domingo, 17 de agosto de 2014

OS DESERDADOS DO 'BRASIL GRANDE' NO ENCALHE DE DENOY DE OLIVEIRA

Denoy de Oliveira foi um aguerrido combatente do cinema brasileiro. Dono de curta filmografia, auxiliou em demasia as realizações de colegas. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente em Viçosa/MG, quando da realização de Mostra de Cinema Brasileiro bancada pelo Cine Clube DCE-UFV em 1984, evento que cobri para o semanário Folha da Mata. Desfrutei do seu papo em debates, caminhadas e nas mesas dos bares. Na ocasião, Denoy praticamente lançou o então inédito O baiano fantasma. Meses antes vira o seu Sete dias de agonia (O encalhe), metáfora sobre o Brasil dos deserdados lançados no atoleiro de perplexidades do início da abertura política do governo de João Batista Figueiredo. É um filme áspero, tenso, gritado, de gestos largos, visceral como poucos, extraído do conto O encalhe dos 300, de Domingos Pellegrini Jr. Trata-se de importante realização a merecer os devidos destaques e resgate, como explicita esta apreciação originalmente datada de 1984 e revisada com o acréscimo de algumas considerações em 2002. 







Sete dias de agonia (O encalhe)

Direção:
Denoy de Oliveira
Produção:
Carlos Augusto de Oliveira
Cooperativa de Artistas e Técnicos do Filme, Telemil Filmes, Blimp Filmes; Beca Produtora de Filmes, Embrafilme
Brasil — 1979
Elenco:
Eduardo Abbas, Katia Grumberg, Alain Fresnot, José Fernandes, Ruthinéa de Moraes, Liana Duval, Maracy Mello, Ênio Gonçalves, Luiz Serra, Cilas Gregório, Carlos Alberto Santana, Antônio Leite, Osley Delamo, Ruy Leal, Edinor Cirilo, Maria Rita Costa, Cachimbo, Nice Marinelli, Ana Lúcia Bastos Santos, Ulysses, Marthus Mathias, Carlos Capeletti, Manfredo Bahia, Luiz Carlos Gomes, Tatu, Demo Vieira, Dirce Tangara Militelo, Cristiano Araújo, Damasceno Filho, Urano B. Toloto, Benedito Esbano, Família Esbano, Barros Freire, Oswaldo Raphael, Wilson Sampson, Eduardo Rolly, Max Fabiano, Zé da Ilha, Antônio de Souza, Márcio Ferreira, Adriano Silva, Cidinha Sandri, Júlia Romoalda, Roseli Silva, Fernando Alcoragi, Milton Cecílio, Edson Alcoragi, José Trujillo, José Damasceno, Ednor Messias, Mary Neubauer.



José Dumont é Lambusca - O baiano fantasma (1984), de Denoy de Oliveira. À direita, o diretor.


Mais que um dedicado operário, Denoy de Oliveira foi, acima de tudo, um guerrilheiro do nosso cinema[1]. Atuou em várias frentes e imprimiu marca muito pessoal aos problemáticos caminhos da realização de filmes no Brasil. Assinou poucos trabalhos, mas contribuiu na concretização de outros tantos, dos mais diversos diretores. Enfrentou olimpicamente, de peito aberto, as maiores dificuldades para cavar um lugar ao sol. É de seu irmão, o também cineasta Xavier de Oliveira[2], o filme cujo título serve de síntese à sua trajetória: André, a cara e a coragem (1971). Basta substituir por Denoy o nome do personagem interpretado por Stepan Nercessian para se ter uma pálida ideia do espírito aguerrido do diretor de Sete dias de agonia (O encalhe).


Antes do cinema, Denoy de Oliveira esteve ligado ao teatro nos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC-UNE) em 1962 e Opinião de 1964 a 1970. Participou da elaboração do roteiro da peça Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come (1966) e se responsabilizou pela trilha musical da encenação de Dois perdidos numa noite suja (1967). Estreou na direção cinematográfica com o premiado Amante muito louca (1973), classificado por muitos mal informados — que sequer o viram — como pornochanchada. A seguir realizou A louca de Ipanema, segmento do tripico Este Rio muito louco (1977), também dirigido por Geraldo Brocchi e Luiz de Miranda Corrêa[3]; J. J. J., o amigo do Super Homem (1978); Sete dias de agonia (O encalhe) (1982); os documentários Fala só de malandragem (1982) e Nós de valor... nós de fato (1983); O baiano fantasma (1984); Panorama histórico brasileiro (1989), em conjunto com João Batista de Andrade, Francisco César Filho e Mirella Martinelli; o média metragem Que filme "tu vai" fazer? (1991); e A grande noitada (1997).


Denoy fundou com o irmão a Lestep Produções Cinematográficas. Compôs as canções de Marcelo Zona Sul (1969), de Xavier de Oliveira, e musicou Um homem sem importância (1971), de Alberto Salvá; André, a cara e a coragem; Amante muito louca; Damas do prazer (1978), de Antônio Meliande; A gargalhada final (1977), de Xavier de Oliveira; Sete dias de agonia (O encalhe); O baiano fantasma e A grande noitada. Roteirizou Amante muito louca; A bela da tarde, segmento do tripico As mulheres que fazem diferente (1974), de Claudio McDowell, Lenine Otoni e Adnor Pitanga[4]; A louca de Ipanema; Como matar uma sogra (1978), de Luiz de Miranda Corrêa; Os melhores momentos da pornochanchada (1978), de Victor di Mello e Lenine Otoni; Os indecentes, de Antonio Meliande (1980); Sete dias de agonia (O encalhe), O baiano fantasma e A grande noitada. Produziu André, a cara e a coragem — do qual também foi gerente de produção — e O baiano fantasma (1984). Foi produtor associado de A gargalhada final e produtor executivo do curta Amor índio (2000), de Rui de Oliveira, lançado depois de sua morte. Trabalhou como ator em Massacre no supermercado (1968), de J. B. Tanko; Marcelo Zonal Sul (1968); Revólveres não cospem flores (1972), de Alberto Salvá; Ainda agarro esse machão (1975), de Edward Freund; Doramundo (1978), de João Batista de Andrade; O homem que virou suco (1981), de João Batista de Andrade; Eles não usam black-tie (1981), de Leon Hirszman; O último voo do condor (1982), de Emílio Fontana; Janete (1983), de Chico Botelho; A próxima vítima (1983), de João Batista de Andrade; Abrasasas (1984), de Reinaldo Volpato; Nasce uma mulher (1985), de Roberto Santos; e A hora da estrela (1986), de Suzana Amaral. Presidiu, de 1977 a 1980, a Associação Paulista de Cineastas (Apaci)[5].


Somente um diretor como Denoy de Oliveira — curtido nas dificuldades tão conhecidas da realização cinematográfica no Brasil — resistiria à terrível provação da concretização e do lançamento de Sete dias de agonia (O encalhe). Quando a produção começou, em 1979, chamava-se simplesmente O encalhe. O ponto de partida é o conto de Domingos Pellegrini Jr., O encalhe dos 300[6]. O filme é uma história de fundo moral e valorização política. A exemplo de outras realizações do período, presta-se a uma metáfora do Brasil.



Maracy Mello no papel de Irmã Cristina


No fim dos anos 70 o modelo de desenvolvimento autoritário, repressivo e excludente do Regime Militar estava próximo do esgotamento. O General João Batista Figueiredo assumira a Presidência da República ungido pelo antecessor Ernesto Geisel. Este promovera a "distensão lenta, gradual e segura". Caberia ao sucessor assegurar a "abertura política". As contradições sociais, contidas a ferro e fogo nos anos duros do regime, evidenciavam-se a olhos vistos. Num ambiente marcado por revelações e perplexidade, a sociedade civil, há tanto tempo apartada das práticas da cidadania, mostrava seu rosto. As greves dos metalúrgicos do ABCD paulista reviam a estrutura sindical e mostravam o poder de mobilização do setor moderno do operariado, disposto a se organizar politicamente, de modo totalmente novo, em torno de um partido político. No rastro das mobilizações promovidas pelas Comunidades Eclesiais de Base e das mais diversas Pastorais do catolicismo progressista, os marginalizados cavavam canais de representação e reivindicação. Exacerbavam-se os dilemas nacionais, consequência lógica dos debates que se apresentavam. Tendo por pano de fundo um país que começava a se mexer, Denoy de Oliveira, em estreita sintonia com o momento, lança-se às filmagens de O encalhe.


Imagem do desespero em Sete dias de agonia (O encalhe)


O título tem significados físicos e sociais. Durante temporada chuvosa, estrada de terra no meio do nada se transforma em monumental atoleiro. Paralisa o tráfego dos mais diversos veículos. Caminhoneiros, religiosos numa Kombi, boias-frias em um ônibus, uma trupe circense, retirantes e famílias inteiras não conseguem, durante uma semana, prosseguir viagem. São obrigados a longo e doloroso convívio que expõe o pior e o melhor de cada qual. A situação beira o insustentável. O ambiente de desgraças generalizadas permite a uns a exploração dos demais, principalmente quando a carência alimentar se instala. Mas também promove a união de outros na busca de soluções para o entrave. Se o desespero resulta em medidas intempestivas e individualizadas, também permite que se tirem lições proveitosas, de longo alcance, do imprevisto. Há os conformados à inevitabilidade do encalhe e aqueles que tomam ciência de suas existências há muito encalhadas. É um filme alimentado por vários recortes de pequenos dramas, em sintonia com o momento vivido pelo país.




Entre o conformismo e a busca de alternativas, os encalhados revelam o que são e o que pretendem


As filmagens, em 16mm e som direto, aconteceram praticamente durante maio de 1979. Foram concentradas no cenário único de meio quilômetro de estrada especialmente cortada para a produção, em plena floresta da Serra do Mar de São Paulo, entre a Rodovia dos Imigrantes e a Via Anchieta. Dos cursos d'água próximos foi bombeada a água fundamental à composição da chuva, lançada por mangueiras sobre a locação, assim transformada em implacável atoleiro. A eletricidade necessária às filmagens provinha das baterias dos veículos, cujos faróis forneciam iluminação durante a noite, com apoio de lampiões. O empreendimento não exigia muitas movimentações e tudo parecia resumido a procedimentos bastante simples. Entretanto, muito dispêndio de esforço físico foi exigido do elenco largado ao aguaceiro e lamaçal. Os escorregões e atoladas deveriam ser convincentes, do mesmo modo as encenações de desespero. Tudo isso deixou atores e equipe com nervos à flor da pele, favorecendo a veracidade da realização. O filme é áspero, tenso, gritado, de gestos largos; visceral na medida.


Mas outras dificuldades, impostas por carências orçamentárias, logo se impuseram. Parte substantiva dos recursos foi despendida no aluguel dos veículos utilizados, principalmente dos caminhões. Ao término das filmagens houve a falência de uma das empresas produtoras, fator complicador à pós-produção. No decorrer de 1980 o filme ainda estava em montagem. A seguir, haveria a transposição do original para a bitola de 35mm. Em março de 1982, finalmente concluído, O encalhe entrou na fila de espera do lançamento comercial, ficando na dependência dos cronogramas da Embrafilme, encarregada da distribuição, e da boa vontade dos exibidores. A estreia se deu um ano depois. Numa tentativa de afastar a urucubaca que o rondava, o filme teve o nome alterado: Sete dias de agonia (O encalhe).



Desespero e perplexidade marcam a realização de Denoy de Oliveira


Apesar dos revezes, o valor da realização não demoraria a ser provado. Antes de sua apresentação ao grande público, recebeu no Festival de Gramado de 1982 o Kikito de Melhor Atriz Coadjuvante para Ruthinéa de Moraes. No mesmo certame concorreu a Melhor Filme. Também nesse ano foi agraciado com El Quijote no Festival Internacional del Nuevo Cine Latino-Americano, em Havana. Participou do Festival de Brasília em 1983, ano em que recebeu o Prêmio Especial Air France de Cinema. Levantou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de Melhor Filme em 1984.


Sete dias de agonia (O encalhe) permite ao maestro Denoy de Oliveira reger uma sinfonia exasperada, que convida o espectador sensibilizado à reflexão acerca da penúria dos personagens encalhados. As imagens alternam momentos de dor, crueldade, bondade, solidariedade, esperança, desespero, poesia e medo. Os atores carregam nas emoções e não poderia ser diferente frente a uma situação que a todo momento ameaça ultrapassar os limites do humanamente suportável. O filme traduz com perfeição o bordão "Pior que está, não fica!", quando todos sabem que sobram margens para tudo piorar ainda mais. Sete dias de agonia (O encalhe) cativa por ser, ao mesmo tempo, vigoroso e simples na exposição dos problemas e da matéria-prima que molda o caráter dos mais diversos indivíduos — prontos a revelar o que são em atitudes previsíveis e inesperadas. A natureza dissolvente que reuniu todos naquele cantinho lamacento do mundo funciona como diapasão aos espíritos sob seu controle. Alguns se entregam à dissolução promovida pela intempérie. Outros procuram se manter firmes, oferecendo muralhas de resistência à situação. Os conflitos se instalam e cobram alternativas.


O motorista Grilo (Gonçalves) tem a perna esmagada pela roda do caminhão que o grupo tentava desatolar. Recebe os cuidados possíveis da freira Cristina (Mello), que não impedem o processo inflamatório, a gangrena e os delírios decorrentes da febre. Um recém-nascido morre de fome diante da perplexidade geral. Os mais frágeis se embebedam. Famílias se esfacelam. Os religiosos endereçam fervorosos clamores a Deus. A cafetina Verta (Duval) e a prostituta Lourdes (Moraes), também flageladas e com necessidades urgentes a resolver, improvisam um bordel para escândalo de uns e alívio de outros. Uma trupe circense (Família Esbano e Picoli) tenta aliviar as tensões com um espetáculo improvisado. O abonado Comendador (Leal) tenta permanecer à margem dos eventos, até a fome lançar a atenção dos flagelados sobre seu valioso cavalo reprodutor puro-sangue.


Irmã Cristina (Maracy Mello) questiona a fé

  
A situação parece não deixar espaços à esperança, mesmo diante da recusa de alguns em entregar os pontos. Acumulam-se histórias de amor e ódio. Mas a camaradagem ainda encontra brechas para aflorar. Apesar do atoleiro a vida tem que seguir em frente. Alguns estão sozinhos e contam apenas com seus próprios esforços, como a retirante Dona Umbelina (Maria Rita Costa) e sua prole. Um dos filhos pergunta: "Mãe, para onde vamos?". A resposta: "Faz alguma diferença?". O diálogo — apesar de totalmente outro — não deixa de lembrar a violenta reação de Sinhá Vitória (Maria Ribeiro) em Vidas secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos, quando é questionada pelo filho acerca do inferno e se já esteve lá. Em outro momento alguém diz "Mas a verdade é que a gente é muito sozinho, muito sozinho mesmo!". Mas também se ouve que "O diabo sempre aparece nas águas paradas". Sim, é verdade! Como revela Denoy de Oliveira, o Capeta é dúbio. Pode aparecer para o mal, nas formas de solidão, exploração e egoísmo; ou para o bem, pois o contexto ruim também permite germinar o que há de melhor nas potencialidades humanas. E como atesta um dos caminhoneiros ao final da história, o encalhe teve a sua serventia, ao possibilitar uma reunião, um balanço coletivo de vidas que normalmente avançam solitárias em cada lado da estrada.



A prostituta Lourdes (Ruthinéa de Moraes) 


Na noite encoberta do sétimo dia, a menina Mercedes (Lúcia Bastos Santos) — irmã da recém-nascida morta pela inanição — distingue uma estrela. É sinal de bom tempo. O momento permite aflorar a beleza possível naquelas condições marcadas por tanto desalento. A poesia mais inesperada irrompe nas duras e sujas imagens de Sete dias de agonia (O encalhe). O final é uma interrogação. Para o bem e para o mal, prenuncia novas viagens marcadas por experiências sem fim.


O epílogo esperançoso


A estrada pode ser o escoadouro de uma metáfora da existência vista pelo prisma da aventura em seus significados mais épicos e românticos. Felizmente, pode ser também o palco à exposição de um anticlimático encalhe, sem permitir muitos espaços às soluções fáceis, ainda mais quando a via serve de microcosmo à encenação dos problemas e contradições de uma sociedade inteira. No filme, as margens do traçado estão tomadas pela natureza surda a qualquer clamor. Ela pode, muitas vezes, submeter ao seu compasso inflexível e imutável o fluxo de existências que resultam de arranjos sociais e históricos. No caso brasileiro, o atoleiro social e político resulta de uma bem urdida trama que advoga a naturalização dos processos vitais. Mas Denoy de Oliveira, generoso, questionador, inconformado e com olhos postos no futuro faz a vida fluir, mesmo que seus diversificados personagens estejam, real ou metaforicamente, atolados de corpo e alma.



A estrada convertida em atoleiro, uma metáfora das incertezas e impossibilidades brasileiras


Coordenação de produção: Carlos Augusto de Oliveira. Equipe de produção: Daniel Santiago, Christiano Magiani, Milton Merlucci, Antônio Machado da Silva, Leyla Fernandes, Geraldo Matias. Roteiro e diálogos: Denoy de Oliveira, com base no conto O encalhe dos 300, de Domingos Pellegrini Jr. Assistência de direção e fotografia de cena: Flávio Porto. Continuidade: Dulcinéia Gil. Direção de fotografia (Eastmancolor): Walter Carvalho Correa. Assistência de câmera: Carlos Eduardo da Silva, Gilson A. Prandini. Eletricista: Joel de Queiroz, Urano B. Tolotto. Maquinista: Ângelo Gaglioni. Técnico de som e som direto: Miguel Sagatio. Mixagem de som: José Luiz Sasso, Carlos dos Santos. Companhia de transcrição magnética de som: Vitali FilmSom. Operador de microfone: Dorival Chagas. Montagem: Milton Bolinha. Assistentes de montagem: Dulcinéia Gil, Januário de Souza. Figurinos, maquiagem e cenografia: Perci Rorato, Abílio Cunha. Títulos de apresentação: Fototipo. Programação visual: Elias Andreato. Assistência de cenografia e figurino: Teresinha de Jesus, Pepe. Música: Denoy de Oliveira, Luiz Carlos Gomes. Composição musical: Mudanças, interpretada por Domingos Pellegrini Jr. Interpretações musicais: Denoy de Oliveira, Regina Dourado, Vera Silva, Cleide Eunice, Ana Paixão, Lizete Negreiros. Músicos: Júlio Vicente (sanfona), Luiz Carlos Gomes (violão), Eugenio Gianett (viola), André de Carvalho (baixo), Milton José Calvoso (flauta), Guelo (ritmista). Orquestração: Lizete Negreiros, Luiz Carlos Gomes, Geni Marcondes. Efeitos especiais: José da Silva. Montagem do negativo: Carmen Saraiva. Tempo de exibição: 105 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1984; revisado e ampliado em 2002)




[1] Faleceu em 1998, aos 65 anos.
[2] Além de André, a cara e a coragem, Xavier de Oliveira dirigiu Escravos de Job (1965, curta metragem), Rio, uma visão de futuro (1966, documentário curto), Marcelo Zona Sul (1969), O vampiro de Copacabana (1976), A gargalhada final (1977), A mulher diaba (1982, para a TV), Cinema, infância e juventude (1983, média metragem) e Adágio ao sol (1996).
[3] Geraldo Brocchi realizou o segmento Fátima todo amor e Luiz de Miranda Corrêa, Kiki vai à guerra.
[4] Lenine Otoni filmou o segmento A bela da tarde. Cláudio MacDowell e Adnor Pitanga se responsabilizaram, respectivamente, por Flagrante de adultério e Uma delícia de mulher.
[5] Quanto às informações sobre a carreira de Denoy de Oliveira, cf. MIRANDA, Luiz F. A. Dicionário de cineastas brasileiros. São Paulo: Art Editora, 1990. p. 241-242; TULARD, Jean. Dicionário de cinema: os diretores. Porto Alegre: L&PM, 1996. p. 475; EWALD FILHO, Rubens. Dicionário de cineastas. São Paulo: Nacional, 2002. p. 535.
[6] Segundo o autor, o conto foi baseado em suas recordações de infância: os monumentais atoleiros que se formavam nas estradas rasgadas durante o período de colonização da região norte do Paraná. 

4 comentários:

  1. Eugenio,

    Não conheço o cinema de Denoy de Oliveira, embora tenha visto O Bahiano Fantasma, do qual muito pouco recordo, a não ser da presença do Dumont e de suas locações que me parecem ser no morro.

    Entretanto, lendo sobre E Encalhe, fiquei impressionado com a coragem de um brasileiro, em plena época ditatorial, mesmo ela se acercando do seu final, criar algo com a densidade com que narras em sua postagem.

    Infelizmente, mesmo desejando, vai ser quase impossivel conhecer esta obra, que me aponta critérios fortissimos e me despertou grande interesse em assisti-la.

    Poucas obras o cinema brasileiro fez neste gênero, ou seja, enfocando as qualidades péssimas de nossas estradas interioranas, as dificuldades que este povo cruza ao tentar utiliza-las e etc, etc, como narras nesta página, embora tenha visto, e gostado muito, do Jorge - Um Brasileiro, do bom diretor Paulo Thiago que, se não se atem a exatamente o seguimento da obra do Denoy, caminha por perto, além de se mostrar também como sendo um filme muito dificil de ser criado, tal qual como o imagino O Encalhe.

    Sem muito mais a mostrar sobre esta postagem, aproveito o instante para por aqui mais um elogio por uma outra muito bela narrativa do companheiro.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Caro Jurandir;

      Salvo engano, "Sete dias de agonia - o encalhe", está disponível no Youtube. Já vou verificar e, caso sim, deixo aqui o link.

      Pronto, confere. Está mesmo. Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=Ay5zoRsEfuM

      Abraços. Espero que goste.

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  2. Caro amigo, convido você a conhecer os trabalhos produzidos pela Lestepe no canal que fizemos no Youtube. Vejo que és um grande conhecedor de nossas obras.

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    1. Será um prazer, caro Xavier. Já, já, entrarei no Youtube e procurarei pela Lestepe. Espero encontrar no canal o seu "André, a cara e a coragem", que nunca mais vi.

      Um abraço.

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