Jamais esquecerei o impacto que experimentei ao ver A
Rainha Diaba (1973), de Antônio Carlos Fontoura. É um filme visceral, único!
O roteiro, do próprio diretor, valoriza o original de Plínio Marcos ao conduzir
o espectador por uma viagem alucinada, sem comiseração, ao submundo carioca
povoado por pivetes, traficantes, assassinos, prostitutas e bonecas dos mais
variados matizes. Poucas vezes o improviso e as carências materiais de uma realização
somaram tantos pontos a favor do fator originalidade. Os atores brilham em
desempenhos inspirados e envolventes. Milton Gonçalves, na pele do personagem
título, nunca esteve tão bom. Há 38 anos, ao sair da sala de exibição, pensei: "Roger
Corman precisa ver este filme". Hoje, acredito que recicladores como
Quentin Tarantino e o transgressor Pedro Almodóvar em início de carreira
também deveriam. Não é filme para quem acredita — equivocadamente — que o cinema, não
importando temas, tratamentos e situações, deve ser exercício de "bom
gosto". O diretor atualmente assina como Antônio Carlos Da Fontoura. A apreciação é de 1977.
A Rainha Diaba
Direção:
Antônio Carlos Fontoura
Produção:
Roberto Farias, Antônio Carlos
Fontoura (não creditado), Paulo Porto (não creditado)
Cinematográfica R. F. Farias,
Canto Claro Produções Artísticas, Filmes De Lírio, Lanterna Mágica, Ventania
Filmes
Brasil — 1973
Elenco:
Milton Gonçalves, Nélson Xavier,
Odete Lara, Iara Cortes, Wilson Grey, Stepan Nercessian, Lutero Luiz, Edgar
Gurgel Aranha, Geraldo Sobreira, Quim Negro, Sidney Becker, Nilson, Fábio Camargo,
Selma Caronezzi, Isolda Cresta, Haroldo de Oliveira, Letícia de Souza, Perfeito
Fortuna, Arnaldo Moniz Freire, Arthur Maia, Sônia Maracajá, Procópio Mariano,
Luiz Mendonça, Júlia Moreno, Zezé Motta, Banzo Negro, Paulo Neves, Paulo
Roberto, André Paúra, Pedro Pecado, Nilson Pena, Hilton Prado, Carlinhos Prieto,
Marquinhos Rebu, Zé Roberto, Samuca.
Antônio Carlos Fontoura, atual Da Fontoura, em 1976, quando da realização de Cordão de ouro. |
Uau! Disse-me
isso ao término da projeção de A Rainha Diaba. No imenso Cine
Brasil de Viçosa/MG eu resistia, atentamente, como se estivesse em transe, entre
os poucos espectadores que acompanharam a exibição até o fim. Estava lívido.
Até então, a nada parecido fora submetido numa tela de cinema. O segundo longa
metragem de Antônio Carlos Fontoura[1]
é uma joia e, ao mesmo tempo, um petardo de alto potencial explosivo e
revelador. A realização, roteirizada pelo diretor a partir de argumento encomendado
a Plínio Marcos — ambos são responsáveis pelos diálogos —, assemelha-se a uma
farsa folhetinesca encenada no violento submundo carioca povoado de marginais
de baixa extração e alimentada por uma mistura de sangue quente e vísceras à
mostra. Tudo muito ao gosto das reportagens típicas de veículos sensacionalistas
como O
Dia e Luta Democrática, sempre ditosos na descrição exacerbada de
cotidianos largados à penumbra, sujeira e falta de qualquer resquício de
comiseração. Mas o que sobressai é, principalmente, a vontade sem medo de fazer
cinema, mesmo que isso obrigue a recorrência aos imprevistos da improvisação em
virtude da falta de recursos. Ao sair da sala de exibição, pensei: "Roger
Corman precisa ver esse filme!".
Uma criatividade sui generis irriga os planos e
sequências de A Rainha Diaba, tão ousado na exposição dos sombrios desvãos
povoados por traficantes, pivetes, assassinos, assaltantes, cafetinas, prostitutas
e bonecas. Não é filme a ser apreciado por qualquer um, principalmente pelo espectador
equivocado, iludido na crença de que o cinema — e outras artes — deve ser,
sempre, não importando temas e tratamentos, um exercício de bom gosto segundo a
cartilha de normas e etiquetas da puerilidade pequeno burguesa. Pois o mau
gosto impera em A Rainha
Diaba. É um dos elementos que atribui ao exercício
fílmico de Antonio Carlos Fontoura aquele algo mais em termos de originalidade,
tornando-o tão surpreendentemente único. O brega predomina na cenografia farta
na utilização de materiais baratos de papelaria como crepom e cartolina,
ilustrados por motivos tingidos de cores fortes e quentes. A visceralidade mais
intestina aflora dos golpes de navalha e tiroteios, mas também marca presença
nos diálogos tensos e em expressões que prenunciam tratamentos personalizados, sempre
à flor da pele. Os personagens homossexuais são retratados além do limite da
afetação e beiram o caricato mais grotesco, a ponto de incomodar o espectador.
As canções, em ritmos de boleros, guarânias e tangos, não economizam na
distribuição de lágrimas e penares.
Milton Gonçalves, na melhor interpretação de sua carreira, é a Rainha Diaba |
Para surpresa de
muitos, A Rainha Diaba recebeu do Instituto Nacional de Cinema (INC) o
Prêmio Adicional de Qualidade de 1974. Do mesmo organismo, o endiabrado Milton
Gonçalves, pelo papel-título, foi agraciado como Melhor Ator ao passo que Odete
Lara e José Medeiros receberam as láureas, respectivamente, de Melhor Atriz e
Melhor Fotografia. Em 1975, no Festival do Cinema Brasileiro de Brasília, o
filme levantou os prêmios Candango de Melhor Roteiro (Antônio Carlos Fontoura),
Melhor Ator (Milton Gonçalves), Melhor Atriz (Odete Lara), Melhor Fotografia,
Melhor Cenografia (Ângelo de Aquino) e Melhor Trilha Musical (Guilherme
Magalhães Vaz). Em 1974 Milton Gonçalves conquistou o VIII Prêmio Air France de
Cinema como Melhor Ator e Odete Lara o Prêmio de Melhor Atriz da Associação
Paulista de Críticos de Arte (APCA). No plano internacional, A
Rainha Diaba marcou presença na Quinzena dos Realizadores do Festival
de Cannes de 1974 e, em 1975, no Festival de Cinema de San Sebastian[2].
Antônio Carlos
Fontoura, até o momento, realizou poucos filmes. Estreou no longa metragem seis
anos antes de A Rainha Diaba, em 1967, com um drama existencial que marcou época,
situado na Zona Sul carioca: Copacabana me engana — retrato
desencantado sobre a falta de rumo e ideais da juventude de classe média. Seu
terceiro longa, Cordão de ouro (1976), dialoga com o rico universo da cultura
popular e aguarda espaço para estrear no circuito comercial[3].
Fontoura militou no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes
(CPC-UNE) como ator e autor teatral. Escreveu críticas de cinema para jornais
cariocas e realizou os bem acabados curtas Heitor dos Prazeres (1965), Ouro
Preto e Scliar (1965), Meu nome é Gal (1970) e Chorinhos
e chorões (1974)[4].
A Rainha Diaba apresenta a persona do título levemente inspirada na
trajetória e caráter do lendário, caprichoso e violento Madame Satã, marginal carioca
expert da navalha e de gingas de
capoeira, responsabilizado, entre outros crimes, pela morte do compositor
Geraldo Pereira. Enquadrado como "perigoso pederasta" pela polícia do
Rio de Janeiro, então Capital Federal, Satã era cercado por um séquito de
mulheres da vida e marginais diversos que lhe garantiam o sustento e aos quais,
em contrapartida, fornecia proteção. Do mundo real do personagem, Plínio Marcos
e Antônio Carlos Fontoura aproveitam a ambientação dos inferninhos e sobrados
decadentes, além da caprichosa malemolência que enforma a caracterização do
vingativo, cruel e individualista agenciador de prostitutas, protetor de
bonecas e travestis, traficante e explorador de muitas bocas de fumo vivido com
arrojada desenvoltura por Milton Gonçalves. A abordagem recusa inteligentemente
o tom realista para optar pela exagerada e estilizada alegoria de visual cafona.
Mesmo assim, a história dialoga com a atualidade carioca estampada
cotidianamente nas páginas policiais dos jornais: a escalada da violência em
sua relação com o tráfico de drogas, principalmente as lutas fratricidas pelo
controle de pontos de distribuição que acontecem nesse meio.
Milton Gonçalves - excelente! - é o personagem título |
As primeiras
imagens, desde os títulos de abertura, antecipam o que será visto. Os créditos
são exibidos sobre cartolinas de coloridos diversos, ilustradas por motivos
típicos dos panos de mesa e cozinha tão ao gosto dos setores populares.
Enquanto isso, Paulo Sérgio canta o sucesso Índia. A interpretação ultrapassa
a apresentação dos letreiros. Vê-se que decorre de disco executado em barata eletrola
portátil. A câmera mostra um bordel. Garotas bem comportadas distraem a
clientela. Mas logo o som é interrompido por Violeta (Cortes), que pede a todos
a desocupação do recinto, pois "As visitas da Rainha estão chegando".
O que se vê daí é a antológica entrada em cena de muita gente feia e mal
encarada: Manco (Grey) e Anão (Luiz) à frente, seguidos por outros marginais,
todos exibindo armas e se mirando calados e taciturnos. São gerentes do tráfico
comandado pela Rainha Diaba. Vieram prestar contas das atividades. O chefe os
aguarda num quarto nos fundos do bordel, no qual, vaidoso, afetado e manhoso, recebe
tratamento de beleza de Lilico (Prieto).
Diaba (Milton Gonçalves) e Manco (Wilson Grey) |
Diaba é,
guardadas as devidas proporções, uma espécie de Don Corleone[5]
desprovido de traquejo e racionalidade. Mas tem muito poder de decisão e
convencimento. Reage emocionalmente, quase sempre apelando para golpes de
navalha em rompantes desmedidos de violência. É extremadamente despótico e
cioso no controle de seus negócios. Ao receber os informes de seus imediatos, demonstra
preocupação com o futuro do preferido Robertinho (Moniz Freire), prestes a cair
nas mãos da polícia pelo descuido de traficar em escolas. A prisão deve
ser evitada. Todos devem protegê-lo. Com a ajuda do lugar-tenente Zeca Catitu
(Xavier, estupendo!), Diaba concebe a fabricação de um bandido para lançar à
polícia e, assim, desviar as atenções sobre o comparsa. Começa aí um jogo de
gato e rato nos quais os papéis do roedor e felino continuamente se alternam.
Esbanjando talento: Nélson Xavier é Catitu; Stepan Nercessian é Bereco |
Bereco (Nercessian),
cafetão sustentado pela prostituta e cantora de inferninhos Iza Gonzales
(Lara), é o otário com pinta de garotão guindado ao posto de boi de piranha. Atraído
a se integrar à quadrilha liderada por Catitu, é testado numa sucessão de
assaltos a postos de gasolina, farmácias, padarias e caminhões de transporte.
Não demora a se ajustar ao metieur.
Picado pela mosca da ambição, logo revela disposição para trilhar a rota da
autonomia. Assalta as bocas de fumo de Diaba. Ganha notoriedade. É perseguido
pela polícia. Enquanto isso, o também ambicioso Catitu atrai para si os
insatisfeitos homens do chefe. Pretende destroná-lo fazendo uso de Bereco, ainda
desconhecido ao personagem de Milton Gonçalves.
Entretanto, cada
vez mais preocupado com o esvaziamento das suas bocas, Diaba lança em campo, à
cata de informações, um fiel séquito de dondocas e bonecas dispostas a tudo.
Capturam Iza, promovida por Bereco à distribuidora das drogas roubadas. Segue-se
uma sequência pelo visto até então inédita nos cinemas brasileiros, ainda mais
em plena vigência da truculenta arbitrariedade do regime militar: a tortura da
cantora, em cenas exageradamente estilizadas. Num salão de beleza, é queimada
com pontas de cigarro e alisadores de cabelo. Entrega Bereco, antes de ter o
rosto desfigurado à navalha.
Diaba (Milton Gonçalves) e Iza (Odete Lara) |
O filme se
encaminha a um final apoteótico e operístico, banhado em muito sangue, com o
cruzamento de seus eixos narrativos. Apanhado por Catitu e seus cúmplices,
Bereco é convencido a se introduzir no esconderijo de Diaba e eliminá-lo. Acreditando
que deu conta do recado, termina assassinado por Catitu. Este comemora a inútil
vitória, pois é mortalmente envenenado, com todos os seus homens, por Violeta. Mas
eis que surge Diaba, banhado no sangue das navalhadas recebidas de Bereco. Ainda
tem forças para matar a infiel. A seguir, num trágico último ato, cai morto
sobre a pilha de cadáveres. Ninguém sobrevive para contar a história.
Diaba (Milton Gonçalves) conhece Bereco (Stepan Nercessian) |
O argumento de
Plínio Marcos é primoroso e magistralmente encenado por Antônio Carlos Fontoura.
A multiplicação da narrativa em muitos focos, sem que um se sobressaia sobre os demais,
permite aos atores um grau de liberdade como poucas vezes se viu para a criação
de seus personagens. Se Milton Gonçalves e Nélson Xavier brilham, o mesmo
acontece com Stepan Nercessian e Odete Lara, responsáveis pelos papéis-líderes
em seus segmentos. Todos, por sua vez, oferecem a deixa a um talentoso naipe de
coadjuvantes, também estimulados a revelar o potencial interpretativo. Milton
Gonçalves é digno de louvor pela coragem de representar um tipo que poderia
estigmatizá-lo. Quantos outros teriam tal destemor? Nelson Xavier nunca
decepcionou. Mas, aqui, está maravilhosamente bem na interpretação de um
marginal sagaz e envolvente. Odete Lara, em atuação intensa, não depende somente
da expressão, mas da capacidade de evoluir em cena com o corpo inteiro, seja
nas lutas encenadas com Bereco ou nos momentos de cantoria no cabaret gostosamente
intitulado Leite da Mulher Amada.
Stepan Nercessian pulsa, emprestando confiabilidade ao garoto elevado da
simples condição de parasita de mulheres ao posto de perigoso e ativo marginal.
E Wilson Grey? O que dizer de seu Manco ou de sua capacidade de ator
camaleônico, apesar de sempre relegado aos pequenos mas grandes momentos, aqueles
que podem, com uma simples presença, redimir uma produção inteira? Vê-lo em
cena, por menor que seja a atuação, será sempre experiência ímpar.
Iza (Odete Lara) come o pão amassado pela Rainha Diaba |
A produção, como
de praxe, lembra que os personagens são fictícios. Até certo ponto, talvez! Os
jornais seriam os primeiros a desmentir a advertência. Os tipos em cena são
profundamente brasileiros no que tange ao caráter apresentado. Tanto Diaba como
Catitu revelam os traços do "homem cordial" exposto por Sérgio
Buarque de Holanda em seu seminal Raízes do Brasil. São cordiais não
no sentido de serem cordatos e gentis — qualidades que enfaticamente não
possuem — e, sim, por negarem a racionalidade impessoal e objetiva no
direcionamento de suas ações, segundo o entendimento do autor. Deixam-se guiar
por pulsações sanguíneas. São extremamente apaixonados e emotivos, despóticos e
caprichosos. Estão presos às determinações do coração. Diaba é perfeito exemplo
disso em sua volubilidade. Protege Robertinho, por quem sente afeição. Porém, não
titubeia em cortá-lo à navalha quando é decepcionado. Catitu age no mesmo
diapasão com sua envolvente malemolência, principalmente quando lança a mosca
azul sobre Bereco.
Milton Gonçalves é a Rainha Diaba |
Roteiro: Antonio Carlos Fontoura, com base em argumento de Plínio
Marcos. Diálogos: Plínio Marcos,
Antônio Carlos Fontoura (diálogos adicionais). Produção executiva: Maurício Nabuco. Música: Guilherme Magalhães Vaz. Direção de fotografia (Eastmancolor): José Medeiros. Montagem: Rafael Justo Valverde. Cenografia e figurinos: Ângelo de
Aquino. Maquiagem: Carlos Prieto. Gerente de produção: Antônio Calmon. Assistente de direção: Emiliano Ribeiro.
Operador de câmera: Ronaldo Nunes. Coordenação de produção: Orlando
Bonfim. Planejamento de créditos: Ângelo
de Aquino, Renato Landim. Continuidade:
Plínio Marcos. Fotografia de cena: Edson
Santos. Direção de som: Alberto
Vianna. Créditos: Renato Landim. Tempo de exibição: 106 minutos.
(José
Eugenio Guimarães, 1976; atualização por notas de pé de página em 2014)
[1]
Atualmente, o diretor se apresenta como Antônio Carlos Da Fontoura.
[2] Passados alguns anos da elaboração deste
comentário, A Rainha Diaba integrou a mostra 80 Ans de Cinéma Brésilien
promovido em Paris pelo Centro Georges Pompidou, em 1978. Em 1999, marcou
presença na mostra binacional Black Roots/Racines Noires exibida em
Milão e Paris.
[3] Visto em 1977, Cordão de ouro se revelou
decepcionante em suas interpretações canhestras, falta de dinamismo e fluência
narrativa.
[4] A partir de 1977, Antônio Carlos Fontoura,
contratado pela TV Globo, escreveu episódios das séries Ciranda, cirandinha e Plantão
de polícia. Na década de 90, para a mesma emissora, elaborou roteiros
para o interativo Você decide, cujo final dependia da escolha dos
telespectadores. Para o cinema realizou, em 1982, o pouco visto média metragem Brasília
segundo Alberto Cavalcanti. A seguir vieram os longas Espelho
de carne (1984), curioso misto de terror e drama erótico, e o
frustrante Uma aventura de Zico (1988). Ainda desconheço suas últimas
atividades cinematográficas: Gatão de meia idade e No
meio da rua, ambas de 2006, e Somos tão jovens (2013).
[5] Capo de
uma família mafiosa vivido por Marlon Brando em O poderoso chefão (The
godfather, 1972), de Francis Ford Coppola.
Caramba! Quanto submundo! Acho que a associação que você fez foi bem propícia! O Plínio parece ser um sujeito que não faz concessões. Se o exportassem, certamente iam colocar o Lou Reed pra integrar ao menos uma ♫ da trilha. Impressionantes os truques armados e a passionalidade de algumas personagens no enredo.
ResponderExcluirTava vendo-o em 91, quando a Manchete passava todo sábado o cinema nacional. Boa a estética setentista.
Soam como três diretores que devem gostar. O Corman acompanhei mais de perto, claro, em sua célebre dupla com o Phibes.
Olá, Hilton Neves;
ExcluirTive o choque e o prazer de conhecer pessoalmente o Plínio Marcos quando ele esteve em Viçosa/MG, na universidade Federal de lá, em 1977, durante uma QUINZENA CULTURAL patrocinada pelo DCE. De fato, é um cara que não fazia concessões a nada. Sem papas na língua também. Não podia ser enquadrado em nenhum escaninho, pensando evidentemente em direita e esquerda. Os dois lados ele os reduzia literalmente a pó, sem deixar que sobrasse coisa alguma no meio. Foi chocante a maneira como demoliu as idéias prontas, de cartilha, trazidas ao debate por moralistas da esquerda que, empiricamente, pouco sabiam do "povo" e de suas reais condições de vida. A RAINHA DIABA ainda é um filme poderoso para mostrar o quão distante os letrados como nós estão do submundo. Esta realidade, dado o avanço do tempo - o filme é de 1973 - está cada vez mais longe da gente. Hoje, certamente, o dado chocante de Plínio, na visão de Antônio Carlos da Fontoura, pode até ser creditado na conta de um passado romântico.
Quanto ao Roger Corman, tente ver as adaptações de obras de Edgar Allan Poe que ele pessoalmente levou às telas na primeira metade dos anos 60. Formam um conjunto de aproximadamente 8 filmes, por aí, creio.Todos são interpretados pelo Vincent Price, como também creio. As lembranças estão esmaecidas.
Abraços.