domingo, 11 de dezembro de 2016

GREGORY PECK PERDE A ALMA NA TRILHA DA VINGANÇA ABERTA POR HENRY KING

Em geral, não tenho muitas simpatias pelos últimos filmes dirigidos por Henry King, aí considerados quatorze títulos revelados a partir de 1950. Aos meus critérios, por razões meramente afetivas consolidadas na infância, nutro apreço pelo melodrama Suplício de uma saudade (Love is a many-splendored thing, 1955). Porém, as duas honrosas culminâncias do período são os westerns protagonizados por Gregory Peck: O matador (The gunfighter, 1950) e Estigma da crueldade (The bravados, 1958) — que recebe a apreciação da vez neste blog. King dirigiu aproximadamente 115 filmes ao longo de uma carreira oficialmente iniciada em 1915 e encerrada 47 anos depois. Marcou presença em todos os gêneros, notadamente nos westerns. Hoje, infelizmente, pouco se sabe sobre os oito títulos com ações ambientadas no cenário do Velho Oeste, produzidos durante o período do cinema silencioso. Estigma da crueldade é simplesmente vigoroso. É um dos melhores filmes sobre o batido tema da vingança. No papel de Jim Douglass, implacável caçador em busca dos assassinos da esposa, Peck apresenta um dos seus mais convincentes e fortes desempenhos. O roteiro de Philip Yordan ganha, nas mãos do diretor, um dinamismo sem igual. A narrativa é rápida e segura; o ritmo acelerado é mantido em estado de permanente tensão, com decisivos apoios da pontuação musical e fotografia. A apreciação a seguir é de 1977.






Estigma da crueldade
The bravados

Direção:
Henry King
Produção:
Herbert B. Swope Jr.
20th. Century-Fox
EUA — 1958
Elenco:
Gregory Peck, Joan Collins, Stephen Boyd, Lee Van Cleef, Albert Salmi, Henry Silva, Kathleen Gallant, Barry Coe, George Voskovec, Herbert Rudley, Andrew Duggan, Ken Scott, Gene Evans, Jack Mather, Niños Cantores De Morelia e os não creditados Robert Adler, Beulah Archuletta, Ada Carrasco, Alicia del Lago, Joe DeRita, Jacqueline Evans, Juan García, María Gracia, Robert Griffin, Kay Koury, Jack Mather, Jason Wingreen.



Bastidores de Jesse James (Jesse James, 1939): o diretor Henry King, à direita, com Tyrone Power 



Rio Arriba, Texas, lugarejo próximo à fronteira com o México: chega Jim Douglass (Peck), taciturno anjo vingador remoído por intenso ódio e trajado em cores escuras. Cavalgou 160 milhas, aproximados 230 Km — para espanto do xerife Sanchez (Rudley) —, somente para presenciar o enforcamento de quatro condenados por assassinato em tentativa de assalto ao banco local: os brancos Bill Zachary (Boyd) e Ed Taylor (Salmi), o mestiço Alfonso Parral (Cleef) e o índio mexicano Lujan (Silva). Que curiosidade mórbida move Douglass? Por que tanto ódio a reluzir de uma máscara de poucas palavras, olhar frio e semblante endurecido? Devido às características espelhadas, chegou a ser confundido com o carrasco aguardado para a execução dos bandidos, homens que jamais viu. Mesmo assim, faz questão de visitá-los na prisão. Encara-os com a firmeza exigida pela mais odienta disposição. O perspicaz Lujan antecipa os motivos que animam o protagonista ao afirmar para os companheiros de cela: "Este homem é um caçador. Os olhos não mentem".



Acima e abaixo: Gregory Peck como o vingador Jim Douglass



Jim Douglass tem suas razões, apesar de tortas. Por causa do testemunho do vizinho, o mineiro John Butler (Evans), acredita que os prisioneiros são os celerados que lhe assaltaram o rancho há pouco mais de seis meses, deixando-o viúvo de uma mulher brutalmente violentada. A tragédia endureceu um homem cordato e sensível. Desde então deixou a filha Helen (Gracia, não creditada) — ainda na primeira infância — aos cuidados de terceiros. Necessitava de todo o tempo disponível para se atirar, sem contratempos, na senda da perseguição e vingança.


Agora, parece, a busca implacável terminará em Rio Arriba. A Lei dará conta da tarefa que Jim Douglass tentava levar adiante. Está ansioso. Mal pode esperar as poucas horas para a execução. Porém, sente-se vazio e frustrado: não deu conta da missão. A sentença impessoal de um tribunal fará justiça em seu nome, indiretamente, pois os condenados pagarão por outro crime. A amiga Josefa Velarde (Collins), de quem fora enamorado, procura apaziguá-lo. Esforça-se para reconduzi-lo ao lado bom da vida, representado pela filha e o amor sincero que sentia pela esposa. Aparentemente tem sucesso, tanto que o convence a participar de missa celebrada à noite, na cidade.


Jim Douglass (Gregory Peck) visita os prisioneiros que supostamente o deixaram viúvo: Bill Zachary (Stephen Boyd), Ed Taylor (Albert Salmi), Alfonso Parral  (Lee Van Cleef) e Lujan (Henry Silva)

A partir da esquerda, de cima para baixo:  Lujan (Henry Silva), Alfonso Parral  (Lee Van Cleef),  Bill Zachary (Stephen Boyd) e Ed Taylor (Albert Salmi)

Jim Douglass (Gregory Peck) ao lado de Josefa Velarde (Joan Collins) durante a missa



Entretanto, para paradoxal alívio de Douglass, os condenados escapam com o auxílio de Mr. Simms (o não creditado DeRita, a partir de 1961 intérprete de Curly-Joe em Os três patetas/The three stooges), cúmplice que se passava por carrasco e morto durante a operação. Agora o caçador terá a oportunidade de se encarregar pessoalmente da vingança, com as próprias mãos, em obediência ao ordenamento do Antigo Testamento: "Olho por olho, dente por dente". É o que acontecerá. Os fugitivos tomam por refém a jovem Emma (Gallant), filha do comerciante Gus Steinmetz (Voskovek). Os cidadãos, até há pouco irmanados em um culto religioso, logo organizam o grupo de busca. Calculista, aparentando calma e ciência sobre o modo correto de agir, Jim prefere, em primeiro lugar, o conforto das acomodações de um hotel. Iniciará o rastreamento ao amanhecer, devidamente descansado e com adequada visibilidade para descortinar as pistas no terreno. Junta-se à patrulha nas primeiras horas do dia. Com firmeza, assume o comando da formação, mas dela mantém considerável distância. Prefere agir sozinho.


Não demora a encontrar Parral e Taylor. Liquida-os com requintes de crueldade, um de cada vez, em locais diferentes. Deixa os corpos na marcação da trilha. Nestes acertos de contas, uma dúvida começa a assaltar o espectador. Jim Douglass está na pista dos reais culpados pela morte da esposa? Parral e Taylor, em seus minutos finais, cada qual ao seu modo, juraram com muita convicção que jamais viram a mulher que o perseguidor lhes exibia em retrato. Porém, as incertezas logo parecem se dissipar. Adiante, Douglass chega à cabana de John Butler. Encontra-o morto. Zachary, o assassino, também violentou brutalmente a refém e a abandonou no local, em estado de choque. Devido ao deplorável estado de Emma, tudo leva o espectador a acreditar que os fugitivos são de fato responsáveis pela viuvez do caçador.


Odiando cada vez mais, Douglass atravessa sozinho a fronteira, em busca de Zachary e Lujan, após deixar a pobre Emma aos cuidados de Josefa. Esta, horrorizada com a situação da garota, agora o incentiva a matar, sem piedade. Zachary é encontrado numa cantina. Também não reconhece a mulher do retrato, mas age lubricamente, com total despudor e desdém diante da imagem. Certamente, para o espectador e, principalmente, Douglass, o celerado se apresenta como o mais covarde e repulsivo dos assassinos. O roteiro e a direção mexem com os impulsos sanguíneos e inconfessáveis da plateia, mantidos à flor da pele. O asqueroso personagem interpretado por Stephen Boyd é, indubitavelmente, o responsável pela desgraça do protagonista, como aparenta. Tão logo o mata, o vingador se põe na pista de Lujan. Alcança-o em casa, junto ao filho enfermo e da esposa Angela (Del Lago, não creditada). Esta, de surpresa, deixa-o fora de combate. Ao recobrar os sentidos é perguntado sobre os motivos da implacável perseguição. Segue um diálogo terrivelmente esclarecedor, que aponta para o pior. Nenhum dos fugitivos é responsável pela morte da esposa. Com Lujan — um sujeito tranquilo, apenas guia contratado pelos demais perseguidos — são encontradas as evidências do verdadeiro culpado: o mineiro e vizinho John Butler, que se passava por amigo e responsável pela descrição dos suspeitos. Jim percebe o quanto estivera cego, a ponto de se fazer “juiz, júri e carrasco” conforme admite em confissão ao padre (Dugan) de Rio Arriba — momento marcado pelo sentido peso do amargor e remorso. Porém, tudo isso não passa de detalhe para a festiva e agradecida população da cidade, pouco interessada em questões menores, de foro íntimo, não importa se baseadas em decisões errôneas. Para o povo, Jim Douglass é um herói: resgatou a honra e a dignidade do lugar.


Joan Collins no papel de Josefa Velarde


Josefa Velarde (Joan Collins) e Jim Douglass (Gregory Peck) com a filha Helen (María Gracia)



Estigma da crueldade é o último e décimo primeiro western de Henry King. A maioria permanece obscura ao espectador hodierno, pois foi realizada no período silencioso e alguns títulos, a esta altura, estão definitivamente perdidos. São Hobbs in a hurry (1918), When a man rides alone (1918), Where the west beggins (1919), Brass buttons (1919), Some liar (1919), This hero stuff (1919), Six feet four (1919) e Beijo ardente (The winning of Barbara Worth, 1926). Seguem-se os mais famosos e conhecidos Jesse James (Jesse James, 1939) e O Matador (The gunfighter, 1950) — realização vigorosa, tão amarga quanto seca, indubitavelmente um dos principais exemplares do gênero. Ao todo, Peck e King firmaram parcerias em seis filmes: Almas em chamas (Twelve o'clock high, 1949), O matador, David e Betsabá (David and Bathsheba, 1951), As neves do Kilimanjaro (The snows of Kilimanjaro, 1952), O ídolo de cristal (Beloved infidel, 1959) e Estigma da crueldade.


Os westerns de King, protagonizados por Gregory Peck, assemelham-se nas imagens iniciais: apresentam os protagonistas — Jimmy Ringo na realização de 1950 — cruzando a tela em galopes solitários durante a apresentação dos créditos. Estigma da crueldade, mesmo inferior a O matador, está entre as melhores realizações tanto do diretor como dos westerns da década de 50, época de apogeu do gênero.


Peck está particularmente bem como vingador. O semblante transmite convicção. É um homem visivelmente destruído. Deixa transparente todo o ódio que lhe remói a alma. A fúria irradiada dos olhos é assustadora. Dá a impressão de que é possível ouvi-lo no ranger dos dentes. Jim Douglass está entre os mais fortes personagens do ator. A autenticidade da interpretação é ampliada por dois poderosos suportes revestidos de intensa dramaticidade: música[1] e fotografia. O tema The hunter, ouvido em cada instante da perseguição, comenta com propriedade um estado de alma esculpido no arrojo e na determinação. A melodia pontua o galope ou o trote, como se marcasse o compasso da disposição de avançar sempre, até a consumação da tarefa. Já a fotografia, a cargo do expert Leon Shamroy, surpreende pelos contrastes entre dia e noite, com o protagonista bem inserido em ambos os turnos. Os dias são de fato claros. Refletem luz intensa, que destaca o chapéu negro do personagem, também trajado em cores quentes. À noite, tudo se torna excessiva e propositalmente sombrio, imerso em tons escuros dissolvidos em azul, negro e vermelho, com Jim Douglass respirando incansável no centro das variedades cromáticas. Dá a impressão de que o forte ódio extravasa de todo o seu ser, a ponto de iluminar com intensos matizes todo o cenário. A presença do vingador também não deixa a paisagem indiferente. A sensação de sobrenatural reveste o conjunto natureza-caçador. O entorno é agreste, seco, retorcido, esculpido em puro assombro. Poucas vezes o relevo e a vegetação mexicanas foram tão bem aproveitados pelo cinema.


Bill Zachary (Stephen Boyd) e a refém Emma Steinmetz (Kathleen Gallant)



Ainda no tocante a musica, Josefa Velarde mereceu um prefixo feito de suaves e envolventes acordes de guitarras. É algo excessivo para uma personagem pouco exigida, mais parecida a uma coadjuvante de luxo. A atriz Joan Collins, inglesa de nascimento, sequer conseguiu ocultar o sotaque das origens, falha para quem representa uma mexicana de nascimento.


Estigma da crueldade é dos melhores westerns sobre o batido tema da vingança ou a dicotomia perseguidor-perseguido. A narrativa é rápida e segura. O ritmo acelerado é mantido em permanente tensão. Henry King —, a serviço da 20th. Century-Fox dos anos 30 ao encerramento da carreira em 1961[2] — nunca foi, nesse período pelo menos, realizador de ousadia inventiva. Era narrador seguro, mas se limitava a seguir fielmente os roteiros. Afundava se a peça fosse ruim. Mas quando tinha a sorte de receber um bom guião, como o de Philip Yordan para Estigma da crueldade, acertava na mosca.


A sequência final — a sofrida expiação de Jim Douglas junto ao padre de Rio Arriba — merece reparos. Às vezes é pouco convincente. Da mesma forma, o porte altivo do personagem quando avança diante da multidão que o aclama, levando nos braços a filha Helen e ladeado por Josefa Velarde que lhe serve de anteparo moral. O epílogo, em parte, contradiz a figura do pecador visto momentos antes, tão trágico e fragilizado, purgando à maneira cristã as faltas cometidas, mas de modo tão simples e fácil... Soa falso, para não dizer hipócrita.


Alguns reparos podem ser feitos ao figurino de Joan Collins, excessivamente luxuoso e berrante. A igreja de Rio Arriba também é demasiado grande, ainda mais para um povoado de tão baixa densidade populacional. Sabe-se que os colonizadores espanhóis fizeram bom uso dos metais e pedras preciosas que conseguiram reter da exploração mineiro-colonial na construção de requintados templos católicos. Mas o de Rio Arriba é acintosamente exagerado para uma comunidade de maioria economicamente remediada. Críticas no mesmo diapasão podem ser dirigidas à indumentária do coral representado pelos Niños Cantores De Morelia, constituído de pobres petizes com pés descalços, certamente moradores de miseráveis casebres. Provavelmente, sequer possuíam roupas em bom estado. Assim, soam pouco condizentes as vestimentas utilizadas pelo grupo. De tão brancas e limpas, parecem ilustrar comercial do melhor sabão em pó da atualidade.


Há um visível erro de continuidade: Jim Douglass enlaça Ed Taylor em uma perna. Mas, ato contínuo, a corda envolve os dois membros do fugitivo quando este é arrastado e pendurado em uma árvore.


É marcante, a ponto de assustar, a observação de Lujan para os companheiros em fuga: "Você jamais ouvirá o som do tiro que o matará".





Roteiro: Philip Yordan, baseado em novela de Frank O’Rourke. Música: Lionel Newman e dos não creditados Hugo Friedhofer e Alfred Newman. Direção musical: Bernhard Kaun. Direção de fotografia (CinemaScope, Color DeLuxe): Leon Shamroy. Direção de arte: Lyle R. Wheeler, Mark-Lee Kirk. Decoração: Walter M. Scott, Chester L. Bayhi. Montagem: William Mace. Planejamento de guarda-roupa: Charles Le Maire. Maquiagem: Ben Nye, Jack Obringer (não creditado). Penteados: Helen Turpin. Assistente de direção: Stanley Hough. Som: Bernard Freericks, Hal Lombard, Harry M. Leonard. Consultor de cor: Leonard Doss. Gerente de unidade (não creditado): Henry Weinberger. Segundo assistente de direção (não creditado): Jack Stubbs. Camareiro (não creditado): Paul S. Fox. Edição de som (não creditada): William Hartman, Don Isaacs, Sam Woodward. Efeitos especiais: William F. Mittlestedt (não creditado). Assistentes de câmera (não creditados): Delmer Blair, Leo McCreary, Lou Pazelli. Operadores de câmera (não creditados): Lee Crawford, Paul Lockwood. Eletricistas (não creditados): Fred Hall, Bob Henderson, Hank Vadare. Fotografia de cena: Rollie Lane (não creditado). Primeiro assistente de edição: Orven Schanzer (não creditado). Mixagem da trilha musical: Michael J. McDonald (não creditado). Continuidade: Teresa Brachetto (não creditada). Treinador de lutas: 'Chema' Hernandez (não creditado). Auditoria da produção: Vic Price (não creditado). Lentes de CinemaScope: Bausch & Lomb. Sistema de mixagem de som: Estereofônico em quatro canais pela Westrex Recording System. Supervisão musical: Lionel Newman (não creditado). Tempo de exibição: 98 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1977)



[1] Os créditos atribuem a música a Lionel Newman, irmão mais novo de Alfred Newman. No entanto, sabe-se que o primogênito e Hugo Friedhofer, não creditados, estavam entre os autores da trilha. Pelo visto, fizeram uma oportuna e gentil concessão a Lionel. Este teria participado mais intensamente da não creditada supervisão musical.
[2] Suave é a noite (Tender is the night), pífia adaptação da obra homônima de Francis Scott Fitzgerald, é o último trabalho do diretor.

16 comentários:

  1. Hola Eugenio.

    Como ya sabes, en España este filme se tradujo por 'El vengador sin piedad', como siempre felicitarte por la extensión y buena documentación de tu evaluación.

    Tengo vagos recuerdos de esta película, desde luego casi todas las de Gregory Peck fueron emitidas en televisión española y creo recordar una fabulosa fotografía.

    Me resulta curioso ver a Joan Collins tan jovencita, aquí en España se la recuerda por series de televisión en otra etapa ya de su vida que conservaba su atractivo y su buen hacer.

    Una película que describes como la historia de una venganza, algo que siempre fue motivante en el cine para hacer grandísimas películas.

    Cine para el recuerdo que no debemos de olvidar.
    Un gran abrazo Eugenio.

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    1. Olá, Miguel Pinna.

      Está película THE BRAVADOS, é um dos grandes exemplares da culminância a que chegou o western nos anos 50. É um dos filmes mais adultos do gênero. Gosto muito de seu andamento e composição. Gregory Peck está muito bem. Aliás, ele sempre se saiu bem nos westerns, para mim muito melhor que em outros filmes.

      Abraços.

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  2. Eugênio,

    Vou fazer uso de um termo simples para não soar como imagem de que estou pondo qualquer ataque em suas falas. Mas, de verdade estou sim, não pondo ataques, mas evidenciando alguma censura em algumas coisas que foi citado na matéria e que percebi ter sido totalmente desnecessária.

    Apesar de ter um amigo cinéfilo tal qual você, e também conheço muitos outros semelhantes, que ficam catando defeitos e erros de toda a espécie nos filmes que assistem, como os que acaba de elucidar na cidade de Rio Arribas, falando da qualidade da Igreja como muito descomunal para o local, e mais outros detalhes passáveis, como os trajes utilizados pela Joan e até pelo seu sotaque, tudo isso depois de uma resenha perfeita de dos melhores westerns que o cinema criou.

    Confesso que são informes plena e completamente dispensáveis de serem dados, principalmente porque são de muito pouco interesse para quem viu e amou a pelicula vista e revista.

    No meu pequeno e mais que modesto modo de atentar para as coisas, o que importa verdadeiramente para quem lê uma resenha bem arregimentada como esta é aquilo que citas do roteiro, da direção, do desenrolar, das paisagens, ou seja, de coisas apenas atinente à fita que muitos viram, gostaram e acabaram de ler esta enquete maravilhosa da pelicula do King.

    Tenho certeza de que a muito poucas pessoas tudo isto que diz extra filme vem aos seus interesses. O que se aprecia ler é tudo o que foi citado anterior às classificações de defeitos, pois se trata mesmo de um western Classe A, com ótimas interpretações e com mais todas as virtudes que você mesmo enlevou no filme.

    Citei isso para o outro amigo que falei acima. Porém, ele me informou que não sabe de forma alguma assistir a um filme sem ser deste modo. Dises para ele que eu vejo um filme para apreciar uma boa arte e que somente revelo tais defeitos quando eles são gritantes demais.

    Sinceramente não sei o que dirias de erros de continuidade se se dispusesse a falar de O Gladiador/00, do Rydley, porque os erros são tão escabrosos que até eu os observei. Mas...como cada um tem o direito de se expressar à sua maneira e forma, o que acabei de citar foi apenas uma observação que sei, de convicção, que não lhe será do agrado.

    Vais ter que ter paciencia e compreensão, mas tenho de me expressar como sinto que devo.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Lamento muitíssimo por ter lhe provocando tantos achaques por simples detalhes, Jurandir. Você perdeu uma boa oportunidade para se referir ao filme, à sua força narrativa e às suas qualidades fílmicas para ficar pondo reparos em uma apreciação escrita por mim na juventude, em 1977, e que é francamente favorável ao trabalho de King.

      Ora essa, meu caro! Francamente! Perder tempo com isso? Se eu achei problemáticas estas questões, quando ainda era rapazola, o que dirá agora, quando meus olhos e senso crítico estão mais afiados? Além do mais, são problemas que dão nas vistas, de tão evidentes!

      Por outro lado o texto é meu, a apreciação é minha, exponho-me da forma que achar mais conveniente de acordo com o momento e as circunstâncias. Não escrevo para agradar a A ou B, muito menos com a intenção de desagradar a C ou D. Mesmo porque, originalmente, texto algum dentre os aqui publicados foi pensado para ser apreciado publicamente. Eram apenas escritos particulares dos meus CADERNOS DE CINEMA, nos quais apenas apontava para mim mesmo qualidades e problemas dos filmes que via. Se você ainda não percebeu a especificidade desde blog e a sua diferença em relação a outros blogs, leia o texto inicial, APRESENTAÇÃO, onde tudo está devidamente exposto. É necessário conhecer as pretensões de um veículo antes de oferecer pitacos. Se você não tem tolerância para isto, lamento. Também não sei porque está falando de O GLADIADOR... Filme que nem vi (ainda!) e, por isso, sequer foi apreciado aqui.

      Bueno... Você pode falar o que quiser, da maneira que bem entender (só não vale me xingar, muito menos à minha mãe. Rs!). Mas se vai por reparos por sua própria conta, devido a uma vocação de fanzine, aí então terei também que dar as minhas respostas. Acabou que você evidenciou mais os problemas percebidos ao final do filme do que eu. Produziu praticamente um arrazoado para se contrapor às poucas e últimas linhas que produzi a respeito.

      Convenhamos! É se preocupar com muito pouco, como se os problemas de um filme não pudessem ser mencionados por quem se dispõe a fazer uma apreciação. E ainda com a pretensão sua - um tanto autoritária, diga-se! - de direcionar o que posso ou não escrever! Está se transformando em censor? Ora!

      Saludos!

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    2. Posto mensagem-resposta do Sr. JURANDIR LIMA endereçada especificamente ao editor deste blog:

      Eugenio,

      Não tinha a menor ideia de que você colocava uma resenha à disposição de quem a desejasse ler para que quem a lesse TIVESSE que concordar com o que está escrito ou então receberia uma porrada desta somente por citar suas exclusivas opiniões.
      Entendia que se era livre para observar o que achasse que deveria, pois pensava que a democratização também fizesse parte deste pequeno mundo aqui. Mas, acabo de confirmar que estava totalmente em órbita. A coisa não era bem como imaginava.
      As pessoas são diferente das outras, Sr. Eugenio, e cada tem seu modo ou jeito de dizer as coisas, ou seja, dar sua palavra sobre uma fita como entende que deve ou sabe dar e jamais fazer isso imaginando em por desagrados no editor. O tratamento decente deveria ser mútuo. Deveria!
      Sr. Eugenio: eu sou um homem livre, independente em tudo na vida, tenho lisura de caráter e tenho identidade limpa. Sei ler e escrever sem ferir as pessoa a quem deverias respeitar pelo respeito que sempre a este devotei.
      Andei sabendo que o senhor é um homem culto porém meio esquentado. Eu não sou culto, não devo ter seu conhecimento, mas não sou nenhum santo. Me deu porrada leva porrada. E falando em esquentado vamos deixar isso de lado. E bem melhor.
      Procure saber como responder para alguém que não concordou com algo que postou utilizando adequado senso de humor, de elegancia e uma educação mais refinada, porque em todo o seu trecho tudo o que li do senhor foi brutalidade em cima de brutalidade.
      Saiba que as pessoas têm honra e que esta não foi criada apenas para o senhor. Portando de reserve a tratar melhor quem lida com que o senhor escreve aceitando criticas, mesmo porque o senhor não é o maior homem do mundo nem o mais sábio, muito menos o intocável ou Deus.
      Se o senhor carrega em si problemas pessoais dos quais nada tenho com isso, por gentileza, vá descarrega-lo em quem vos faz se sentir assim. E este não sou eu.
      Cultuo o hábito de ser honesto comigo mesmo. Eu não vivo para agradar quem quer que seja. Vivo para dizer o que sinto e para AGRADAR A MIM.E como não sou uma pedra para ler todo este desagravo aqui está minha resposta, que sei, vai embolorar sua alma e entranhas. Lamento. mas quem diz o quer ouve o que não quer. Para um deseducado outro, e este outro estou sendo eu AGORA.
      Sei que foi o senhor quem escreveu o texto, que diz nele o que quer e deseja. E que pouco importa se ele foi escrito em que ano tenha sido. O que vale é o que está escrito tanto para mim como para o senhor e os demais. Este não é o ponto. O Ponto é ter a decência de receber uma critica e administra-la com qualidade e respeito. No meu texto o Sr. não leu, sequer, uma palavra que se assemelhasse a nada do que me respondeste, colocando para fora toda DESEDUCAÇÃO QUE NÃO IMAGINAVA TER,e todo o amargor que deve viver acumulada em seu interior.
      Outra coisa.Falei sobre O Gladiador para citar que até filmes como aquele tão adorado pelo publico é cheio de erros.

      Fineza excluir meu nome das pessoas a quem envia suas resenhas e que têm que concordar COM CADA PALAVRA QUE ESCREVER. Não precisa me responder porque não vou ler e nem me mandar qualquer email pondo nele suas vísceras cheias de amargura e desrespeito.

      Porem, já que me deste uma resposta como desejou e o fez no blog, espero que faça o mesmo com o que contem neste trecho

      Jurandir Lima

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    3. PRONTINHO, Jurandir!

      Nome excluído da listagem de remessas de postagens sobre as renovações do blog. Tudo conforme o ordenado. Nunca li nada tão carregado de amargura e ressentimento. QUE COISA! Pelo visto, continua compreendendo tudo errado. Porém, enfim! Que seja! Vou descansar minhas "vísceras cheias de amargura e desrespeito". Convém que faça o mesmo com a sua bílis derramada. Fique em paz!

      Hasta la vista!

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  3. Olá, José!
    Uma das razões pelas quais Estigma da Crueldade é reverenciado até hoje como um dos melhores filmes do gênero western, é devido ao seu surpreendente e inesperado final. Precisemos que Henry King é o responsável único por isso. Ao alterar o roteiro original de Philip Yordan, o diretor executou uma das mais acertadas e felizes decisões de sua longa carreira de meio século de cinema. Escutemos King: “A propósito de Gregory Peck, foi unicamente pela amizade dele que aceitei rodar Estigma da Crueldade, roteiro que inicialmente recusei por tê-lo achado sem pé nem cabeça. Mas Peck o amava tanto que eu disse a mim mesmo que não o abandonaria. Tomei meu avião e parti rumo ao leste, levando o roteiro que Buddy Adler havia pedido para que eu lesse. Durante o meu retorno, parei em pleno deserto em Winslow, Arizona, e o reli. Inicialmente, tratava-se de quatro bandidos que violam uma mulher, matam-na e em seguida são presos pelo assalto de um banco. O marido da mulher assassinada vem vê-los na prisão, mas eles fogem graças a um cúmplice. O marido os caça e os mata um por um, exceto o quarto por ele ter mulher e filhos. Achei completamente idiota o sujeito poupar um assassino simplesmente porque este tem mulher e filhos. Então ponderei: supomos que nenhum desses homens seja culpado. Havia no roteiro original um personagem bastante desenvolvido: um vizinho que intervinha numa cena e que informava os bandidos fugitivos. Então disse a mim mesmo: por que não fazer deste homem o culpado? Por que não fazê-lo atribuir o seu crime a esses desconhecidos que passam por sua casa? Contei minha idéia a Buddy Adler, que a achou muito boa. “Mas o que dirá Peck?” ele me perguntou. “Não tema nada. Ele adora tudo que é insólito e inabitual.”
    Uma jogada de mestre!
    Um abraço!

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    1. Excelente contribuição, Thomnaz. Não sabia desses antecedentes. Confirmam a superioridade de King e seu talento como conhecedor da arte de constar histórias. Graças à intervenção do diretor o filme ficou cinzento, matizado, mais adulto também.

      Gregory Peck também explica os motivos pelos quais se entusiasmou tanto pelo argumento de ESTIGMA DA CRUELDADE: sempre pensou no filme como uma oportunidade de prestar contas com o macartismo - que vitimou tantas vidas inocentes - e ao qual ele, Peck, sempre me posicionou como ferrenho adversário. Era uma das vozes que mais se pronunciaram contra a paranoia da extrema direita estadunidense. No entanto, também admitiu que não foi fácil compor Jim Douglass. Afirmou que o personagem era por demais odioso e interpretá-lo foi uma luta diária com a própria consciência durante todo o tempo em que durou a filmagem.

      Por fim, é até engraçado... O mesmo ator que interpretou o "juiz e carrasco" Jim Douglass faria, quatro anos depois, o mais justo e liberal dos advogados em O SOL NASCE PARA TODOS ("To Kill a Mockingbird"), de Robert Mulligan. São as contingências que o cinema nos impõe. Não se sabe, mas como Gregory Peck era impregnado por bons sentimentos, talvez o advogado Atticus Finch tenha lhe servido como alívio de consciência e anteparo moral depois de viver o cowboy justiceiro. Hehehe! Vá saber.

      Abraços.

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    2. Olá, José! Somente hoje vi tua resposta. Se soubesse que estava aqui desde 5 de março certamente já a teria lido antes. Realmente Gregory Peck sabia interpretar tipos de personalidades bem distintas. Em 1944 interpretou o caridoso e exemplar Padre Francis Chisholm, em "As Chaves do Reino", que rendera a Peck sua 1ª indicação ao Oscar. Em contrapartida, dois anos depois viveu o mais odioso de seus personagens, que foi Lewton 'Lewt' McCanles, de "Duelo ao Sol", mais odioso até que Jim Douglas, já que este último estava com a alma abalada e movido por mágoa e sentimento de vingança pela morte da esposa, a qual ele tinha quase certeza que fora assassinada por aqueles quatro bandidos. Você definiu bem ao dizer que Gregory Peck era impregnado por bons sentimentos, assim como seu amigo Henry King. Por isso se davam tão bem e realizaram seis notáveis e inesquecíveis parcerias. Aquele abraço!

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    3. Olá, Thomaz;

      Bem lembrado. Sou dado a esquecer DUELO AO SOL na carreira de King Vidor, logo, da interpretação de Gregory Peck como o totalmente amoral Lewton McCanles. Creio que neste filme ele dinamita um comboio com todos os seus passageiros. Agora tive vontade de rever o filme.

      Abraços.

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  4. Para sua análise, temos um filme muito bom, principalmente com boa guiada que dá muita força para a história ... Eu acho que deveria haver mais filmes westerns, eu pessoalmente gosto muito.
    Grande filme com Gregory Peck, super e super revisão VOCÊ :)

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    1. También concuerdo con su aporte, Maria Del Socorro. Los westerns hacen falta, aún más las producciones tan vigorosas como esta dirigida por Henry King, con un inspiradíssimo Gregory Peck en el papel de un vengador impiedoso - tan diferente de los personajes cordatos que normalmente interpretaba.

      Beijos, abrazos e saludos, querida.

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  5. Olá, José!
    É muito comum lermos em comentários a respeito de "Estigma da Crueldade" que aqueles 3 bandidos forma mortos por Jim Douglas injustamente. Mas a verdade é que não foi tão injusto assim, afinal se não foram os reais culpados pela morte da esposa de Jim, assaltaram o banco de Rio Arriba e mataram o funcionário, ou seja, não deixavam de ser perigosos bandidos e assassinos, não eram santinhos, tanto é que foram condenados à morte na forca. Escaparam da forca, mas não de Jim Douglass. Os habitantes de Rio Arriba, ao final, aplaudiram-no como herói e com razão, pois se vivos aqueles três poderiam cometer outros crimes.
    Um abraço!

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    Respostas
    1. Bom... Estamos no campo da ficção, diante de um drama com ambientação específica na qual o "mocinho" se orienta segundo a lei de Talião. É o campo delimitado pelo roteiro que ofereceu determinado desenho aos personagens segundo o escopo cultural da lei do velho Oeste. O filme é muito bom. Mas o personagem, muito bem desenhado e interpretado, é odioso. É um justiceiro. Moralmente, jamais apoiaria um justiceiro, um linchador e um espalhador de boatos, para citar apenas três. Não eram "santinhos" os bandidos, o personagem de Peck muito menos. Quem sou eu para prever movimentos futuros, até de bandidos. Jim também agiu como bandido. Enfim...

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  6. Bem... Aí é uma questão de opinião mesmo. Para mim Jim Douglass não é odioso, e sim herói. E se não era tão santinho, era mais santinho que os 4 bandidos, pois até perder a esposa assassinada não consta que ele assaltava bancos ou matara inocentes (inocência que aqueles 4 estavam longe de ter). Aquele velho e conhecido refrão de que "Deus escreve certo por linhas tortas" se encaixa perfeitamente à trama de Estigma da Crueldade, pois Jim Douglass, mesmo que equivocado, eliminara 3 deliqüentes.

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