Fábula messiânica no universo cinematográfico de George
Lucas é, praticamente, uma generalidade. O eixo de suas principais realizações,
notadamente a saga Guerra nas estrelas (Star wars), gira em torno do advento
de um salvador que reordenará o mundo conspurcado pelas forças do Mal. Após os
retumbantes fracassos de Labirinto — A magia do tempo (Labyrinth,
1986) e Howard, o super-herói (Howard the duck, 1986), confiadas
por Lucas, na qualidade de produtor-executivo, respectivamente a Jim Henson e
Willard Huyck, Ron Howard foi convocado para materializar Willow — Na terra da magia (Willow,
1988). Apesar da condução burocrática, os resultados foram melhores.
Referências bíblicas as mais diversas se conectam a elementos extraídos do
livro As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, do filme O
mágico de Oz (The wizard of Oz, 1939), de Victor
Fleming, da própria saga Guerra nas estrelas e de animações
dos Estúdios Disney para contar as peripécias do pequeno Willow (Warwick Davis).
Ele é encarregado de salvar da sanha do Mal a ungida e ainda criança Elora
Danan (Ruth e Kate Greenfield), a quem se espera a tarefa de reordenar o mundo
sob império do Bem. A apreciação a seguir, escrita em 1989, sofreu revisão e
atualização em 2015.
Willow — Na terra da
magia
Direção:
Ron Howard
Produção:
Nigel
Wooll
Lucasfilm
LTD., Metro-Goldwyn-Mayer, United Artists, Imagine Entertainment
EUA — 1988
Elenco:
Val Kilmer, Joanne Whalley, Warwick Davis, Jean Marsh, Patricia Hayes, Billy Barty, Gavan O'Herlihy, David Steinberg, Phil Fondacaro, Rick Overton, Kevin Pollak, Tony Cox, Robert Gillibrand, Mark Northover, Rick Overton, Maria Holvoe, Julie Peters, Mark Vand Brake, Dawn Downing, Michael Cotterhill, Zulema Done, Joanna Dickens, Jennifer Guy, Ron Farr, Sallvannie Law, Ruth Greenfield, Kate Greenfield.
Ron Howard, o diretor |
Apesar de
creditado a Ron Howard, Willow pertence muito mais ao
produtor executivo George Lucas e, principalmente, à meticulosa equipe de
pós-produção que coordena, reunida em torno das pranchetas, computadores,
palcos, cenários e criaturas fake de
sua Industrial Light & Magic[1].
Neste laboratório foi concebida a maioria dos efeitos visuais que empolgam a
história, sem os quais o filme não teria razão de ser.
Repetem-se aqui os
exemplos de O Império contra ataca (The Empire strikes back, 1980), de
Irvin Kershner; O retorno de Jedi (The return of the Jedi, 1983), de
Richard Marquand; Howard, o super-herói (Howard, the duck, 1986), de Willard
Huyck; e Labirinto, a magia do tempo (Labyrinth, 1986), de Jim
Henson: George Lucas, o idealizador da saga Guerra nas estrelas, — iniciada em 1977
pelo filme de idêntico título (Star wars) que ele mesmo realizou — demonstra não
ter a menor disposição e vocação para a direção. Preferindo a função de
produtor executivo, entrega a realização dos filmes que concebe a profissionais
que, se não são geniais, podem ser classificados como artesãos competentes e
peritos na orquestração dos muitos elementos arregimentados em cena, além de
seguirem à risca as suas determinações.
O dakini Madmartigan (Val Kilmer), herói relutante de Willow |
Howard, o
super-herói e Labirinto foram retumbantes
fracassos artísticos, de crítica e público. Por pouco não lhe inviabilizaram a
carreira. Willow evitou esse caminho, mas chegou perto. Foi parcialmente
salvo do desastre pela superior competência e tarimba artesanal de Ron Howard — que já mostrara
habilidade e sensibilidade para lidar com o universo do fantástico em Cocoon
(Cocoon,
1985) — e pela magia dos efeitos visuais.
Acima e abaixo: o herói improvisado Willow Uffgood (Warwick Davis), em cujas mãos está a salvação do Bem |
Willow, a exemplo dos
três filmes que compõem a saga de Guerra nas estrelas, trata da eterna
luta entre Bem e Mal. A história transcorre em tempo mítico. Mas o cenário lembra
uma Idade Média pontuada de modernidade. George Lucas, autor da história,
pensava transformá-la em filme desde 1977. Porém, para seus propósitos, teve
que aguardar 10 anos, até o cinema ter condições de proporcionar, em doses
realistas, todo o suporte de magia requerido pela adaptação. Finalmente as
filmagens se realizam durante seis meses de 1987, nos estúdios Ellstree, em
Londres, e nas montanhas cobertas de mata e neve da Nova Zelândia, acessíveis,
às vezes, apenas por helicóptero. Foram mobilizados 650 extras, 250 anões e 120
dublês. As condições adversas de trabalho (altitude e frio) descontentaram
elenco e diretor. No total a produção acarretou no dispêndio de 40 milhões de
dólares. A quarta parte dessa quantia foi direcionada aos efeitos especiais[2],
cerca de 320, concebidos e inseridos durante o ano seguinte, na fase de pós-produção.
É uma aventura
épica que extrai elementos das mais variadas fontes narrativas: dos contos de
fadas à Bíblia, passando pelas contribuições de As viagens de Gulliver,
livro de Jonathan Swift, e de filmes como O mágico de Oz (The wizard of Oz, 1939),
de Victor Fleming; do próprio Guerra nas estrelas e de desenhos
animados dos Estúdios Disney como Peter Pan (Peter Pan, 1953), de
Clyde Geronimi, Hamilton Luke e Wilfred Jackson; e A Espada era a lei (The
sword in the stone, 1963), de Wofgang Reitherman. Deste último, é
recriada a clássica sequência do duelo de feiticeiros entre o Mago Merlin e a
Madame Min, agora representados pela defensora do Bem, Fin Raziel, e a pérfida
Bavmorda.
Jean Marsh interpreta a pérfida rainha Bavmorda |
O apelo à Bíblia
(Moisés recém-nascido flutuando numa cesta pelo Nilo, a vinda do Messias, a
matança dos inocentes ordenada por Herodes, a fuga de José, Maria e o menino
Jesus para o Egito, o sacrifício de Isaac etc.) é mais que evidente: Willow
fala de uma criança prometida, cuja missão é libertar a Terra do jugo de trevas
imposto pelo império de Bavmorda (Marsh), a rainha má — um misto de Herodes com
Ramsés II. As previsões se cumprem, mas a pérfida soberana estava atenta.
Mandou encarcerar todas as mulheres grávidas em sua fortaleza para vigiar o
nascimento da anunciada. Quando a prometida vem à luz, é salva pelo
desprendimento de uma parteira que foge com ela. São perseguidas. A mulher é
mortalmente ferida pelas feras de Bavmorda, mas tem tempo de largar a inocente
num cesto e depositá-lo nas águas de um rio.
A criança é uma menina
chamada Elora Danan (Ruth e Kate Greenfield). É resgatada e adotada por uma família
de agricultores nelwyns (homens pequenos) chefiada por Willow Uffgood (Davis,
um dos ewoke de O retorno de Jedi). Ele, candidato a mago que fracassa pela
falta de autoconfiança, recebe a missão de pôr a ungida a salvo, de modo que as
profecias se cumpram. Para tanto, enfrentará uma jornada recheada de perigos. Mas
contará com o auxílio das mais improváveis criaturas: fadas, duendes
atrapalhados, guerreiros e Sorsha (Whalley, senhora Val Kilmer) — filha de
Bavmorda que trairá a mãe para lutar ao lado das forças do Bem. O auxílio
principal vem de Fin Raziel (Hayes), poderosa feiticeira, e do relutante
aventureiro, jogador e fugitivo Madmartigan (Kilmer), um dakini (homem grande).
O errante Madmartigan (Val Kilmer), inesperado aliado de Willow Uffgood (Warwick Davis) |
Willow (Warwick Davis) foge para salvar a pele e a ungida Elora Danan, vivida pelas gêmeas Ruth e Kate Greenfield |
Willow — Na terra
da magia é dirigido a um público certo: o infantil. Os adultos,
porém, podem assisti-lo sem sustos, por mais que histórias como essas tendam,
nos dias de hoje, a perder cada vez mais apelo[3].
Reside aí o encanto. A realização não teme se defrontar com a magia, a fábula,
o sonho, a fantasia. É sua qualidade maior. A direção, por mais que pareça
desprovida de personalidade, como de fato é, não chega a comprometer. Os atores
dão conta do recado, e isso já é pedir muito tendo em vista as condições
adversas que enfrentaram durante as filmagens em locações neozelandesas.
Sorsha (Joanne Whalley) e Madmartigan (Val Kilmer), acompanhados de Willow (Warwick Davis) com Elora Danan (as irmãs Greenfield) |
Willow Uffgood (Warwick Davis) e a ungida Elora Danan, interpretado por Kate e Ruth Greenfield |
Apesar de contar
a saga de proteção da vida de uma criança, Willow também trafega no campo dos
ritos de passagem. É uma aventura que revela o crescimento interior de dois
personagens, o baixinho que fornece o título ao filme e o grandalhão
Madmartigan. O primeiro amadurece pela aquisição de autoconfiança, impondo-se
(apesar de seu tamanho) várias vezes com sugestões salvadoras em momentos
cruciais da trama. Além de tudo, conseguiu, com sua mágica, devolver Fin Raziel
à forma humana, apesar das trapalhadas cometidas ao longo de processo. O
segundo, prisioneiro de um individualismo exacerbado, adquiriu senso de
responsabilidade. Vê-se, pois, que Willow é uma fábula e, como tal,
informa uma mensagem exemplar. É outro atributo que também o inclui na
contramão das produções cinematográficas atuais. Por isso mesmo, é, acredito,
um filme necessário. Que me perdoem os críticos de opiniões contrárias.
Argumento e produção executiva: George Lucas. Roteiro:
Bob Dolman. Música: James Horner. Fotografia (Color DeLuxe, panavision):
Adrian Biddle. Desenho de produção:
Allan Cameron. Produtor associado:
Joe Johnston. Efeitos visuais:
Industrial Light and Magic, Dennis Muren, Michael McAlister, Phil Typpett. Supervisor de Efeitos especiais: John
Richardson. Figurinos: Barbara Lane . Confecção dos costumes: Aggie Guerard
Rodgers. Montagem: Daniel Hanley,
Michael Hill, Richard Hiscott. Assistentes
de montagem: Jeremy Gibbs, Kathleen Korth, T. M. Christoper, Andrew MacRitchie,
Jeffrey Child, Jenny Oznowicz, Robin Clark. Edição musical: Jim Henrikson. Orquestração: Greig McRitchie. Execução
musical: The London Symphony Orchestra. Chefe de maquiagem: Alan Boyle. Chefe de penteados: Barbara Ritchie. Operadores de câmera: Shaun O’Dell, Martin Hume. Microfones: David Banks. Concepção de maquiagem e criaturas: Nick Dudman. Maquiagem: Tommie Manderson, Eddie Knight, Amanda Knight. Penteados: Joan Carpenter, Eithne
Fennell. Direção de arte: Tim
Hutchinson, Tony Reading, Malcolm Stone. Diretor de produção: Alan Cameron. Assistente
de direção: Ken Baker. Gerente de
produção: Vicky Manning. Coordenador
de produção: Kathy Sykes. Coordenador
de segunda unidade: Stefan Zukher. Planejamento
de lutas: Bill Hobbs. Coordenador de
stunts: Gerry Crampton. Gerentes de
locações: John Bernard (Nova Zelândia), Jill Gutteridge (Inglaterra),
Rachel Neale. Supervisão de costumes:
Rosemary Burrows. Supervisão de
produção: Janet Mohler. Contrarregra: John Alenby. Casting: Davis & Zimmerman, Jane
Jenkins, Janet Hirshenson. Fotografia de segunda unidade: Paul Beeson. Operador
de câmera de segunda unidade: Wally Byatt. Maquiagem de segunda unidade: Dickie Mills. Penteados de segunda unidade: Daphe Martin. Fotografia de terceira unidade: Pal Wilson. Operador de câmera de terceira unidade: Jonathan Taylor. Assistente para Nigel Wooll: Barbara
Margerrinson. Assistente para Ron
Howard: Louisa Marie. Gerente de
produção na Nova Zelândia: Murray Newey. Direção de arte na Nova Zelândia: Kim Sinclair. Maquiagem na Nova Zelândia: Trish
Comen, Robyn Austin. Direção de segunda
unidade: Micky Moore. Efeitos
visuais: Industrial Light & Magic. Regravação:
Ben Burity, Gary Summers. Engenheiro de
som: Ben Burity. Supervisão de
edição de som: Richard Hymms. Edição
de diálogos: Michael Silvers, Rob Fruchtman, E. Larry Oatfield, Karen
Spangenberg. Produção executiva nos
Estados Unidos: Ian Bryce. Tempo de
exibição: 125 minutos.
(José Eugenio Guimarães, 1989; revisto e atualizado
em 2015)
[1] Atualmente, a Industrial Light & Magic e
outros empreendimentos construídos por George Lucas como a Lucas Film, Lucas
Arts e a Skywalker Sound pertencem à Walt Disney Company. Nota da revisão e
atualização de 2015.
[3] Nota da revisão e atualização de 2015: diante do que
se vê nos dias atuais e desde os primeiros anos do século em curso, percebe-se
como é falha a capacidade de previsão do autor. Mal sabia ele que o movimento
seria exatamente o oposto.
Eugenio,
ResponderExcluirAcompanho a carreira do Howard desde que era ator, quando fez O Último Pistoleiro e Os Tres Discipulos da Morte/74, do Fleisher, por exemplo.
De sua carreira como diretor eu vi cerca de 70 ou 80% do que fez, Porem não vi o filme em pauta.
Um grande diretor, destacando-se em quase todos os seus trabalhos como; Apolo 13/99, O Informante/01, Desaparecidas/03, qua acho ter sido, junto com Um Sonho Distante/92, suas duas únicas experiencias no western, dentre outros de grandes destaques como os filmes do livro de Dan Brawn e uma de suas primeiras incursões na direção que foi Corretores do Amor, em 1982.
Seria ótimo se esta linha nova de diretores, apesar do Howard ser de uma linha mais atrás, seguissem seu modo de dirigir, pois estes novos diretores inventam muito, criam situações em seus filmes, como por exemplo as lutas, onde nada conseguimos definir ou ver, assim como fazem filmes como se fossem desenhos animados, onde a invencionice joga por terra como se é fazer um cinema cinema.
Gosto de sua linha de nos mostrar uma historia, assim como o considero muito semelhante ao Steve Soderberg, muito embora este arraste um pouco seus filmes para uma linha de filmagem mais moderna, embora assistamos tranquilamente a seus filmes e os entendemos perfeitamente.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir,
ExcluirApreciei o seu comentário sobre o Ron Howard. Dele, estou para ver, com algum atraso, FROST/NIXON, de 2008. Achei DESAPARECIDAS regular e nunca vi UM SONHO DISTANTE, não sei bem as razões. Não gosto nem um pouco de ANJOS E DEMÔNIOS e de O CÓDIGO DA VINCI. Mas gosto do pouco badalado A LUTA PELA ESPERANÇA e do premonitório ED TV, tão bom como O SHOW DE TRUMAN, de Peter Weir.
Quanto ao mais, concordo integralmente com a sua avaliação acerca de alguns diretores modernos e contemporâneos, que entopem suas histórias com fogos de artifício que pouco contribuem para o fluir das narrativas. Servem tão somente para produzir adrenalina e desviar a atenção do público incauto e carente.
Abraços.
Eugenio,
ResponderExcluirEu ter falado "de grandes destaques" (Anjos e Demônios e O Código Da Vinci), não quer dizer que eu os amei ou que os valorizei, como pode se imaginar no meu dito.
Ao contrário: eles podem ter sido filmes de grande sucesso e gosto para muitos. No entanto, para mim eles não significaram quase nada.
Por outro lado, citaste um de seus filmes, (do Ron Howard) que mais amo e que sempre indico a um amigo para ver, que é A Luta Pela Esperança, uma fita muito bem feita e muito ótima, entretando muito pouco conhecida do grande publico.
Vi neste filmes um dos maiores desempenhos do Crowe e da René, assim como algo dirigido com uma atenção e carinho tão grande que terminou por gerar esta pelicula muito pouco divulgada, mas que considero um de seus melhores trabalhos.
Fico feliz por terdes uma mente e gosto um tanto quanto semelhante ao meu, o que me direciona cada vez mais a dar atenção a tudo o que escreve, o que me dá aprendizado e esperança de que o bom cinema ainda tem seus curtidores.
jurandir_lima@bol.com.br
Abraço enorme
Caro Jurandir,
ExcluirFico feliz por estarmos em sintonia no tocante a muitas coisas, principalmente com respeito a um tipo de cinema que não é mais produzido. De fato, A LUTA PELA ESPERANÇA - que carrega o significativo título original CINDERELLA MAN - é dos melhores de Ron Howard. Uma realização que pode ser alinhada entre os clássicos do boxe. É a história do boxeador James Braddock e um bom testemunho do que foram os duros anos da Grande Depressão.
Abraços.
Hola Eugenio,esta película es un clásico que se ha seguido transmitiendo en los canales locales,es una historia de las pocas con esencia,que te deja un agradable sabor de boca,además de que las temáticas sobre magia ME ENCANTAN...Estupenda reseña,como en otras ocasiones me voy maravillada por las fotografías...Tú también tienes magia en tu tinta :) Y yo? Yo te mando miles de besitos y un gran abrazo :)
ResponderExcluirPues es, Maria del Socorro;
ExcluirMe acuerdo de haber quedado maravilhado cuando vi esta película en el cine, ya hace muchos años. Me dejó con una buena sensación. ES una aventura muy bien amarrada, que no depende sólo de efectos especiales y montaje acelerada, como muchas películas de ahora. Creo hasta que necesito verla nuevamente, para saber en que situación se encuentra con el avance del tiempo.
Para ti, muchos besos, saludos y abrazos.
Hola Eugenio,
ResponderExcluirLa película de "Wilo" es una de mis preferidas o de las que mejores recuerdos tengo. La primera vez la vi fue en el cine y me gustó pero luego la hemos visto muchas veces en familia y he disfrutado mucho compartiendo risas y aventuras con mis hijos. Siempre nos ha gustado ver juntos películas y hacer tarde de cine, por esta razón algunas películas las llevo siempre en el corazón.
Un abarzo grande y muchos besos querido amigo.
Hola, Xus;
ExcluirTambién tengo aprecio por esta película, especialmente por ella. Vi con mi hija, cuando ella era todavía muy joven. Hasta hoy siento nostalgia de las sonrisas que ella dio durante la exhibición o, entonces, de las miradas atentos a la pantalla. Las películas que pude ver con ella estarán siempre conmigo, como usted bien dijo, en mi corazón.
Besos abrazos.