Produtor renomado, que buscou atuação independente à moda
do cinema estadunidense, Irwin Winkler ganhou notoriedade principalmente quando
formou parceria com Robert Chartoff na Chartoff-Winkler Productions. Em 1991
passou à direção. Tomou para tema de seu primeiro filme um assunto ainda ousado
ao cinema dos Estados Unidos: a perseguição macarthista. O resultado é Culpado
por suspeita (Guilty by suspicion). O roteiro foi
praticamente desapropriado, de forma impiedosa, pelo diretor, das mãos do seu
autor, o renomado blacklisted Abaham
Polonsky. A peça, consideravelmente adulterada e suavizada em seu impacto, resulta
de depoimentos fornecidos por John Barry — também vítima da "caça às
bruxas" — ao crítico e cineasta francês Bertrand Tavernier. A realização,
apesar de esquemática e morna, encontra méritos na reconstituição do clima de
paranoia, histeria e pesadelo da época, principalmente ao recriar momentos e
ações que envolveram personagens reais em contextos marcados por traições, ameaças,
medo e pusilanimidade misturados a laivos de coragem e dignidade pessoal. A
apreciação a seguir foi escrita em 1991.
Culpado por suspeita
Guilty by suspicion
Direção:
Irwin
Winkler
Produção:
Arnon
Michan
Warner
Brothers
EUA — 1991
Elenco:
Robert
DeNiro, Annette Bening, George Wendt, Martin Scorsese, Patricia Wettig, Sam
Wanamaker, Luke Edwards, Chris Cooper, Ben Piazza, Barry Primus, Robin Gammell,
Gairlard Sartain, Brad Sullivan, Tom Sizemore, Roxann Dawson, Stuart Margolin,
Barry Tubb, Gene Kirkwood, Margo Winkler, Allan Rich, Illeana Douglas, Al
Ruscio, Bill Bailey, Adam Baldwyn, Nicholas Cilic, Claude Rauvier, Stephen
Root, John Horn, Jon Tenney, Cecile Callan, Tom Rosqui, Monica Carrico,
Jonathan Ames, Brant Von Hoffman, F. J. O’Neill, Joan Scott, Dianne E. Reeves,
Paul Collins, James Mathers, Kevin Page, Joe Bennett, Robert Chimento, Graig
Smith, Maurice Marciano, Martin Arsenault, Ben Dinsdale, Russell Bobbitt, Cindy
Carey, Ivor Leslie Dilley, Natalie Zimmerman e os não creditados Fred Apolito,
Gail L. Harrington, Sophiah Koikas, Jimmy Noonan.
O produtor e diretor Irwin Winkler durante as filmagens de seu De-Lovely (2004) |
Quinze anos
depois de Testa de ferro por acaso (The front, 1976), de Martin Ritt,
chega a vez de Culpado por suspeita revisitar o macarthismo ou a “caça às
bruxas”, um dos períodos mais sombrios da recente história estadunidense. O
filme de Irwin Winkler, selecionado para o Festival de Cannes, teve, em geral,
boas cotações no exterior. No Brasil a recepção foi morna. As razões disso
residem na falta de ousadia da direção, presa a convencionalismos típicos do
cinema do Tio Sam.
A fase de breve
otimismo que tomou conta dos Estados Unidos após o término da Segunda Guerra
Mundial chegou ao fim. Um governo de extrema direita, impulsionado pelo começo
da guerra fria com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), passou
a enxergar o perigo vermelho em cada canto do país. Diante disso, o Senador
Joseph McCarthy propôs uma operação de saneamento interno, de responsabilidade
do Congresso, desencadeada pelo Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas.
Tinha, com o apoio do FBI, a missão de buscar, denunciar e banir da vida social
e política dos EUA os comunistas e simpatizantes de ideias de esquerda. Os
acusados, se quisessem salvar suas reputações e carreiras, deveriam se retratar
publicamente. O preço disso era a negação do passado e a delação de possíveis
suspeitos. Os que se recusavam a colaborar tinham negados todos os direitos
constitucionais. Seus nomes eram incluídos nas famigeradas “listas negras”, que
os tornavam passíveis de prisão e barravam qualquer oportunidade de
trabalho.
Acima e abaixo: Robert De Niro como o cineasta David Merrill, vítima da caça às bruxas |
Os círculos
intelectuais dos Estados Unidos — as artes e a cultura em geral — foram
inteiramente devassados pelas investigações. A histeria caiu em cheio sobre o
mundo do cinema. Diretores e, principalmente, roteiristas, eram os mais
visados. São tristemente famosos os casos de Dalton Trumbo, Ring Lardner Jr.,
Carl Foreman, Michael Wilson, Abraham Polonsky, John Barry, Herbert Bibermann e
John Howard Lawson, delatados por seus próprios companheiros e banidos de indústria
cinematográfica. Cineastas a exemplo de Elia Kazan, Edward Dmytryk e Robert
Rossen, mais atores como Robert Taylor, Gary Cooper, Adolph Menjou e Sterling
Hayden exercitaram a delação. Charles Chaplin, inglês não naturalizado nos EUA,
viajava pela Europa e foi impedido de regressar. Joseph Losey, convocado a
depor, abandonou o país e se estabeleceu na França; mais tarde, na Inglaterra.
Carreiras, famílias e amizades foram desfeitas da noite para o dia. A
desconfiança e a paranoia se tornaram a norma da vida cotidiana. O suicídio foi
a opção dos que não souberam suportar pressões e quedas.
A versão
americana dos inquéritos da Inquisição e dos expurgos stalinistas durou de 1947
a 1954. Culpado por suspeita é ambientado nos anos de 1951-52, quando a
perseguição estava no auge. É o primeiro filme dirigido por Irwin Winkler. Ele
e Robert Chartoff formaram, ao longo dos anos 60 e 70, renomada dupla de
produtores. Patrocinaram "filmes de consciência", dentre os quais —
para citar apenas um — A noite dos desesperados (They’re
shoot horses, don’t they?, 1969), provavelmente o melhor trabalho do diretor
Sidney Pollack.
O ponto de
partida de Culpado por suspeita são os depoimentos de John Barry[1]
ao crítico e diretor Bertrand Tavernier, fornecidos durante o período em que
esteve exilado na França. Segundo Argemiro Ferreira[2],
Winkler — num comportamento pouco ético — se apropriou do roteiro original de
Abraham Polonsky[3] e
o adulterou. Suavizou-o a ponto de deixá-lo irreconhecível[4].
Não obstante, acrescenta: Culpado por suspeita é o filme que
melhor recria o ambiente de perseguição e medo imposto à comunidade
cinematográfica estadunidense, ameaçada pela “lista negra”[5].
O big boss da 20th Century-Fox, Darryl F. Zanuck (Ben Piazza) - muito parecido ao próprio -, com o cineasta David Merrill (Robert De Niro), vítima do macarthismo |
David Merrill (De Niro) protagoniza a história. É o cineasta número um da 20th Century-Fox e o
preferido de Darryl F. Zanuck (Piazza), big
boss da companhia. Volta aos Estados Unidos depois de longa temporada na
França. É recebido pelo amigo e roteirista Bunny Baxter (Wendt), que vai logo
avisando: “Isto aqui virou um manicômio”. Cansado da viagem, Merril ldá pouca
importância à observação. Verá, pouco a pouco, que é plena de sentido.
Logo que se apresenta ao estúdio é instruído por Zanuck a procurar o advogado
Felix Graff (Wanamaker). Descobre que teve o nome fornecido ao Comitê, na qualidade
de simpatizante de ideias de esquerda. Foi delatado pelo amigo Larry Nolan
(Cooper). Por se recusar a colaborar com as investigações e a prestar
esclarecimentos, vê a vida profissional entrar em espiral descendente. É
afastado da Fox e de todos os projetos que pretendia realizar. Nenhum estúdio o
aceita. Perde bens e amigos. Culpado por suspeita desenvolve a
crônica de uma descida aos infernos. Apoia-se na tragédia de um inocente útil,
como tantos, para retratar uma época de relacionamentos e estabilidade minados.
David Merrill (Robert De Niro) com a esposa Ruth (Annette Bening) |
O macarthismo,
dadas as suas características, se adequaria muito bem a um argumento de Kafka.
Infelizmente, o diretor não soube explorar bem o absurdo das situações. Da
forma como é mostrada, a queda de David Merrill — antes de ser consequência de
ato que fere a pretensa consciência democrática de uma nação — parece ser
apenas uma tragédia íntima. Ao privilegiar este ponto de vista, a narrativa de Culpado
por suspeita se aproxima, e muito, do modo de encenação das novelas. A
paranoia americana se converte na oportunidade para o isolado Merrill recompor a
vida familiar, ganhar o respeito da mulher Ruth (Bening, em desempenho apagado)
e do filho menor Paulie (Edwards). O personagem teve que ser lançado no ostracismo para
perceber o egoísta que era, tomar ciência de que tinha uma família, sempre
preterida pela primazia excessiva dada à carreira. Depois de tudo, quando
comparece diante do Comitê nas cenas finais, recusando-se a colaborar, parece
que age assim somente para se apresentar como exemplo de dignidade para aqueles
que ama. Desse modo, por clara opção do diretor, o filme perdeu a oportunidade
maior de se transformar num vigoroso drama de prestação de contas com o
passado. Quanto a isso, Testa de ferro por acaso é muito
melhor resolvido, além de destilar cinismo, bom-humor e ironia.
David Merril (Robert De Niro) perante o Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas |
David Merrill (Robert De Niro) e a esposa Ruth (Annette Bening): fragilizados mas demonstrando coragem e dignidade em tempos sombrios |
Ruth Merrill, desempenho apagado de Annette Bening |
Mesmo assim,
apesar de convencional e raso na abordagem, vale a pena assistir a Culpado
por suspeita. Não só pela recriação do histérico clima que rondou as
sessões do Comitê, como mostram os momentos finais. Há, particularmente, o
brilho da irretocável reconstituição de época, conseguida pelo desenho de
produção de Leslie Dilley, da direção de arte de Leslie McDonald, da decoração
de Nancy Haigh, da música de James Newton Howard, mais a edição musical de Tom
Kramer. Porém, o melhor mesmo é a combinação de ficção com realidade. David Merrill pode ser um personagem inventado, um mix
de vidas reais atiradas à sarjeta por uma simples e pouco consistente suspeita
de um tribunal indefensável. Entretanto, testemunha fatos e vive situações que
de fato ocorrerem. Da mesma forma se relaciona com personalidades que existiram
de verdade. Abraham Polonsky conta que presenciou cenas iguais ao do
aterrorizado Larry Nolan, que Merrill vê queimando livros “suspeitos”. Recebeu
também a visita de um amigo que veio pedir autorização para denunciá-lo. No
filme, Bunny Baxter procura Merrill com objetivo semelhante. O faroeste sem nome
para o qual Merrill dirige algumas cenas é na verdade Matar ou morrer (High
noon, 1952), inteiramente realizado por Fred Zinnemann. Seu roteirista,
Carl Foreman, foi incluído na lista negra, ao passo que o protagonista, Gary
Cooper, foi notório delator, como afirma sem titubear o personagem que o
interpreta. Dorothy Nolan (Wettig), personagem calcado na atriz Dorothy Comingore, representa
muitas das traumáticas cisões familiares acontecidas no período. Enlouquece
e comete suicídio depois de se divorciar do marido delator Larry Nolan, que
em represália lhe tomou a guarda dos filhos. De fato existiu um advogado como
Felix Graff. Seu nome verídico era Martin Gang e foi contratado para defender os
interesses dos estúdios. Os personagens repetem frases do período que ficaram
famosas, como a do ator Larry Parks: “Não me façam rastejar na lama da
delação”; ou a que Joseph Walsh, advogado do Exército, lançou na cara de
McCarthy em 1954: “Será que vocês não têm qualquer senso de decência?”. O
diretor Joe Lesser (Scorsese), que foge para a Europa, é na verdade o cineasta
Joseph Losey. Os vários takes
repetidos do filme assistido por Zanuck no cinema da Fox são de Os
homens preferem as louras (Gentleman prefer blondes, 1953), de
Howard Hawks. Zanuck chama o diretor simplesmente de Howard quando pede por sua
presença.
Roteiro: Irwin Winkler. Coprodução: Alan C. Blomquist.
Música: James Newton Howard. Direção
de fotografia (color DeLuxe): Michael Ballhaus. Desenho de produção: Leslie Dilley. Montagem: Priscilla Nedd-Friendly. Produção executiva: Steven Reuther. Gerente de unidade de produção: Michael Polaire. Assistentes de direção: Rob Cowan,
Jeanne Calendo. Direção de arte:
Leslie McDonald. Decoração: Nancy
Haigh. Supervisão de script: Sioux
Richards. Operador de câmera: David
M. Dunlap. Mixagem: Richard
Lightstone. Microfone: Pat Suraci. Maquiagem: Julie Hewitt. Penteados: Fríða Aradóttir. Gerente de
locações: Graig Pontes. Contrarregra:
Russel Bobbitt, Roger L. King. Coordenador de construções: Dean R. Brown.
Edição musical: Tom Kramer. Orquestração: Brad Dechter. Supervisão musical: Barry Levine. Produção associada: Nelson McCormick. Produção de elenco: Marion Dougherty. Figurinos: Richard Bruno. Segunda assistência de direção: Jan
Sebastian Ballhaus, Jeanne Caliendo. Arte
cênica: Michael T. Daigle. Camareiros:
Jim Landis, Leslie 'Tinker' Linville, Charles Faithorn (não creditado), Chris
L. Spellman (não creditado), Chris L. Spellman (não creditado). Assistente de decoração: Paige
Augustine (não creditado). Storyboard:
Robert Consing (não creditado), Philip Mayor (não creditado). Ilustração: Daren Dochterman (não
creditado). Pintura: Amy Vuckovich
(não creditado). Mixagem da regravação
de som: Bob Beemer, Rick Kline, Donald O. Mitchell. Supervisão da edição de som: Michael Hilkene. Primeiro assistente da edição de som: Lance Laurienzo. Produção da mixagem de som: Richard
Lightstone. Supervisão da qualidade de
som: Joseph A. Mayer. Engenheiro de
gravação de som: Joel Moss. Ruídos
de sala: Audrey Trent, Jerry Trent. Supervisão
da edição de som: Christopher T.
Welch. Utilidades sonoras: Gabriel
Cubos (não creditado). Coordenação de
dublês: Edward J. Ulrich. Suportes à
câmera: Herb Ault. Primeiro
assistente de câmera: Florian Ballhaus. Segundo assistente de câmera: Mikael Glattes. Operador da dolly: Danny Jimenez. Assistente de eletricista: Kenny King. Fotografia de cena: Joyce Rudolph. Eletricista-chefe: James R. Tynes. Eletricista-chefe da segunda unidade: James F. Cornick (não
creditado). Assistente de câmera:
Kurt Grossi (não creditado). Técnico do
setor elétrico: Charlie McIntyre (não creditado). Operador de câmera b: Lowell Peterson (não creditado). Assistente-técnico da iluminação: John
'Fest' Sandau (não creditado). Supervisão
de figurinos: Laurie Riley. Assistente
de guarda-roupa: Victoria Bruno (não creditada). Assistente de montagem: Wendi Jill Raderman. Uniformização de cor: Mike Stanwick. Edição musical: Tom Kramer. Coordenação
de transportes: Wayne Nelson. Publicidade:
Vic Heutschy. Planejamento dos créditos:
Dan Perri. Gerentes de locações: Craig
Pointes, George Herthel (não creditado). Assistente
ao produtor executivo: Carolyn Quinn. Executivo
de produção: Douglas Yellin. Assistente
de produção: William Chartoff (não creditado). Primeiro assistente de contabilidade: Matt Gatson (não creditado). Contabilidade da folha de pagamentos:
Liz Probst (não creditado). Assistente
de gerentes de locações: Errol Reichow (não creditado). Pesquisador: David Sherry (não
creditado). Companhia de efeitos
especiais: Creative Effects. Complementação
de recursos à produção: Completion Bond Company. Fornecimentos de material de época: History For Hire (não
creditado). Corte do negativo: Sunrise
Films. Fornecimento de alimentação:
Tux Wagon Catering. Gravação da trilha
musical: Varèse Sarabande. Sistema
de mixagem de som: Dolby. Tempo de
exibição: 105 minutos.
(José Eugenio Guimarães, 1991)
[1] John Barry caiu em desgraça por
realizar The Hollywood 10, documentário que enfocava os primeiros
componentes da “lista-negra”, considerado ofensivo ao Comitê de Investigação de
Atividades Antiamericanas.
[2] Jornalista brasileiro, estudou a
fundo o macarthismo. Autor do livro Caça às bruxas - Macarthismo, uma tragédia americana,
publicado em 1989 pela LP&M de Porto Alegre.
[3] Inicialmente, John Barry, Abaham Polonsky
e Bertrand Tavernier foram cogitados por Winkler para dirigir o filme. Ao
recusar, Tavernier justificou que uma história como essa somente poderia ser
contada por um americano.
[4] Originalmente, o personagem
principal David Merrill (DeNiro) era de fato comunista. Winkler não gostou.
Preferia que fosse apenas suspeito de esquerdismo. Polonsky se recusou em fazer
alterações e foi afastado do projeto (banido pela segunda vez!).
[5] Cf. FERREIRA, Argemiro. Acerto de
contas em Hollywood. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,
12/set./1991. Caderno B. p. 8.
Eugenio,
ResponderExcluirTenho certeza que posso por confirmação (ratificar) tudo o que citas sobre este diretor.
Não o conhecia até algum tempo atrás. Porém, depois que vi o excelente Tempo de Recomeçar/01, eu percebi que estava assistido a um filme de um grande profissional.
Existe um amigo a quem sempre indico ver esta fita. Ele, no entanto, ainda não teve a oportunidade de assisti-lo. Mas sei que quando isto ocorrer ele perceberá o porque de eu tanto insistir para que o veja.
Depois então que vi este filme fiquei atento ao nome do diretor.
E tornei a ver mais uma outra bela composição sua, que foi De Lovely - Vida e Amores de Cole Porter/04, com duas magnificas interpretações de Ashley Jude (que atualmente é uma de minhas atrizes favorita) e do ótimo Kevin Klane, que nunca nos decepcionou, desde que fez Um Peixe Chamado Wanda, passando por Silverado e etc.
No entanto, caro e bom amigo, eu não conheço o filme em citação.
Mas, garanto que, por além de ser um filme do Winkler, como também esta sua composição sobre o mesmo, que estarei atento o máximo possivel para ve-lo tão logo me surja a chance.
Enorme abraço do bahiano
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir,
ExcluirEspero que consiga ver o filme em pauta o mais rápido possível. Não tanto pelo seu valor cinematográfico, mas, principalmente, como registro de uma época marcada por muita paranoia. Você deverá encontrá-lo nos sites de download e compartilhamento.
Abraços.
Eugenio,
ResponderExcluirEsqueci de aderir ao comentário anterior o seguinte tópico, citado por ti, de que no Brasil o filme do Winkler teve uma apreciação morna, ou seja, o filme aqui não teve e decolagem que precisava ou deveria ter.
E vos digo: não é porque foi no Brasil que isto aconteceu. Tal recepção da fita deve ter ocorrido em diversos lugares, em muitos outros países e por muitas e muitas pessoas.
Esta situação é natural, a partir do momento em que poucos conhecem o episódio ocorrido nos EUA na década de 1950. Como não conhecem o que ocorreu em 1929 ou o que ocorreu em 1861.
É a mesma coisa de falar com muitos sobre a Guerra do Paraguai, este desastre brasileiro, suas origens e o seu trágico e vergonhoso fim.
Quase ninguém sabe o que é ou o que a originou. Muito menos sabem o que isto significou, apesar de verem muitos e muitos filmes que tocam no tema que abordam o assunto.
Ora, bom amigo: se não conhecem nossa historia, como podem conhecer mais a de outros países?
Não desejo ser impiedoso ou, muito menos, grosseiro. Mas o fato real é que muitos ignoram tais fatos, não sabem nada sobre eles, e vêm filmes sobre tais temas apenas por verem. A verdade é esta, digo isso com muita lamentação. Mas o fato é que não temos condições de negar isto.
Bem: não vou mais adiante porque foi somente um adendo que desejei por no meu comentário original.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir;
ExcluirAté que não, meu caro. Registros há, muitos e de sobra sobre o macarthismo. Quando era garoto, nos jornais e revistas comprados por meu pai ao longo dos anos 60, sempre lia alguma coisa a respeito. As consequência desse período vergonhoso da historia recente dos EUA foram bem documentadas. Volta e meia, até meados nos anos 80, lembro que esse assunto sempre merecia matérias nos jornais. As razões do esquecimento, ao menos para o caso específico, podem ser outras, quem sabe?
Abraços.
Eugenio,
ResponderExcluirAqui, rapidamente;
Não conheço a fonte em que se assegura para informar que Gary Cooper foi um delator no Episódio de Caça às Bruxas.
Sempre li que ele se mostrou neutro e que não acusou quem quer que seja quando de sua interrogação. Desta forma, muito ao contrário de ser um delator como citas.
E, vendo um filme sobre os Oscars, eu mesmo vi Gary Cooper falando e, ao menos na entrevista e captando suas falas no tradução, JAMAIS o vi entregando quem quer que seja.
Como então o Gary Cooper ser um delator???
Preciso de resposta a este comentário, mesmo com o amigo atarefado e sem tempo para responder aos comentários normais que fazemos neste Blog.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, não é invenção minha. Mas a fonte é o livro de Argemiro Ferreira, "Caça Às Bruxas Macartismo: uma Tragédia Americana", referenciado numa nota de rodapé da matéria. Outra fonte é o livro de Lillian Helman, "A caça às bruxas", publicado pela Francisco Alves em 1981. Também há um punhado de matérias publicadas pelo Jornal do Brasil, no Caderno B do periódico, quando o Macarthismo comemorou 30 anos, em 1982.
ExcluirAbraços.
Na verdade, Jurandir, independente das leituras desses livros, eu praticamente cresci sabendo disso. Meu pai tinha uma coleção de jornais e revistas com notícias dos tribunais do Joseph McCarthy. Eu não me espanto com nada que sei acerca do período. Foi uma época braba, dura. Resistir não era fácil.
ExcluirEugenio,
ResponderExcluirNão nego que fiquei um tanto embaraçado com esta colocação sobre o depoimento do Gary Cooper, e recorri a um amigo com quem troco muitas falas sobre cinema.
E ele ratificou tudo o que disseste, fato que me deixou surpreso, pois jamais havia lido nada sobre este assunto com Cooper sendo um delator.
De qualquer forma o melhor de tudo é ficar conhecendo o que não era conhecido. Corro agora menos risco de chegar em meio a amigos e falar erroneamente do Cooper, quando na verdade as ocorrencias foram as que ora sou conhecedor.
Valeu bom amigo, ao tempo em que me desculpo por por duvidas, embora mínimas, nas falas de sua postagem.
O que muito me alegra é conhecer de vez as verdades verdadeiras, que somente me foi possivel enxergar através de seu trabalho.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir,
ExcluirNão nego que também eu tenha ficado chocado, como ainda assim me sinto. Afinal, temos a tendência de confundir, muitas vezes, as posturas impolutas e corretas dos personagens interpretados por nossos atores do coração com as suas próprias atitudes. Esquecemos que os atores são homens reais - dos quais pouco conhecemos - vivendo sob o efeito de circunstâncias que os afetam diretamente, inclusive em suas crenças mais arraigadas. Tudo o disse no texto está apoiado no testemunho de autores como Argemiro Ferreira e Lillian Hellman. Ambos publicaram livros a respeito, cujos temas foram motivo de matérias jornalísticas, algumas citadas nas notas de pé de página da postagem. Como eu havia firmado em outra ocasião, também neste espaço dos comentários, aqueles tempos da "caça às bruxas" foram duros e violentamente paranoicos. Resistir a eles exigia, no limite, muita coragem, quase sobre-humana. Hoje, passados mais de 60 anos, ainda não há como olhar desapaixonadamente para o que se fez e se deixou de fazer.
Abraços.
Thanks for Posting This Imp Rich Content
ResponderExcluirYou are welcome, my dear Sumit Jaitely. Thank you by the visit, by the comment and by the assessment. An embrace of Niterói/Rio de Janeiro/Brazil. Until the next time.
Excluir