ficar conhecendo o que não era conhecido. Corro agora menos risco de chegar em meio a amigos e falar erroneamente do Cooper, quando na verdade as ocorrencias foram as que ora sou conhecedor.

    Valeu bom amigo, ao tempo em que me desculpo por por duvidas, embora mínimas, nas falas de sua postagem.
    O que muito me alegra é conhecer de vez as verdades verdadeiras, que somente me foi possivel enxergar através de seu trabalho.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir,

      Não nego que também eu tenha ficado chocado, como ainda assim me sinto. Afinal, temos a tendência de confundir, muitas vezes, as posturas impolutas e corretas dos personagens interpretados por nossos atores do coração com as suas próprias atitudes. Esquecemos que os atores são homens reais - dos quais pouco conhecemos - vivendo sob o efeito de circunstâncias que os afetam diretamente, inclusive em suas crenças mais arraigadas. Tudo o disse no texto está apoiado no testemunho de autores como Argemiro Ferreira e Lillian Hellman. Ambos publicaram livros a respeito, cujos temas foram motivo de matérias jornalísticas, algumas citadas nas notas de pé de página da postagem. Como eu havia firmado em outra ocasião, também neste espaço dos comentários, aqueles tempos da "caça às bruxas" foram duros e violentamente paranoicos. Resistir a eles exigia, no limite, muita coragem, quase sobre-humana. Hoje, passados mais de 60 anos, ainda não há como olhar desapaixonadamente para o que se fez e se deixou de fazer.

      Abraços.

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  5. Thanks for Posting This Imp Rich Content

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    1. You are welcome, my dear Sumit Jaitely. Thank you by the visit, by the comment and by the assessment. An embrace of Niterói/Rio de Janeiro/Brazil. Until the next time.

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