Júlia (Julia, 1977) é a penúltima realização de Fred
Zinnemann, notabilizado por Matar
ou morrer (High noon,
1952), A um passo da eternidade (From here to eternity,
1953) e O homem que não vendeu
sua alma (A man for all
seasons, 1966). O realizador desenvolveu, desde o início da carreira, o
gosto por encenações marcadas pela veracidade, nas quais os personagens são
postos à prova em situações adversas. Júlia — com roteiro extraído de Pentimento: a book of portraits, de Lillian Hellman — é produção que honra a filmografia de Zinnemann e as convenções do melhor
cinema clássico hollywoodiano. Provavelmente, é um dos últimos exemplares de um
padrão narrativo hoje definitivamente perdido. Com andamento pausado e
reflexivo, o filme é estruturado como um longo flashback pelo qual a personagem Lillian (Jane Fonda)
remói e tenta organizar lembranças pessoais e íntimas acumuladas ao longo de
muitos anos. A apreciação a seguir, de 1978, foi revista e ampliada em 1990.
Júlia
Julia
Direção:
Fred Zinnemann
Produção:
Richard Roth, Julien de Rode
20th. Century-Fox
EUA — 1977
Elenco:
Jane Fonda, Vanessa Redgrave, Jason Robards, Dora Doll, Maximillian Schell, Hal Halbrook, Rosemery Murphy, Cathleen Nesbitt, Maurice Denhan, Gérard Buhr, Lisa Pelikan, Susan Jones, Dora Doll, Elizabeth Mortensen, Meryl Streep, John Glover, Mark Metcalf, Stefan Gryff, Phillip Siegel, Molly Urquhart, Anthony Carrick, Ann Queensberry, Edmond Bernard, Jacques David, Jacqueline Staup, Hans Verner, Christian de Tilière, Lambert Wilson e os não creditados Jacques Disses, Jim Kane, Don Koll, Francis Lemaire, Richard Marr, Shane Rimmer, Vincent Sardi Jr.
Jane Fonda, Vanessa Redgrave, Jason Robards, Dora Doll, Maximillian Schell, Hal Halbrook, Rosemery Murphy, Cathleen Nesbitt, Maurice Denhan, Gérard Buhr, Lisa Pelikan, Susan Jones, Dora Doll, Elizabeth Mortensen, Meryl Streep, John Glover, Mark Metcalf, Stefan Gryff, Phillip Siegel, Molly Urquhart, Anthony Carrick, Ann Queensberry, Edmond Bernard, Jacques David, Jacqueline Staup, Hans Verner, Christian de Tilière, Lambert Wilson e os não creditados Jacques Disses, Jim Kane, Don Koll, Francis Lemaire, Richard Marr, Shane Rimmer, Vincent Sardi Jr.
O diretor Fred Zinnemann |
Júlia é a penúltima
realização de Fred Zinnemann. Segue ao insatisfatório O dia do chacal (Day
of the Jackal, 1966). O cineasta encerra as atividades em 1982 com Cinco
dias num verão (Five days on Summer). Tem a carreira
marcada por clássicos, principalmente Matar ou morrer (High
noon, 1952), A um passo da eternidade (From
here to eternity, 1953) — aos quais nutro especial afeição —, Uma
cruz à beira do abismo (The nun’s story, 1959) e O
homem que não vendeu sua alma (The man for al seasons, 1966). Seguramente,
Perdidos
na tormenta (The search, 1948) e o sensível e
vilipendiado Cruel desengano (The member of the wedding, 1952)[1]
merecem lugar entre os trabalhos considerados inolvidáveis. Infelizmente, não é
o que acontece. A Zinnemann também é creditado Oklahoma (Oklahoma,
1955), musical pretensioso, delirante, pesado, enfadonho e constrangedor,
apesar de seus ardorosos fãs.
Zinnemann — austríaco expatriado — recebeu influências de King
Vidor, Sergei M. Eisenstein, Eric Von Stronheim, Robert Siodmak e,
principalmente, de Robert J. Flaherty[2]. Com eles adquiriu o
gosto por encenações marcadas pela veracidade. Devido a isso, valorizava abordagens
diretas, objetivas, secas e precisas. Atraia-o a busca pela perfeição e as filmagens
em locações. Seus
personagens enfrentam, quase sempre, situações tensas que resultam em conflitos
de consciência, chamamentos ao dever e riscos à integridade física ou moral. O
xerife Will Kane (Gary Cooper) de Matar ou morrer e Sir Thomas Morus
(Paul Scofield) de O homem que não vendeu sua alma são, disso, exemplos claros: fragilizados
por contingências decorrentes de imposições sociais, históricas e políticas, revelam-se
fortes quando decidem enfrentá-las em nome de convicções profissionais e éticas.
Nesse sentido, Júlia honra o cinema do diretor. Revela-lhe os melhores
atributos humanos e artísticos, mesmo com as profundas reavaliações críticas
que, nos últimos anos, abalaram a reputação do criador e o conjunto da criação.
Sete vezes indicado ao Oscar de Melhor Direção —
categoria na qual soma duas vitórias[3] —, Zinnemann amarga
atualmente o status nem sempre lisonjeiro de artesão competente. Significa: é pouco
inventivo e prisioneiro de convenções. Em termos mais exatos, na
contemporaneidade fluida que faz e desfaz reputações, foi rebaixado ao largo e
difuso patamar da mediocridade. Porém, bom seria se todos os realizadores de
fato reputados como menores e padronizados fossem dignos das convenções que Zinnemann
tão bem representou como bom contador de histórias que é.
Júlia seria dirigido
por Sidney Pollack, na ocasião envolvido com Um momento... Uma vida (Bobby
Deerfield, 1977). Com isso, o projeto passou às mãos de Zinnemann. Ajustava-se
com perfeição às suas preferências temáticas. Mais uma vez lidaria com
personagens situados em contextos tensos, nos quais deveriam afirmar seus mais
arraigados valores. Havia também o fator veracidade, tão caro ao diretor,
facilitado pelo argumento de Júlia ser, aparentemente, apoiado em fatos. O cartaz informa: “Baseado
numa história verdadeira”. Descobriu-se bem mais tarde, para decepção de
Zinnemann, que o argumento de Lillian Hellman, extraído do autobiográfico Pentimento:
a book of portraits[4],
é um misto de fabulação com apropriação indevida das memórias da norte-americana
Muriel Gardiner. Esta seria a verdadeira Júlia: estudou na Universidade de
Oxford; especializou-se em medicina, em Viena; foi discípula de Freud;
arriscou-se na resistência ao Nazismo; envolveu-se diretamente na salvação de
judeus e dissidentes anti-hitleristas; não conheceu Hellman; e faleceu nos
Estados Unidos em 1985, dois anos após publicar Code name Mary:
Memoirs of an American woman in the Austrian underground.
Provavelmente, Hellman soube da história por
intermédio de seu advogado, Wolf Schwabacher, também amigo de Gardiner e que a visitou em Viena.
Lillian Hellman e Dashiell Hammett |
Se há inverdades
na matéria-prima do filme, o problema moral daí decorrente é exclusivamente de
Lilian Hellman. Zinnemann — se decepcionado ficou — não correu, de forma
alguma, o risco de ver diminuído o alcance cinematográfico da adaptação que
empreendeu. Júlia, em seu andamento, honra as tradições do melhor cinema
clássico hollywoodiano em cujas entranhas foi gerado. É elegantemente
elaborado. A edição e planificação oferecem ao espectador tempo para apreciar
a tessitura das imagens, o acurado padrão das interpretações e as emoções
transmitidas pelos atores. Provavelmente, é um dos últimos exemplares de um
padrão que parece definitivamente perdido.
O perfeccionismo
de Zinnemann o conduziu a seis meses de pesquisa por locações na França e Inglaterra.
Outros quatro meses foram despendidos nas filmagens e mais seis na pós-produção.
O roteiro de
Alvin Sargent privilegia uma narrativa que avança e recua no tempo, em vários
focos de distribuição espacial. Basicamente, o filme é um longo flashback, uma tentativa
de organização de lembranças pessoais e íntimas acumuladas ao longo de muitos anos.
Por isso, tornam-se esmaecidas, repletas de pontos obscuros. Devido ao
prolongado distanciamento, surgem como recortes desfocados, povoados por fantasmagorias.
A envelhecida dramaturga Lillian Hellman (Fonda) expressa os sentimentos da
perda e do remorso. As imagens iniciais, tomadas contra a luz do entardecer,
também conferem à personagem a sensação de espectro envolto na penumbra, como
as memórias que tenta recuperar. Está em um barco, pescando e acionando
recordações. Entrega-se aos devaneios do pentimento,
termo que traduz o arrependimento do artista na tentativa de vislumbrar os contornos
iniciais de sua obra, alterados em decorrência do tempo e do esforço criativo.
A sensação de vazio invade a protagonista. Júlia (Redgrave, quando adulta;
Pelikan, quando jovem) é a tela enigmática e desfocada, cujos traços originais Lillian
se esforça em recompor.
A estadunidense Lillian (Jones, na infância) e a inglesa Júlia consolidam forte e duradoura
amizade desde os anos 10. Passam juntas as férias escolares, quase sempre na
casa dos aristocráticos e afetivamente distantes avós de Júlia, na Inglaterra. São
os responsáveis pela criação e educação da menina, que cresce afastada do
convívio com os pais. Desde cedo, revela-se uma personalidade forte, decidida e
independente. É governada pelo senso de justiça e atraída pelo socialismo em
decorrência do desprezo devotado à classe social na qual se originou. Desprendida,
converte-se, com suas idéias e atitudes, em motivo de admiração para a mais
frágil Lillian. Na juventude optou pela carreira médica. Após os estudos iniciais
em Oxford, parte para Viena. Torna-se discípula de Freud. Enquanto isso, na
América, numa casa de praia da Nova Inglaterra, Lillian se lança na dramaturgia
com a peça The children’s hour[5],
sob inspiração e supervisão crítica do amante, o renomado e há muito
estabelecido escritor Dashiell Hammett (Robards)[6]. São os anos 30. As amigas pouco se veem. É Lilian que permanece em
cena a maior parte do tempo. Mas a determinada e delicada Júlia é presença constante
em suas recordações.
Jane Fonda como Lillian Hellman |
Tentando
exorcizar um momento dominado pela falta de inspiração, Lillian viaja à Europa.
Em Viena, depara-se, assustada, ao lado da amiga convalescendo em um hospital depois
de gravemente ferida num raid da
juventude nazista. Concretamente, toma ciência da disposição de Júlia em
arriscar a vida na defesa dos ideais nos quais acredita. A ocasião não permite
diálogos e a renovação de afetos. Ainda por cima, Júlia desaparece misteriosamente,
por motivos de segurança, enquanto Lillian é aconselhada a voltar aos Estados
Unidos. Em 1934 conclui The children’s hour[7],
publicada e encenada com sucesso estrondoso.
Com a
consagração, Lillian é convidada a uma conferência de escritores na Rússia. Na escala
parisiense é contatada por Johann (Schell) e convencida a passar em Berlin
antes de seguir para Moscou. Contrabandeará cinquenta mil dólares pertencentes
a Júlia, quantia que financiará a libertação e fuga de perseguidos do nazismo.
A viagem de trem e a breve estadia em Berlin são tensas. Ela, afinal, é judia,
como a amiga. Encontram-se rapidamente, sem tempo para a partilha de emoções.
A personagem de Redgrave caminha com muletas, sequela das agressões sofridas em Viena. Em meio às poucas
palavras trocadas no inseguro espaço de um bar, a personagem de Fonda descobre,
surpresa, a existência de Lilly (homenagem a Lillian), filha da amiga, mantida
em segurança na Alsácia francesa. Compromete-se a cuidar da criança caso
sobrevenha o pior. Em Moscou, é informada do assassinato de Júlia. Parte
em infrutífera busca pela menina. A insegurança começa a tomar conta da Europa com a rápida expansão nazista além
das fronteiras da Alemanha. A filha de Júlia está provavelmente morta. Lillian
jamais se perdoará por isso. Seguirá em frente, assaltada pelas lembranças da
amiga — “o mais belo dos semblantes” —, pelas dores da relação interrompida e promessa não cumprida.
Johann (Maximillian Schell) e Lillian Hellman (Jane Fonda) |
Os detratores de
Zinnemann denunciaram a estrutura “quadrada” de Júlia e seu andamento pausado
e reflexivo. Porém, residem nessas qualidades o melhor do filme. Sentem-se a
tensão irradiada das imagens e a inquieta pulsação dos personagens, sobretudo de
Lillian Hellman em seu afã de conferir sentido aos retalhos afetivos que luta
para organizar. É um filme que valoriza o sentido da amizade; sobretudo daquela
que é talhada nas diferenças de personalidades e temperamentos, mas que respeita
acima de tudo as individualidades. Acerca desse tema, atribui importância aos
relacionamentos afetivos fortemente consolidados em períodos históricos
conturbados — como o da ascensão do nazismo —, que resultam em medo e crise de
confiança. A coragem das amigas e o vínculo que as une resumem o principal do
filme. Não faltam os ingredientes básicos do cinema clássico hollywoodiano:
suspense, intriga e senso do dever como elemento de superação, presentes acima
de tudo na viagem de trem.
Lillian (Jane Fonda) e Júlia (Vanessa Redgrave) no rápido encontro em Berlin |
Zinnemann confere
rigor e segurança à narrativa, a partir do bem pontuado roteiro de Alvin
Sargent. O guião dá a sensação de brincar com o comportamento anárquico da
memória quando esta tenta encadear linearmente as lembranças. Parece que se misturam,
extraviam-se e se perdem nas curvaturas do tempo de longo curso. Sentem-se os avanços
e recuos típicos de quem já adentrou em idade considerável e experimenta a
melancólica sensação que resulta da perda definitiva de algum elemento de
valor. Também há a incerteza sobre o que foi de fato vivenciado e apenas imaginado.
Poucos filmes fizeram tão boa utilização do flashback,
principalmente na vã tentativa de reordenar ou recompor, como num gesto de
expiação, dados consolidados do passado a partir de avaliações do presente. Dando
sentido prático à sucessão de marchas e contramarchas da memória, está o
montador Walter Murch. Mas seu trabalho não pode ser considerado isoladamente.
Auxiliam-no o diretor de fotografia Douglas Slocombe e o compositor Georges
Delerue. Slocombe, como se costuma dizer, obtém imagens de "tirar o
fôlego”, evocativas e etéreas, capazes de comunicar o pulsar da tensão, da
insegurança e do medo nos ambientes controlados pelo nazismo. Os nostálgicos
acordes de Delerue remetem a temas alusivos ao sobrenatural e ilustram
sobremaneira o vazio decorrente da perda sentida e irrecuperável, da dor que
abala a estabilidade da alma.
Vanessa Redgrave como Júlia |
Os atores
oferecem desempenhos mais que convincentes, verdadeiros, desprovidos de
artificialismos e afetações. Júlia também é, acima de tudo, um
filme para o brilho dos intérpretes. Acerca disso, é uma das produções
marcantes dos anos 70. Não é sempre que duas mulheres são vistas agindo com independência, apartadas dos prolongamentos das atitudes e escolhas
masculinas. Vanessa Redgrave, premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante,
é, com Júlia, uma presença ao mesmo tempo irreal e magnética. Oferece uma das
melhores interpretações femininas do cinema, apesar de permanecer pouco tempo em cena. Sua atuação é discreta,
mas impregnada pelo “espírito da presença”. Comunica a personalidade de Júlia
por meio dos olhos, do cabelo, das mãos e, logicamente, da face que tanto impressiona
Lillian. A personagem de Redgrave relaciona beleza exterior com coragem
interior na composição de uma mulher generosa, de estatura heroica, capaz, por
isso, de resistir às pressões infinitamente maiores do contexto
histórico-social sobre o indivíduo. Lisa Pelikan, intérprete da jovem Júlia, parecidíssima
a Vanessa Redgrave, também possui inegável talento dramático.
O desempenho de Jane
Fonda sintetiza insegurança, fúria e frustração. Sua caracterização de Lillian
Hellman é enérgica, sem descambar para o exagero na composição de uma
personalidade complexa, sagaz e teimosa, incapaz de lidar com as cobranças do
sucesso e com falta de jeito para viver situações perigosas. Na memorável
sequência do encontro em Berlin, as personagens de Fonda e Redgrave parecem
saber que estão se vendo pela última vez. As atrizes brilham no represamento às
emoções, apesar de ser um momento cinematograficamente emocionante. Júlia,
apenas com o olhar, apresenta-se fracamente receptiva, mas decidida em levar adiante
a missão que escolheu. Por sua vez, Lillian é a face da perplexidade, a própria
imagem da impotência.
Até parece que a
verdadeira Lillian Hellman buscou na Júlia de Pentimento explicação ou
justificativa para se converter na mulher forte e corajosa que desafiou a
inquisição do macarthismo, desde o final dos anos 40, quando foi incluída na "lista negra" por seus posicionamentos francamente liberais e por se recusar a delatar
conhecidos e companheiros. Fora decidida militante contra o nazifascismo nos
anos 30. Em 1952 tomou a defesa do enfermo Dashiel Hammett ante os
inquisidores do Senado e viu o companheiro condenado a seis meses de prisão. Sobre
o período, Hellman publicou em 1976 o livro Scoundrel time, ou “tempo
canalha” na tradução literal[8].
Jason Robards no papel de Dashiell Hammett |
Pelo que se
conhece de Dashiell Hammett, inclusive fisicamente, Jason Robards — premiado com
o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante — deu interpretação sob medida para o autor. Vê-se
em tela alguém com aparência de cansado da vida, cínico, descrente, como se
fosse ele próprio um personagem das desencantadas novelas policiais que
escreveu. O Hammett de Robards é quase um contraponto ao idealismo de Júlia e
Lillian. Porém, é assim apenas na aparência. Nos momentos decisivos, revela-se
o companheiro indispensável, oferecendo apoio e repartindo afeto.
Metaforicamente, é ele que põe a companheira na estrada, obrigando-a a
caminhar.
Maximilian Schell
tem poucos momentos em cena.
Mas seu personagem faminto mostra suficiente presença de
espírito para pedir e saborear um pão com ovos enquanto revela a Lillian a
missão que deverá desempenhar a pedido de Júlia.
Meryl Streep
estreia no cinema em Júlia.
Aparece uma vez, rapidamente, como Anne Marie, lançando
insinuações maliciosas acerca do relacionamento de Lillian com a personagem de
Redgrave.
Meryl Streep estreia no cinema em Júlia, no papel da intriguenta Anne Marie |
Além dos Oscars
atribuídos a Vanessa Redgrave e Jason Robards, Júlia também fez jus à
estatueta de Melhor Roteiro Adaptado para Alvin Sargent. Jane Fonda, indicada a
Melhor Atriz, perdeu para Diane Keaton por Noivo neurótico, noiva nervosa (Annie
Hall, 1977), de Woody Allen. Este sobrepujou Fred Zinnemann na
categoria de Melhor Diretor. Na disputa a Melhor Filme, Annie Hall levou a melhor.
Durante a entrega
dos Oscars, Vanessa Redgrave constrangeu os organizadores da cerimônia com
longo discurso em favor da causa palestina e acusando Israel de cometer crimes
de guerra. Do lado de fora, membros da Liga de Defesa Judaica protestavam
contra a atriz enquanto grupos palestinos a apoiavam. Por segurança, chegou à
cerimônia de ambulância, amparada por guarda-costas que eram os únicos negros
presentes, o que gerou outro protesto, da BIMBO (Blacks in Media Broadcasting
Organization), contra o suposto “racismo” da Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas.
Júlia (Vanessa Redgrave) e Lillian Hellman (Jane Fonda) |
Júlia fez jus a outros
prêmios nos mais diversos certames: em 1977 — do New York Film Critics Circle
para Melhor Ator Coadjuvante (Maximilian Schell) e Melhor Atriz Coadjuvante
(Vanessa Redgrave); da National Society of Film
Critics para Jane Fonda (terceiro lugar como Melhor Atriz) e Maximilian Schell
(terceiro lugar como Melhor Ator Coadjuvante); do Los Angeles Film Critics
Association para Melhor Direção de Fotografia, Melhor Ator Coadjuvante
(Robards) e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); e do National Board of Review
como um dos 10 filmes mais importantes do ano; em 1978 — do Writers Guild of
America de Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Fotografia do British Society of
Cinematographers; David di Donatello para Melhor Atriz Estrangeira [Fonda, empatada
com Simone Signoret por Madame Rosa, a vida à sua frente (Madame
Rosa, 1975), de Moshé Mizrahi]
e de Melhor Direção; Globo de Ouro para Melhor Atriz em Filme Dramático
(Fonda) e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); Silver Ribbon do Italian
National Syndicate of Film Journalists para Melhor Diretor de Filme
Estrangeiro, do Kansas City Film Circle para Melhor Ator Coadjuvante (Robards)
e Melhor Atriz Coadjuvante (Redgrave); em 1979 — do British Academy of Film and Television Arts (BAFTA) de Melhor
Atriz (Fonda), Melhor Fotografia, Melhor Roteiro e Melhor Filme.
Roteiro: Alvin Sargent, baseado na novela Pentimento,
de Lillian Hellman. Música e direção
musical: Georges DeLerue. Direção de
fotografia (Color DeLuxe): Douglas Slocombe. Produção executiva: Julian Derod. Produtor associado: Tom Pevsner. Desenho de produção: Gene Calahan, Willy Holt, Carmen Dillon. Montagem: Walter Murch, Marcel Durham. Figurinos: Anthea Sylbert. Guarda-roupa: Joan Bridge, Annalisa
Nasalli-Rocca. Produção de elenco:
Julliet Taylor, Margot Capelier, Jenia Reissar. Assistente de direção: Alain Bonnot, Anthony Waye. Continuidade: Pamela Davies. Assistente de câmera: Robin Vidgeon. Mixagem de som: Derek Ball. Operador de câmera: Chic Waterson. Maquiagem: George Frost. Penteados: Ramon Gow. Gerente de produção: Jean-Pierre Spiri-Mercanton,
Bill Kirby. Produção associada: Van
Jones. Montagem: Marcel Durhan. Edição de som: Leslie Hodson. Camareiros: Pierre Charron, Tessa
Davies, Tommy Bacon (não creditado), Dennis Fruin (não creditado), Kieron
Mcnamara (não creditado). Contra-regra:
Pierre Roudeix, John Leuenberger, Bob Douglas (não creditado), Bob Hedges (não
creditado), Peter Hedges (não creditado). Fotografia
de segunda unidade: Paddy Carey, Guy Delatre. Supervisão de costumes: John Wilson-Apperson, Collette Baudot. Maquiagem de Jane Fonda: Bernardine M. Anderson.
Segundos assistentes de direção:
Gerry Gavigan (não creditado), Terry Hodgkinson (não creditado), Roger Wielgus
(não creditado). Terceiro assistente de
direção: Terry Madden (não creditado). Chefe
de desenhos técnicos: Reg Bream (não creditado). Assistente do departamento de arte: Steve Cooper (não creditado). Aquisições: David Lusby (não
creditado). Desenhos técnicos: Peter
Sheilds (não creditado). Marcação de
sinais: Bob Walker (não creditado). Gerente
de construções: Gus Walker (não creditado). Regravação de som: Bill Rowe. Assistente
de som: Bill Barringer (não creditado). Assistente da edição de combinação de sons: Roy Birchley (não
creditado). Engenheiro de som: Peter
Handford (não creditado). Combinação de
sons: Archie Ludski (não creditado). Operador
de microfones: Ken Nightingall (não creditado). Dubles: Sue Crosland (não creditada), Veronica Griffiths (não
creditada), Dan Vieru (não creditada). Eletricistas-chefes:
Charles Lefèvre, Barry Miller. Ferramenteiro:
Brian Osborne, René Strasser. Eletricistas:
John Hammond (não creditado), John Harman (não creditado), Ray Snooks (não
creditado), Hank Wilcox (não creditado). Jóias:
Joan Joseff (não creditado). Assistentes
de guarda-roupa: Ruth Knight (não creditado), Janet Lucas (não creditado). Assistente de montagem: Mick Monks (não
creditado). Transportes: Peter R.
Chittell (não creditado). Contabilidade:
Stanley Burridge. Continuidade:
Pamela Davies. Assistentes de produção:
Van Jones, Paul Chart (não creditado). Secretária:
Linda Allen (não creditada). Secretária
da contabilidade: Trudy Balen (não creditada). Secretária de Fred Zinnemann: Claudia Fraser-Orr (não creditado). Publicidade: Geoff Freeman (não
creditado). Secretária da publicidade:
Barbara Harley (não creditada). Secretária
de Richard Roth: Carolyn Hicks-Beach (não creditada). Direção de diálogos: Elizabeth Smith (não creditada).
Tempo de exibição: 117 minutos.
(José Eugenio Guimarães, 1978;
revisto e ampliado em 1990)
[1] O chefe de produção da Columbia Pictures, Harry
Cohn, antipático a Zinnemann, ordenou várias montagens de Cruel desengano. Mesmo
assim, é uma realização tocante sobre a carência afetiva e a dor do
crescimento.
[2] ALBAGLI, Fernando. Tudo sobre o Oscar. Rio
de Janeiro: EBAL, 1988. p. 319.
[3] Fred Zinnemann foi oscarizado pela Melhor Direção
por A
um passo da eternidade e O homem que não vendeu sua alma.
Ambos também venceram na categoria de Melhor Filme. Perdidos na tormenta, Matar
ou morrer, Uma cruz à beira do abismo, Peregrino da esperança (The
sundowners, 1960) e Júlia também o indicaram ao Oscar de
Melhor Direção.
[4] Publicado no Brasil em 1973, pela Francisco Alves
do Rio de Janeiro, com o título Pentimento: um livro de retratos.
[5] Hellman também é autora de The little foxes, The
North star, The dark angel e Toys in the Attick etc. The
children’s hour foi duas vezes adaptado ao cinema com direção de
William Wyler: These three (1936) e The children’s hour (1961). No
Brasil, receberam o igual título de Infâmia. Wyler também filmou The
little foxes (1941), ou Pérfida, na exibição brasileira.
Lewis Milestone transpôs The North star (1943); Sidney
Franklin, The dark Angel (1935); e George Roy Hill, Toys in the Attick (1963).
As realizações de Milestone, Franklin e Hill foram batizadas, respectivamente,
como Estrela
do norte, O anjo das trevas e Na voragem das paixões quando
distribuídas entre nós.
[6] Dashiell Hammett ficou célebre como autor de
novelas policiais, dentre as quais The Maltese falcon, que lançou o
detetive Sam Spade, imortalizado por Humphrey Bogart no filme de estréia de
John Huston, Relíquia macabra (The Maltese falcon, 1940). Também
escreveu Safra vermelha (Red harvest), O detetive da Continental
(Continental
Op), A chave de vidro (The glass key), A ceia dos acusados (The
thin man) e Estranha maldição (The dain curse). Frank Tuttle, em 1935,
e Stuart Heisller, em 1942, levaram The glass key ao cinema, batizado no
Brasil, respectivamente, como A chave de vidro e Capitulou
sorrindo. W.S. Van Dyke filmou The thin man (1934), ou A
ceia dos acusados entre nós.
[7] Várias passagens do filme sugerem a existência de uma
relação mais que fraterna entre Júlia e Lillian, apesar das negações veementes
da autora na representação de Jane Fonda. Alguns personagens chegam a tocar no
assunto. Nesse sentido, as professoras Karen e Martha de The children’s hour
aparentam ser uma extensão da suposta ligação sexual de Hellman com alguma
eventual amiga, encoberta por Júlia em Pentimento.
[8] Publicado no Brasil pela Francisco Alves, do Rio
de Janeiro, com o nome de Caça às bruxas.
Precisando rever “O Homem que não vendeu sua alma”... O meu favorito de Zinnemann, obviamente, é Matar ou Morrer, e o pior dele, na minha opinião, é o musical Oklahoma (ridículo!). Mas, além dos citados acima, recomendo também “Espíritos Indômitos” (1950), que marcou a estreia de Marlon Brando no cinema e ainda tem Tereza Wrigth no elenco. Muito bom!
ResponderExcluirAry Ximendes
Olá, Ary Ximendes;
Excluir"Oklahoma" é insuportável. É duro vê-lo até o final, numa tacada só. É... Deixei "Espíritos indômitos" de fora do comentário. Tenho que revê-lo.
Abraços.
Lindo filme...tem trechos de diálogos nas lembranças de Lilian sobre Julia que tenho o registro até hj... em especial a fala de Julia : "sei que vc tem medo de ter medo"....
ResponderExcluirMargareth Saraiva
Olá, Margareth Saraiva;
ExcluirÉ! "Sei que você tem medo de ter medo". Essa fala também deixou marcas em mim. Bem lembrado.
Abraços.
Nada há que eu tenha visto de Zinnemann de que eu não tenha gostado. Seja o "Matar ou morrer", seja "O homem que não vendeu sua alma", seja "A um passo da eternidade", seja "Julia". Com relação especificamente a este último, o que me encanta, além dos aspectos referidos no texto, José Eugenio Guimarães, é o suspense constante com uma violência rarefeita (a única cena realmente violenta no filme é a do pogrom na universidade), sem contar com o dado de que ele põe o dedo na ferida de quantos acreditavam que as pessoas respeitáveis da Europa seriam contrárias ao nazismo desde seus primórdios pelo amor à liberdade, uma vez que os pais de Julia, pessoas respeitáveis na Inglaterra, continuavam a repudiar a filha mesmo depois que a guerra já estava em curso, porque, ao cabo, estavam imbuídos do senso comum original de que Hitler era o dique contra a revolução da ralé proletária.
ResponderExcluirRicardo Antônio Lucas Camargo
Pois é, Ricardo Antônio Lucas Camargo, não podemos esquecer que Hitler cresceu à sombra da proteção que lhe foi dada pelos chamados "homens de bem" da Europa, tão temerosos do avanço do comunismo. Deu que no que deu! E, pelo visto, dessa lição muito pouco foi absorvido.
ExcluirAbraços
Gosto demais desse filme, já o assisti inúmeras vezes.
ResponderExcluirVanessa é uma das atrizes de minha alma, das que mais amo, e sua interpretação nesse filme é inesquecível, uma de suas melhores até hoje. Realmente, seu semblante nesse papel é luminoso.
A cena do trem é memorável, uma das que mais me marcaram por seu suspense, fantástica. Fico tensa toda vez que assisto, rs.
E sempre tive a curiosidade de saber, mas nunca pesquisei, sobre a veracidade das memórias, e só agora soube da história real dessa Muriel Gardiner, e que nem foram amigas, o que realmente não diminui em absoluto o valor da obra, se fábula ou não.
Enfim, um belíssimo trabalho do Zinnemann, que assistirei muitas e muitas vezes ainda.
"Júlia" é um filme ao qual sempre também retorno, sempre que posso, Eliana.
ExcluirAbraços.
Excelente este filme, recentemente pude comprar em DVD, a primeira vez que vi foi no Telecine Emotion, que era um dos canais Telecines que se passavam mais dramas anos 70/80. Muito triste o que acontece com a personagem de Vanessa ( JULIA) e admirável a amizade que Jane ( Lilliam Helmam) tem por ela. Uma missão a se cumprir e um filmaço que nos emociona. Creio que todos gostaríamos de ter um amigo assim. Também adoro os filmes de Fred Zinnemann, o meu preferido é "MATAR ou MORRER" com meu amado Gary Cooper ♥.
ResponderExcluirA Voz do Sangue/ Behold a Pale Horse com Gregory Peck e grande e maravilhoso elenco é outro filme envolvente que me fascina. Dizem que ficou proibido na Espanha pelo Ditador Franco sua exibição por muitos anos.
Assisti "Júlia" no cinema, Siby13. Na ocasião, ainda se permitia ficar na sala pelo tempo que se quisesse pelo valor de um único ingresso. Atualmente, essa mamata acabou. Mas fiquei tão encantado com o filme que o vi seguidamente por duas vezes.
ExcluirConfesso que desconheço "A voz do sangue". Darei um jeito de vê-lo o mais breve possível.
Abraços e obrigado.
Gostei muito de "A voz do sangue", que eu não me recordava que fosse de Zinnemann. Sua velha mania de incomodar os macartistas, em plena Guerra Fria (o filme é de 1964): o herói combatia o Generalíssimo Franco, era anticatólico e ateu, embora, ao fim, venha a fazer amizade com um padre que é seu conterrâneo.
ExcluirContinuo devendo o conhecimento de "A voz do sangue".
ExcluirParabéns por esta matéria tão ricamente ilustrada, estava terminando de ler e fiquei maravilhada. Não sabia desta situação que Vanessa passou na entrega do OSCAR, e a admiro muito mais agora.
ResponderExcluirInconcebível que a ACADEMIA seja racista , não se deve compactuar com isso.
Obrigado pelas referências elogiosas à matéria, siby13. Quanto à Academia... Bom, ela é produto da sociedade na qual se encontra.
ExcluirAbraços.
Não conhecia esse filme, porém depois de ver esse post fiquei com vontade de assistir, vou procurar ele para assistir e depois quem sabe voltar aqui e deixar um comentário sobre o que eu achei do filme, parabéns pelo post.
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
Olá, Arthur Claro;
ExcluirMais uma vez, desculpe-me pela demora da resposta. Obrigado pelo elogio à postagem. E, afinal, conseguiu assistir "Júlia"? Estou aguardando, conforme prometeu, o seu comentário.
Abraços.
Parabéns, por realizar uma apreciação tão detalhada e primorosa. Primeiro, não vi o filme (ainda), mas vou vê-lo o mais urgentemente possível agora; agradam-me os filmes de Zinnemann; e teus elogios sei que têm procedência e os justifica bem: como por exemplo, a questão da memória, lembranças e esquecimentos, fascinam-me tanto no cinema quanto na literatura, para lembrar um célebre francês Resnais, sei que neste filme de hollywoodiano é outro estilo, mas para mostrar o gosto que tenho pelo mnemônico bem trabalhado; em segundo lugar personagens fortes femininas vividas pelas mestres Jane Fona e Redgrave que adoro; e ainda um Robards de coadjuvante promete! eu tenho este filme verei hoje à noite, falar-te-ei se confirmo tudo o que disseste mas deves estar com a razão em muita coisa. e sim Zinnemann é valorizado por certos filmes que não merecem tanta atenção. mas, seus melhores filmes que conheço os citastes, por fim, como O homem que não vendeu sua alma; A um passo da eternidade; Uma cruz à beira do abismo; Matar ou morrer. Quero, em quarto lugar, enfim, conferir a fotografia de Júlia, 1977. A ver hoje o citado filme, nesta crítica, instigado pela leitura de seu texto, agradeço a dica involuntária. Abraço
ResponderExcluirCaro Rafael;
Excluir"Júlia" é um filme forte e atraente. Já faz muito tempo que fui apresentado a ele, no cinema, em 1978, logo que foi lançado. Para você ver, emendei duas sessões, de tão fascinado fiquei. O andamento é elegante e compassado. É daqueles filmes que nos convidam à reflexão, seja pela forma e pelo conteúdo que expressa. É Fred Zinnemann em momento de grade força, coadjuvado por duas atrizes excepcionais. Espero que tenha visto o filme e deixe aqui a sua apreciação.
Abraços.
"Júlia" é de fato uma pequena obra-prima; o penúltimo trabalho de Zinnemann e sua última grande realização. A trilha sonora que é suave mantém o ritmo cadenciado da narrativa, cuidadosamente mantida pela direção de Zinnemann e pela condução de uma fotografia suave que condiz com tudo exposto acima.
ExcluirRedgrave (Júlia) e Fonda (Lilly) estão perfeita sintonia, coadjuvando uma à outra de maneira ímpar. A cena do restaurante Albert, em Berlim, em que há ao mesmo tempo emoção com a personagem Lily e frieza até certo ponto por parte de Júlia, é um momento fílmico belíssimo.
Os preconceitos da personagem vivida por Meryl Streep não condiz com a trama espaço para homossexualidade ente Lily e Júlia, nem na adolescênciaa, mero fuxico e inveja, de Anne Marie.
Destaque para o excelente coadjuvante Jason Robards, como Dashiell Hammett, esposo e escritor famoso de Lily, mas que deixa Lily (Fonda) brilhar como escritora e atriz.
Lembranças e esquecimentos, memórias, idas e vindas em flashbacks bem conduzidos pelo cineasta, filme mnemônico por excelência. Enfim, ótimo filme.
Abç a ti. José Eugênio.
Bom dia!
Olá, Rafael.
ExcluirPelo visto, sobreviveu e bem aos festejos natalinos. Teve tempo para ver JÚLIA e postou um comentário enriquecedor. Acho que sempre terei um fascínio todo especial por este filme. Como você bem destacou, aborda com seriedade um assunto que é do meu inteiro interesse: a memória, os aspectos que cercam a reconstituição de lembranças de longo curso, como o presente interfere nas lembranças depois de muito tempo passado. Enfim, um filme que me agrada muitíssimo.
Abraços.