Anastácia, a princesa esquecida (Anastasia, 1956), de
Anatole Litvak, recompõe as boas relações entre Ingrid Bergman e as moralistas
e puritanas plateias estadunidenses. Estas não perdoaram o envolvimento amoroso
da atriz — casada e mãe de uma filha — com o cineasta italiano Roberto
Rossellini. Enxovalhada na imprensa e acusada de ser mau exemplo para as
mulheres dos Estados Unidos, foi considerada persona non gratta e banida do país. Ela interpreta a amnésica Anna
Koreff, treinada pelo General Sergei Pavlovich Bounine (Yul Brynner) para se
passar pela princesa Anastasia Nikolaevna, filha do último czar, Nicolau II.
A realização, apesar de bem cuidada, repleta de elegância, requinte e bom gosto,
é excessivamente convencional e prolixa. Os figurinos, a direção de fotografia
e a trilha musical resistem como valores à parte, juntamente com as
interpretações, principalmente a de Helen Hayes no papel da imperatriz Maria
Feodorovna. O Oscar de Melhor Atriz para Ingrid Bergman — o segundo de sua
carreira — serviu mais como salvo-conduto ou certificado de anistia. Não que a
atriz decepcione. Mas em 1956 a premiada deveria ser Carroll Baker por Boneca
de carne (Baby Doll), de Elia Kazan.
Anastácia, a
princesa esquecida
Anastasia
Direção:
Anatole Litvak
Produção:
Buddy Adler
20th
Century-Fox
EUA — 1956
Elenco:
Ingrid
Bergman, Yul Brynner, Helen Hayes, Akim Tamiroff, Martita Hunt, Felix Aylmer,
Sascha Pitoëff, Ivan Desny, Natalie Schafer, Grégoire Gromoff, Karel Stepanek, Ina
De La Haye ,
Katherine Kath e os não creditados Paul Bildt, Alexis
Bobrinskoy, Marguerite Brennan, Paula Catton, Allan Cuthbertson, Maroussia
Dimitrevitch, Edward Forsyth, Melvyn Hayes, Hy Hazell, Tutte Lemkow, André
Mikhelson, Polycarpe Pavloff, Eric Pohlmann, Olaf Pooley, Peter Sallis, Tamara
Shayne, Anatole Smirnoff, Olga Valéry, Henri Vidon, Stanley Zevic.
O diretor Anatole Litvak |
Com Anastácia,
a princesa esquecida, Ingrid Bergman conquistou o seu segundo Oscar de
Melhor Atriz. O primeiro, em 1944, deveu-se ao papel da sofrida Paula Alquist em
À
meia luz (Gaslight, 1944), de George Cukor. O filme de Anatole Litvak
também lhe garantiu o Globo de Ouro de Melhor Atriz Dramática, o prêmio do
Círculo de Críticos de Cinema de Nova York para Melhor Atriz e o italiano David
di Donatello de Melhor Atriz Estrangeira.
As premiações
recebidas nos EUA, particularmente o Oscar, possuem significados especiais para
Ingrid Bergman e as puritanas plateias do país. Estas praticamente a baniram por
abandonar o marido Petter Lindstrom e a filha Pia em decorrência de seu
envolvimento amoroso com o italiano Roberto Rossellini, então casado com Anna
Magnani. Em 1945, com Roma, cidade aberta (Roma, città aperta), Rossellini inaugurou oficialmente o cinema neorrealista.
O filme conseguiu imediata e estrondosa repercussão internacional. Emocionada,
Ingrid Bergman escreveu ao diretor, oferecendo-se para trabalhar com ele. Após
lamentar sua precariedade na língua italiana, terminou a missiva — segundo a
lenda — com "Ti amo". De concreto, sabe-se que deixou a família e rumou
para a Itália, com a cara e a coragem, em 1949, ao concluir Sob o signo de Capricórnio (Under Capricorn, 1949), de Alfred Hitchcock.
O ato
escandalizou os Estados Unidos. Bergman ganhou fama de adúltera. Foi
enxovalhada na imprensa e acusada de dar mau exemplo às mulheres do país. O caso,
de tão rumoroso, provocou a intervenção
do Governo Federal. Considerada persona
non gratta, terminou banida. Como Charles Chaplin, entrou no mesmo caudal
de moralismo e paranoia anticomunista que culminou com a triste e notória
"caça às bruxas".
Ingrid Bergman
passou 8 anos com Rossellini. Da união nasceram Roberto e as gêmeas Isotta e
Isabella Rossellini. Sob direção do marido atuou em Stromboli (Stromboli,
terra de Dio, 1950), Europa' 51 (Europa' 51, 1951), no
segmento Ingrid Bergman de Nós,
as mulheres (Siamo donne, 1953) — realização
coletiva da qual também participaram Gianni Franciolini, Alfredo Guarini, Luchino Visconti e Luigi Zampa —; Viagem
pela Itália (Viaggio in Italia, 1954), O
medo (Non credo più all'amore/La paura,
1954) e Joana d'Arc de Rossellini (Giovanna d'arco al rogo, 1954). Em
1956 a relação chegou ao esgotamento. A atriz começou a ensaiar o retorno aos
Estados Unidos. Nesse ano, na França, atuou em As estranhas coisas de Paris
(Elena
et les hommes), de Jean Renoir, e contatou produtores estadunidenses.
Deram-lhe sinal verde para a volta, com o indispensável aval do público. A
oportunidade surgiu com Anastácia, a princesa esquecida. Apesar
de produzido pela estadunidense 20th Century-Fox, foi integralmente filmado em
locações europeias[1].
Ingrid Bergman como Anna Koreff ou, supostamente, Anastasia, herdeira do último czar |
A realização de
Anatole Litvak contém os ingredientes básicos para a franca e ampla aceitação das
plateias. A história gira em torno de um mistério que galvanizou, por anos, o
imaginário ocidental, principalmente da oposição antissoviética: nem toda a
família do Czar Nicolau II — Nikolái Alieksándrovich Románov — pereceu pelos revolucionários de Lênin em 17
de julho de 1918 na localidade de Ecaterimburgo. A princesa e Gran Duquesa Anastasia Nikolaevna
teria escapado e se encontrava em algum lugar da Europa. O enigma ganhou força ao
final dos anos 20, graças ao surgimento de Anna Anderson, apontada — inclusive
pela própria —, como herdeira legítima dos Romanov. Diante disso, a produção de
Anastácia,
a princesa esquecida, cercou-se de cuidados. Contatou a pretendente — à
época vivendo na Alemanha —, em busca de autorização para utilização do seu nome
— o que acontece quando a ação se desloca para Copenhague.
O enigma só foi
definitivamente esclarecido em 2007. Anna Anderson faleceu em 12 de fevereiro
de 1984, aos 88 anos, nos Estados Unidos. Testes de DNA a partir da comparação
do seu material genético com o do príncipe inglês Phillip, pertencente à
linhagem dos Romanov, confirmaram a falsidade da pretendente[2].
Bounine (Yul Brynner) transforma a desmemoriada Anna Koreff (Ingrid Bergman) na herdeira do czar |
Anastácia, a
princesa esquecida funciona bem, apesar de burocraticamente conduzido.
A direção não soube ocultar as origens teatrais do argumento — a peça de Marcelle
Maurette adaptada por Guy Bolton e roteirizada por Arthur Laurents. A narrativa
é estruturada como um conto de fadas. Não faltam pitadas de romance e mistério,
suportadas por muita licenciosidade histórica. Quase toda a ação, captada por
um impessoal mas competente trabalho de câmera, transcorre em ambiente fechado.
O poder de atração do filme depende integralmente dos atores. Estes não
decepcionam, mas entregam somente o trivial.
Anatole Litvak é
diretor pouco criativo, mas de comprovada eficácia e competência. Russo de
origem, afrancesou o nome verdadeiro, Mikhail Anatol Litwak. Iniciou-se na
direção em São
Petersburgo , em 1925, com o obscuro Tatiana. Na Alemanha, fez
assistência de direção para George Wilhelm Pabst, o que lhe permitiu ascender
ao quadro de realizadores da UFA (Universum Film Aktien), posição na qual
permaneceu de 1930 a 1932. Deixou o país com a ascensão do nazismo. Prosseguiu
carreira na França e Inglaterra. O sucesso internacional de Mayerling
(Mayerling,
1936) lhe abriu as portas dos Estados Unidos, onde estreou em 1937 com Inferno
entre nuvens (The woman I love). Integrado à linha
de montagem da produção hollywoodiana, tornou-se pau para toda obra em termos
de modas e gêneros. Conduziu a carreira até 1969, com A moça no carro com óculos e o fuzil
(The
lady in the car with glasses and a gun)[3].
Segundo meus
critérios, os filmes mais relevantes de Anatole Litvak — se bem que nenhum
chega a ser particularmente emocionante[4]
— são Confissões de um espião nazista (Confessions of a Nazy spy,
1939), Dois contra uma cidade inteira (City of conquest, 1940), Tudo
isto e o céu também (All this and a heaven too, 1940), Quando
a noite cai (Out of the fog, 1941), Uma
vida por um fio (Sorry wrong number, 1948), Na
cova das serpentes (The snake pit, 1948), Decisão
antes do amanhecer (Decision before dawn, 1951), Mais
forte que a morte (Act of Love, 1953), Crepúsculo
vermelho (The journey, 1959), Mais uma vez adeus (Goodbye
again, 1961) e A noite dos generais (The
night of the generals, 1967).
A história de Anastácia,
a princesa esquecida começa em 1928, na capital francesa. Paris é
abrigo preferencial da nobreza czarista evadida por força da Revolução de
Outubro. Chega a ser engraçado ver condes, generais e ministros sobrevivendo por
esforço próprio, como taxistas, comerciantes e proprietários de casas noturnas.
Celebra-se a Páscoa Russa. Uma mulher de aproximadamente 30 anos, aparentando desorientação,
aproxima-se da Catedral Ortodoxa de Santo Alexandre Nevsky de Paris. Desperta a
atenção de alguns homens. Logo se afasta, assustada. A câmera a acompanha até
Ponte Alexandre III, sobre o Sena. Tem a intenção de se lançar às águas do rio.
É contida por Sergei Pavlovich Bounine (Brynner), outrora general do czar. A mulher
que salvou é Anna Koreff (Bergman). Recebeu alta de um sanatório. Solitária, vaga
sem rumo, não tendo a quem apelar. Ela pode ser, de fato, Anastácia. Se não
for, será útil da mesma forma aos planos de Bounine. Ele, Boris Adreivich
Chernov (Tamiroff) e Piotr Ivanovich Petrovin (Pitoeff) almejam a posse de dez
milhões de libras esterlinas depositadas no Banco da Inglaterra por Nicolau II,
em benefício de seus herdeiros. Desconfiando do golpe, a instituição ameaçou o
trio com prisão se não apresentar, em oito dias, provas da lisura de sua
intenção.
O general Bounine (Yul Brynner) impede o suicídio de Anna Koreff (Ingrid Bergman) |
Bounine, baseado
nos profundos conhecimentos que tem da corte e da família do Nicolau II,
pretende instruir Anna Koreff a se passar por Anastácia. Seus companheiros
estão céticos com o sucesso da empreitada. Mas o confiante general vai em frente. Diante de
um futuro de poucas esperanças, ela consente em participar do plano. Recebe, em
regime intensivo, aulas acerca de tudo o que Anastácia deveria saber,
ministradas pelo próprio Bounine, incansável como se fosse o professor Higgins,
de Pigmalião[5],
na educação de Eliza Doolittle.
A transformação
de Anna Koreff em Anastácia necessita da mais absoluta perfeição. Afinal, ela deve
se fazer crível não só ao Banco da Inglaterra, mas também à desconfiada nobreza
russa no exílio, há muito tarimbada pelas inúmeras golpistas que se passaram
pela princesa.
Bounine (Yul Brynner) e Anna Koreff (Ingrid Bergman) |
Cansada do
treinamento intensivo, demonstrando falta de confiança com o plano e sem nunca
ter a verdadeira noção de quem realmente é, a personagem de Bergman reluta
diversas vezes em
continuar. Mas Bounine , sempre enérgico e autoritário, tem
controle absoluto sobre ela. As lições rendem resultados além do esperado. A
Anastácia de Koreff se mostra convincente para muitos nobres, que fornecem
testemunhos abalizados de sua autenticidade. O próprio Bounine começa a duvidar
da real identidade de Anna. Será de fato Anastácia? Evidentemente, acontece o
óbvio: ambos se apaixonam mesmo jamais se declarando um ao outro. Bounine
continua como o inflexível professor ao passo que Anna permanece em suas
dúvidas. Forma-se uma situação ambígua, que não avança adequadamente devido à
ausência de empatia entre Yul Brynner e Ingrid Bergman.
Chega o momento
mais complicado do plano. A Anastácia de Koreff tem que conseguir o aval da mãe
de Nicolau II, a amarga e praticamente reclusa imperatriz Maria Feodorovna
(Hayes)[6],
em Copenhague, Dinamarca. Ela perdeu toda a família para a Revolução e não quer
passar por novas decepções. Inicialmente, reluta em receber a pretensa neta. Quando
se deixa convencer, o filme atinge o clímax dramático. O encontro das
personagens de Ingrid Bergman e Helen Hayes é marcado pela tensão, graças,
principalmente, ao esforço das atrizes. A conversa entre ambas é longa e
intensa, marcada por afirmações e negações, com exposições sobre a natureza e
identidade do czarismo. Apesar de tudo, Anna Koreff se mostra crível para a
matriarca. É reconhecida como a herdeira. Um baile é marcado, em Paris, para apresentá-la
oficialmente à sociedade e confirmar suas bodas com o príncipe Paul Von
Haraldberg (Desny), a quem estava prometida desde que eram crianças. A partir
daí entra em evidência uma espécie de cansaço de Bounine com a missão, dado
sintomático de sua paixão por Anna Koreff. Da parte dela acontece o mesmo.
A imperatriz Maria Feodorovna (Helen Hayes) diante de sua suposta neta (Ingrid Bergman) O ápice dramático da realização |
O baile começa.
Mas Bounine, após conversa com Maria Feodorovna, pede para se retirar. A
experiente imperatriz desconfia das argumentações do General. Pressente a
paixão dele por Anastácia. Deixa-o aguardando num aposento e procura a neta,
para uma conversa esclarecedora. A trama chega ao fim com os golpistas
redimidos pelo amor. Maria Feodorovna consente na partida de ambos. O fato
relevante para o espectador é que os personagens de Bergman e Brynner não são
mais vistos. Cena alguma os mostra partindo juntos, o que deixa o epílogo
aberto — algo não muito comum a uma produção hollywoodiana do período. As derradeiras
tomadas mostram Maria Feodorovna se encaminhando para o salão do baile,
acompanhada do Príncipe Paul — a esta altura devidamente ciente das novidades
—, decidida simplesmente a comunicar o fim do jogo aos convidados e exortá-los
a que voltem às suas casas.
Anna Koreff, reconhecida como Anastácia, com a rainha Maria Feodorovna (Helen Hayes) |
Não há duvidas de
que Anastácia,
a princesa esquecida é bonito e bem cuidado, repleto de elegância,
requinte e bom gosto. Mesmo assim, sua arquitetura não encanta totalmente.
Talvez por ser excessivamente quadrado; e também por prolixidade e uma câmera que mantém tudo muito respeitosamente à distância. Figurinos e
fotografia considerados isoladamente são insuficientes para tornar um filme plenamente
satisfatório. Restam como acessórios aos quais faltou o essencial. Certamente
há a inspirada trilha musical concebida por Alfred Newman que sobrevive como
atração à parte. Seus acordes convidam ao sonho. O espectador de boa vontade, se
fechar os olhos, será conduzido aos motivos russos nos quais se baseou o
compositor. Infelizmente, quando da entrega do Oscar, Alfred Newman perdeu para
o mais palatável Victor Young por A volta ao mundo em 80 dias (Around
the world in eighty days, 1956), de Michael Anderson.
Quanto aos atores
principais, Ingrid Bergman está bem, mas poderia render mais e melhor. Parece
oprimida pelo intimidador Bounine de Yul Brynner. É certo que ela ganhou o
Oscar. Mas as razões da premiação foram expostas no início do texto. Para
se fazer justiça àquele 1956, a premiada deveria ser Carroll Baker por Boneca
de carne (Baby Doll), de Elia Kazan, e, em segundo plano, Deborah Kerr
por O
rei e eu (The king and I), de Walter Lang. Desconheço Lágrimas
do céu (The rainmaker), de Joseph Anthony, e Tara maldita (The
bad seed), de Mervyn LeRoy, que indicaram, respectivamente, Katharine
Hepburn e Nancy Kelly. Yul Brynner estava no auge da carreira quando
interpretou Bounine. Em 1956 também foi Ramsés II em Os dez mandamentos (The
ten commandments), de Cecil B. DeMille, e o rei Mongkut do Sião em O rei
e eu, pelo qual ganhou o Oscar de Melhor Ator. Não sei em qual ordem
foram realizados Anastácia, a princesa esquecida, Os dez mandamentos e O rei
e eu, e mesmo que seja temerário fazer tal afirmação, tem-se a
impressão de que há excessos de Ramsés II e de Mongkut no caráter de Bounine.
Bounine (Yul Brynner) e sua criação (Ingrid Bergman) diante dos jornalistas |
Dentre os coadjuvantes
há pequenas mas memoráveis participações de Helen Hayes, Martita Hunt, Akim
Tamiroff e Sascha Pitoëff. A mais destacada, indubitavelmente, é a de Helen
Hayes, soberba como Maria Feodorovna. E pensar que foi escalada por erro de
comunicação! A atriz estava há muito afastada do cinema, em razão do
falecimento da filha e da delicada saúde do marido. Na verdade, uma colega
inglesa de nome semelhante deveria ficar com o papel: Helen Haye. Mas o
responsável pelo contato acreditou em erro de grafia e enviou o convite para
Helen Hayes. Com um semblante impassível, que parece ocultar decepções e
amarguras, contida como uma imperatriz altiva segundo as representações por nós
esculpidas à força de narrativas e do imaginário, o desempenho de Hayes confere
alma ao filme. Ela vence facilmente o embate com Ingrid Bergman na sequência
nervosa da realização. Por obra da injustiça das injustiças, sequer foi
lembrada para o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Akim Tamiroff, Sascha
Pitoëff e Martita Hunt humanizam o tom seco e grave da história com o alívio
cômico que oferecem.
Anastácia, a
princesa esquecida agradou produtores e público. Os sobreviventes da
aristocracia russa exilada chegaram a ficar confusos, até indignados, com os
excessos tomados. Mas, no geral, agradeceram à boa visibilidade conseguida.
Além do Oscar de
Melhor Atriz para Ingrid Bergman, Anastácia, a princesa esquecida
recebeu indicações da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para Alfred
Newman por Melhor Trilha Musical. Pela Associação de Jornalistas Estrangeiros
baseados nos Estados Unidos foi indicado ao Globo de Ouro para Melhor Atriz
Coadjuvante (Hayes). Em 1956, Yul Brynner fez jus aos prêmios do National Board
of Review pelo conjunto das atuações que ofereceu em Os dez mandamentos, O rei
e eu e Anastácia, a princesa esquecida. A mesma instituição incluiu a
realização de Litvak entre os Dez Melhores Filmes do Ano.
Anna Koreff (Ingrid Bergman) posa de Anastácia para a rainha Maria Feodorovna (Helen Hayes) e a baronesa Elena von Livenbaum |
Do British Academy of Film and Television Arts (BAFTA), Anastácia,
a princesa esquecida indicou Arthur Laurents ao prêmio de Melhor
Roteiro Britânico.
Ingrid Bergman,
em 1974, recebeu o seu terceiro Oscar, desta vez como Melhor Atriz Coadjuvante
por Assassinato
no Expresso Oriente (Murder on the
Orient Express, 1974), de
Sidney Lumet.
Roteiro: Arthur Laurents, com base em peça de Marcelle
Maurette adaptada por Guy Bolton. Direção
de fotografia (Cinemascope, Color DeLuxe): Jack Hildyard. Música: Alfred Newman. Direção musical: Alfred Newman (não
creditado). Figurinos: René Hubert. Montagem: Bert Bates. Direção de arte: Andrej Andrejew,
William C. Andrews. Maquiagem: David
Aylott. Assistente de diálogos: Paul
Dickson. Penteados: Johnnie Johnson,
Pearl Tipaldi (não creditado). Som: Harry M. Leonard, Gerry Turner. Decoração: Andrew Low. Arranjos de música russa: Michel
Michelet. Assistente de direção:
Gerry O'Hara. Orquestração: Edward
B. Powell. Planejamento
do set: John Graysmark (não creditado). Edição de som: Ralph Hickey (não
creditado), Jim Leppert (não creditado). Foco:
Gerry Fisher (não creditado). Maquinista:
Dennis Fraser (não creditado). Operador
de câmera: Peter Newbrook (não creditado). Supervisão de guarda-roupa: Sam Benson (não creditado). Joias: Joan Joseff (não creditado). Assistente de montagem: Lyman Hallowell
(não creditado). Sistema de mixagem de
som: Estereofônico em 4 canais pela Westrex Recording System. Tempo de exibição: 105 minutos.
(José Eugenio Guimarães, 1979; revisto e ampliado
em 2010)
[1] O filme teve locações na França (Île de France,
margens do Sena, Ponte Alexandre III e imediações da Catedral Ortodoxa Russa de
Santo Alexandre Nevsky de Paris), Inglaterra (Hertfordshire, Knebworth House e Stevenage)
e Dinamarca (Københavns Hovedbanegård e Tivoli de Copenhague).
[2] Algumas histórias acerca de Anna Anderson afirmam
que seu nome real é Franziska Schanzkowska. De origem polonesa, com histórico
de doença mental, foi atriz e operária. Não se sabe como passou a se
identificar como Anastácia. O certo é que enganou muita gente, a ponto de ser
criada uma associação pela defesa de seus direitos. A entidade foi extinta em
pouco tempo, logo após Anna dançar nua sobre o telhado da residência de uma
certa Princesa Xenia, que a acolheu em Manhattan, New York, em 1928. Esteve internada
na Alemanha Ocidental, em instituição para doentes mentais, até meados dos anos
50. Casou-se em 1968, nos Estados Unidos, com professor da Universidade de
Virginia. Jamais ficou inteiramente curada. Abandonada e na miséria, foi
internada pela última vez em 1983. Viveu reclusa até a morte, em 1984. Cf. Anna
Anderson in <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anna_Anderson>
acessado em 14 jul. 2010; Reviews and ratings for Anastasia in < http://www.imdb.com/title/tt0048947/reviews>
Acessado em 14 jul. 2010.
[3] Cf. EWALD FILHO, Rubens. Dicionário de cineastas.
São Paulo: Nacional, 2002. p. 441; TULARD, Paul. Dicionário de cinema: os
diretores. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 392-393; MOWIS, I. S. Biography for
Anatole Litvak. Disponível em <http://www.imdb.com/name/nm0514822/bio?ref_=nm_ov_bio_sm>
Acessado em 14 jul. 2010.
[4] As exceções, amparadas por lembranças remotas, são
Confissões
de um espião nazista, Dois contra uma cidade inteira e Uma
vida por um fio.
[5] Na origem, Pygmalion, peça de George Bernard
Shaw acerca dos esforços do professor Henry Higgins para transformar Eliza Doolittle,
florista sem modos e traquejo social, no exemplo mais bem acabado de uma
perfeita dama da alta sociedade. Há duas adaptações cinematográficas de renome:
Pigmalião
(Pygmalion,
1938), de Anthony Asquith e Leslie Howard, com Wendy Hiller fazendo Eliza
Doolittle e Howard se passando pelo professor Higgins; e Minha bela dama (My
fair lady, 1964), de George Cukor, com Audrey Hepburn e Rex Harrison
nos referidos papéis.
[6] A Imperatriz Maria Feodorovna faleceu em Copenhague
no mesmo ano em que se desenrola a trama do filme. Em 2006, seus restos morais
foram transferidos para São Petersburgo.
Adorei seu blog em Eugênio. Sempre é bom estar aprendendo cada vez mais.
ResponderExcluirVisite meu blog também www.cineposforrest.blogspot.com
E o site no qual escrevo críticas http://www.cinefagia.com.br/
Abraços...
Obrigado pela visita e apreciação, Paulo. Espero continuar merecedor de novas visitas. Fique à vontade. Divulgarei seu blog aqui.
ExcluirAbraços.
conheci seu blog hj..e para quem é cinéfilo,foi uma delicia..Obrigada ceci lohmann
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita e apreciação, Ceci. Espero que continue visitando o blog e, também, criticando-o.
ExcluirGrande abraço.
Saudações Eugenio!
ResponderExcluirConsidero ANASTASIA, A PRINCESA ESQUECIDA, uma produção requintada com um elaborado roteiro com base nos acontecimentos verídicos sobre a possível pretendente à Casa Real Russa. Mas tudo funciona muito bem, graças a Ingrid Bergman que mereceu o Oscar pelo papel, e ao Yul Brynner, que dá a sua interpretação uma característica tão enigmática como o próprio ator era.
Sim, vale lembrar o SCORE de Alfred Newman, um dos mais competentes compositores do cinema, que a meu ver não merecia ter perdido para Victor Young, por sua composição para A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS. Young teve dias melhores com as “bandas” de SANSÃO E DALILA e SHANE, e só não escreveu a trilha para OS DEZ MANDAMENTOS porque adoeceu e a composição foi passada para o jovem Elmer Bernstein, que se consagrou em definitivo. Mas a trilha de A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS considero chatinha. Mas gosto é gosto.
Embora Ingrid fosse bela atriz e talentosíssima, ter ganho o Oscar deu o que comentar, já que concorria com divas como Katharine Hepburn e Deborah Kerr, mas sabendo como é Hollywood, todas as cartas podem ser viciadas. Se não foi pelo talento de Ingrid, o Oscar ganho pode ter sido uma reparação da indústria cinematográfica, já que foi boicotada por Hollywood por largar o marido e filhos para viver e depois se casar com o cineasta italiano Roberto Rossellini. O moralismo imperante que vigorava nos áureos tempos que não perdoava as falhas de atrizes consideradas “intocadas”, pois para quem já foi freira em OS SINOS DE SANTA MARIA e SANTA JOANA’DARC, era inconcebível errar segundo A CIDADE DAS REDES.
1956 foi um ano favorável a Yul Brynner, que além do papel em ANASTASIA, ainda foi o Rei de O REI E EU, ao lado da divina Kerr, e o faraó Ramsés em OS DEZ MANDAMENTOS, para mim, um dos seus papéis mais marcantes nas telas.
Parabéns pelo texto! Grande abraço!
Paulo Telles
Editor do Blog Filmes Antigos Club e Radialista
http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com.br/
Olá, Paulo
ExcluirEu gosto de ANASTASIA, A PRINCESA ESQUECIDA, meu caro. Gosto dos filmes dessa época de Hollywood. Só não considero a realização de Litvak assim, tão fantástica. Mas é um filme ao qual posso retornar com o maior prazer, sempre que pintar a oportunidade. Ver o Yul como general russo exilado é uma delícia. Quanto à superioridade da trilha de Alfred Newman em relação à do Victor Young de A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS... Deve ser superior mesmo. E, aí, nem se trata de gosto meu, mas de memórias, memórias afetivas. De novo, volto às lembranças paternas: meu pai tinha em alta conta as músicas de A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS. Cresci ouvindo-as. Então, elas estão entranhadas nas minhas melhores recordações.
Quanto às atrizes que competiam com Ingrid... Não nego o talento dela em ANASTASIA. Porém, parecia assutada, diminuída. Já a Carroll Baker, estava fenomenal como a pueril Baby Doll. É um grande e corajoso desempenho para aqueles tempos tão puritanos, que, apesar de tudo, começavam a desafiar os rigores do Código de Produção.
Preciso rever OS DEZ MANDAMENTOS.
Abraços, meu caro.
Beautiful
ResponderExcluirThanks, Tourism Gemza!
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