domingo, 28 de setembro de 2014

O MODERNO CINEMA NARRATIVO NASCE NO BERÇO DO MAIS VIL E GROTESCO RACISMO — PRIMEIRA PARTE

Em 1985 uma gigantesca mostra dedicada a David Wark Griffith percorreu as principais capitais brasileiras. Acompanhei-a na íntegra, em Belo Horizonte. Tive o raro privilégio de assistir em tela grande a um significativo número de curtas que serviram de laboratório às suas experimentações na consolidação das convenções linguísticas do cinema narrativo moderno. Entre os longas exibiu-se o polêmico e fundador O nascimento de uma nação (The birth of a nation, 1914). A peça assombra por dois motivos: em primeiro lugar, pelo pioneirismo de Griffith na apresentação de um cânone que emancipou a câmera, rompendo com a pretensa objetividade e impessoalidade do aparelho. Também firmou os princípios da decupagem, ainda fundamentais a boa parte dos filmes vistos hoje. Em segundo lugar, devido ao tratamento dispensado aos negros, percebendo-os pelo prisma do mais vil, grotesco e incômodo racismo. A criminosa e terrorista Ku-Klux-Klan é glorificada e elevada à condição de instância consolidadora dos Estados Unidos que emergem da Guerra de Secessão. Ainda hoje O nascimento de uma nação é uma realização à qual não se fica indiferente, por um ou outro motivo. Esta apreciação, escrita em 1985, será apresentada em três partes. Inicia contextualizando o papel de Griffith como pioneiro do cinema, destacando seu processo criativo nas formas de invenções e sistematizações. Terá prosseguimento com considerações a O nascimento de uma nação como realização, em forma e conteúdo; enfatiza o parto da obra cinematográfica e a visão de mundo do cineasta, base do seu racismo. Finaliza com as repercussões negativas geradas, dentro e fora dos EUA; as justificativas e defesas levantadas por Griffith contra as acusações a ele e ao filme; aprofundando-se em análises do seu horizonte intelectual e das ideias legitimadas por uma vertente do pensamento social no momento da realização.







O nascimento de uma nação
The birth of a nation

Direção:
David Wark Griffith
Produção:
David Wark Griffith, Thomas F. Dixon
David Wark Griffith Corporation, Epoch Productions Corporation, Reliance-Majestic, Mutual Films Corporation
EUA — 1914
Elenco:
Lillian Gish, Henry B. Walthall, Mae Marsh, Ralph Lewis, George Siegmann, Josephine Crowell, Mirian Cooper, Donald Crisp, Wallace Reid, Elmer Clifton, Joseph Henabery, Spottiswoode Aitken, Robert Harron, Walter Long, J. A. Beringer, Jennie Lee, Maxfield Stanley, Mary Alden, Howard Gaye e os não creditados Eugene Pallete, Bessie Love, Raoul Walsh, Elmo Lincoln, Erich von Stroheim, Sean Aloysius "John Ford/Jack Ford" O’Feeney, Alberta Franklin, Alberta Lee, Allan Sears, Alma Rubens, Betty Marsh, Bob Burns, Charles Eagle Eye, Charles King, Charles Stevens, D. W. Griffith, Dark Cloud, David Butler, Donna Montran, Edmund Burns, Edward Burns, Fred Burns, Fred Hamer, George Walsh, Gibson Gowland, Harry Braham, Jules White, Lenore Cooper, Madame Sul-Te-Wan, Mary Wynn, Monte Blue, Olga Grey, Peggy Cartwright, Russell Hicks, Sam De Grasse, Tom Wilson, Vester Pegg, Violet Wilkey, Walter Huston, William De Vaull, William E. Cassidy, William Freeman. 



David Wark Griffith: cineasta, experimentador, inventor, sistematizador



1914: o cinema  hoje, poderoso e respeitado meio de comunicação e expressão  aproximava-se das duas décadas de existência. Ainda era visto com desdém pelas camadas sociais mais abastadas e esclarecidas, voltadas à nobreza e dignidade do teatro. Não passava de entretenimento vulgar de operários, vagabundos, vigaristas e prostitutas, gente iletrada que, diante das agruras do dia a dia, buscava o escapismo rápido e inconsequente ao custo de poucos centavos. Contentava-se com historietas fáceis, de forte apelo, com duração de três a dez minutos  westerns, dramalhões, aventuras, policiais  produzidas uma atrás da outra, captadas sem maiores cuidados por uma câmera invariavelmente fixa e estreladas por atores de gestual exagerado, totalmente estranho ao espectador hodierno. Este, despreocupado e desinteressado em contextualizar, acharia ridícula e sem sentido a visão dessas preciosas raridades dos primórdios da sétima arte. Espumaria de raiva se cometesse o desatino de entrar na cinemateca que as exibisse. Esses arremedos de drama eram mostrados ininterruptamente em galpões — os famosos "poeiras" ou "celeiros de pulgas" — destituídos de maior conforto e tomados pelo "incivilizado" e constante entra-e-sai de pagantes briguentos. Essa movimentação geralmente transformava o cinema em caso de polícia.


Entretanto, em 1914, David Wark Griffith inicia O nascimento de uma nação. Transforma radicalmente o panorama que tem o cinema como negócio altamente lucrativo mas marginal, capaz única e exclusivamente de atender aos impulsos mais selvagens e vulgares das massas mal educadas. A produção custa inéditos 110 mil dólares — oriundos do caixa do diretor e da ajuda de amigos — e tem inicialmente 170 minutos — a mais longa duração do cinema americano até então. De modo bombástico, "milhares de americanos ricos e cultos" são convencidos das possibilidades do cinema "falar às suas emoções e satisfazer aos seus gostos artísticos"[1]. As imagens deixam de prestar tributo às imposições da marcação teatral — às convenções e limitações do palco — e adquirem essencial autonomia, vigor e eloquência de um meio específico de comunicação. O cinema se converte em arte, embora sob o signo da controvérsia — como adiante se verá.



David Wark Griffith ao lado do colaborador habitual, o diretor de fotografia e operador de câmera  Joahann Gottlob Wilhelm "Billy" Bitzer


O nascimento de uma nação estourou nas bilheterias[2]. Gerou, durante o lançamento, inéditos 15 milhões de dólares, resultado de um ingresso cobrado não mais em centavos, mas a dois dólares a poltrona. O sucesso obriga os bancos ao reajuste de foco em relação ao cinema. Passam a injetar generosas quantias nas produções, consolidando de vez um novo parque industrial[3]. Firmam-se novas condições de concepção e exploração comercial, graças às quais os longas-metragens, apoiados em montagens mais sofisticadas, puderam se multiplicar e afirmar o domínio de Hollywood por todo o cinema americano, depois, pelo mundial[4]. Não menos relevante: O nascimento de uma nação provoca o surgimento da crítica cinematográfica. O assombro da novidade, acrescido das apaixonadas, violentas e mais que justificadas polêmicas que causou — devido à parcialidade com que enfocava os negros, interpretados por atores brancos pesada e grotescamente maquiados, pelo menos os que desempenhavam papéis significativos —, gera a criação de seções dedicadas exclusivamente à análise de filmes pelos periódicos. Mais que tudo, graças a O nascimento de uma nação os EUA tomam consciência do "poder do cinema em suscitar emoções e modelar a opinião"[5].



Causou repulsa praticamente generalizada o tratamento desumano e grotesco de Griffith aos negros


Convencionou-se dizer, com toda propriedade, que O nascimento de uma nação é o marco zero na consolidação das bases do moderno cinema narrativo. Até hoje, tudo o que se assiste numa tela lhe paga tributo, bem como a Griffith. Mas ao contrário do que comumente se pensa ou diz, tanto um como outro não se fizeram da noite para dia. O gênio do diretor e a modernidade da peça fundadora não nasceram prontos. Tudo é parte de um longo processo no qual se cristalizam descobertas anteriores, algumas do próprio Griffith, outras equivocadamente atribuídas a ele.


O nascimento de uma nação contribuiu decisivamente na passagem do cinema à idade adulta e na emancipação do racismo

  
Da mesma forma não procede dizer que O nascimento de uma nação seja o primeiro longa-metragem do cinema mundial. Ora, tal afirmação não vale nem mesmo para o cinema americano. Em 14 de novembro de 1914, antes do lançamento de O nascimento de uma nação — em 8 de fevereiro de 1915 —, o público toma conhecimento de O grande romance de Charles (Tillie's punctured romance), realização de Mack Sennett estrelada por Charles Chaplin. Possui o número pouco habitual de 6 bobinas (83 minutos) distribuídas por 1800 metros de película. Apesar de a metragem corresponder à metade do filme de Griffith, não deixa dúvidas a respeito[6]. No cenário internacional a Itália estava na dianteira dos americanos: em 1912 lança Quo vadis? (Quo vadis?), de Enrico Guazzoni, com cerca de 2500 metros e duração de 115 minutos. Em 1914, apresenta Cabíria (Cabiria ‑ Visione storica del terzo secolo a. C.), de Giovanni Pastrone, com 180 minutos — 10 a mais que O nascimento de uma nação e medindo pouco mais de 3900 metros.


O pioneirismo de O nascimento de uma nação se resume em ser o primeiro épico do cinema americano e o terceiro do cinema mundial, seguindo Quo vadis? e Cabíria. Mas é acrescido do arrojo e determinação de ter emancipado a câmera e firmado definitivamente o modo de expressão da moderna linguagem cinematográfica.


Segundo Paulo Emílio Sales Gomes "A era primitiva do cinema (...) conclui-se em 1913-1914 com a realização de Cabíria, o apogeu do cinema primitivo, e de O nascimento de uma nação, primeira fita muda moderna"[7]. Antes, houve as experimentações de Georges Méliès  provando aos Irmãos Lumière que o cinema era mais que uma curiosidade científica sem futuro  e os primeiros esforços de Griffith para lhe atribuir forma e significado, libertando-o dos rudimentos da narrativa simplória, apoiada num abecedário que encontrava limites na suposta ignorância das massas para compreender expressões minimamente mais rebuscadas. O cinema era teatro filmado; estava aprisionado às convenções do palco.


Cabiria (1914), de Giovanni Pastrone
Segundo Paulo Emílio Salles Gomes, "A era primitiva do cinema conclui-se em 1913-1914 com a realização de Cabiria, o apogeu do cinema primitivo, e de O nascimento de uma nação, primeira fita muda moderna"


Griffith começa no cinema em 1907, como ator contratado por Edwin S. Porter — realizador de O grande roubo do trem (The great train Robbery, 1903) para a Thomas Edison Company. No ano seguinte está na American Biograph Company, na função de diretor de filmes. Esse irrequieto e experimentador filho de sulistas abastados que a Guerra de Secessão (1860-1865) empobreceu, leitor atento de clássicos que vão de Shakespeare a Dickens — fontes permanentes de influência —, mostrou imediato inconformismo com o mandamento do "Isto-você-não-pode-fazer", comum aos estúdios e empresas produtoras. O primeiro filme que dirige é The adventures of Dollie (1908). Daí, até 1913, quando rompe com a Biograph  insatisfeito com a reação negativa dos produtores a Judith of Bethulia, extraído de narrativas bíblicas (outra forte influência) , completa uma filmografia com mais de 400 títulos, assim distribuídos: 47 em 1908, 138 em 1909, 105 em 1910, 67 em 1911, 60 em 1912 e 17 em 1913. Realiza, em média, 75 filmes por ano. A queda acentuada no ritmo de produção a partir de 1911 revela a preocupação com filmes melhor elaborados. Sem dúvida, é a mais frutífera carreira de cineasta em todos os tempos. Em 1931, quando roda o último título, o lamentável e medonho The struggle, a filmografia de Griffith ostenta 529 títulos. Destes, sobreviveram 345, número ainda mais impressionante quando se sabe que as realizações dos primórdios do cinema eram dedicadas ao consumo rápido e não despertavam interesses na preservação. Por esse motivo Griffith passou à posteridade como um dos cineastas pioneiros com mais registros sobre a formação e desenvolvimento de uma linguagem e visão de mundo, prato cheio para pesquisadores e estudiosos. John Ford, discípulo seu que começou no cinema em 1914, como ator, passando à direção em 1917, não teve a mesma sorte. A maior parte dos filmes em que atuou ou realizou ao longo de todo o período silencioso foi perdida, consumida em incêndios que assolaram os mal cuidados depósitos dos estúdios[8].



A terrorista, racista e assassina organização Ku-Klux-Klan assume papel heroico e pacificador em O nascimento de uma nação


After many years (1908), For love of gold (1908), The fatal hour (1908), The red man and the child (1908), A drunkard's reformation (1909), The lonely villa (1909), A corner in white (1909), The country doctor (1909), Ramona (1910), The usurer (1910), The unchanging sea (1910), Simple Charity (1910), The honor of his family (1910), The lonedale operator (1911), Enoch Arden (1911), Bobby the coward (1911), Brutality (1912), The informer (1912), The Muketeers of Pig Alley (1912), The unseen unemy (1912), The girl and her trust (1912), Death's maraton (1913), The lady and the mouse (1913), The mothering heart (1913), The battle of Elderbush Gush (1913), The New York hat (1913), The avenging conscience (1914), além de muitos outros, são filmes que servem de laboratório às experimentações e invenções de Griffith. Pouco a pouco, para não provocar a ira dos produtores, ia introduzindo novidades. Vendo esses filmes hoje, na ordem quase cronológica de realização com que nos foram apresentados, percebe-se claramente um gênio em processo de criação, descobrindo, sistematizando ou dando forma a procedimentos e recursos já existentes. Vez ou outra era chamado a dar explicações sobre alguma esquisitice. Com paciência, didatismo e um pouco de intransigência terminava impondo suas ideias. Billy Bitzer, fotógrafo de todos os seus filmes, a princípio estranhava tudo. Com o tempo percebeu que tinha diante de si mais que um visionário, mas alguém com plena consciência do que fazia. Hoje, sabe-se, desenvolvia uma linguagem.


Na Biograph, Griffith confere utilidade dramática aos close-ups, às elipses, montagens paralelas — tão caras às sequências de perseguição e suspense — e aos movimentos de câmera. Na vida real, percebe, as imagens são selecionadas pelo olhar de quem vê — destaca-se o que atrai ou interessa  conforme a distância entre a fonte da visão e os objetos divisados. Introduz a decupagem, rompendo de vez com a ilusória objetividade, passividade e neutralidade da máquina de filmar. A câmera, de acordo com conveniências narrativas ajustadas aos momentos dramáticos, evolui de planos médios para primeiros planos, depois para planos de grande conjunto e — heresia das heresias — corta o corpo dos atores na composição do plano americano. Este, a princípio — da mesma maneira que detalhes e close-ups —, enojava espectadores diante do que parecia o corpo decepado em movimento. Flashback, travelling e panorâmica são outras invenções e/ou sistematizações de Griffith. Com a câmera ganhando autonomia  deixando de registrar a cena sempre do mesmo ângulo, mas se movimentando como elemento significativo da ação  Griffith percebe a importância de conter a exagerada mobilidade e gesticulação dos atores. Assim as atuações ganham mais naturalidade; os enquadramentos, maior rigor.



Um inovador plano americano em O nascimento de uma nação
Elsie Stoneman (Lillian Gish) e um figurante caracterizado como soldado da União


Griffith é, por excelência, modelador da linguagem dos grandes gêneros cinematográficos americanos, do melodrama à comédia, passando pelos filmes de ação e aventura. Suas invenções ampliam a densidade narrativa. Desse modo, eleva o moral das produções estadunidenses, ao encerrar com o mal que as acometia quando comparadas às realizações europeias: o complexo de inferioridade. O nascimento de uma nação transforma-o no mais importante cineasta dos Estados Unidos, o que mais influenciou o cinema mundial. Não para menos Sergei M. Eisenstein o equipara a "Deus", inventor de tudo.



Mae Marsh faz Flora Camerron


Ismail Xavier, professor de cinema da Universidade de São Paulo (USP) e maior autoridade em Griffith no Brasil, destaca: nos filmes curtos, "Alterna-se a relação entre o espaço in (captado pela câmera) e o espaço out (fora do quadro); modula-se melhor o ritmo do desenvolvimento da história, tornam-se mais ousadas as passagens de uma imagem para a seguinte, não mais baseadas na sucessão natural dos episódios e na causalidade mais óbvia. Nessa ampliação de recursos expressivos Griffith pressiona na direção do alongamento de seus filmes", ampliando o padrão de aproximadamente 10 minutos para vinte minutos a partir de 1912, "o que consegue em 1913, logo antes de sair de Biograph. Na verdade, será nos longas, a partir de 1914, que a experiência acumulada mostrará toda a sua força e capacidade de elaboração"[9].


O professor e autor Ismail Xavier, profundo conhecedor do cinema de Griffith no Brasil


Prossegue Xavier: "Griffith não inventou o primeiro plano, mas definiu melhor sua psicologia, ensinou a sugerir com precisão as motivações (sentimentos, ideias, interesses) por detrás dos atos mostrados pela câmera, a mobilizar os recursos do cinema para envolver o espectador na teia de gestos e emoções da história. Ele não inventou a montagem paralela mas codificou o seu modo de progressão e sua intensidade conforme sua função dentro do filme: na criação do suspense (...), na capacidade de comentar os acontecimentos e propor, pela montagem, uma significação mais geral  política, ética, religiosa  para determinar ações e situações (...)"[10].


Inventor, experimentador, sistematizador, organizador: Griffith é tudo isso e muito mais. Atribui significado às imagens. Introduz o cinema no campo do simbólico, humanizando-o. Dignifica os filmes, retirando-os do gueto onde eram vistos como diversão grosseira. Com Griffith, técnicos e atores perdem a vergonha; começam a se orgulhar do trabalho que fazem e pressionam os estúdios para ganhar crédito nas telas. Antes, preferiam o anonimato a qualquer identificação com o imoral e degradante mundo do cinema. Griffith também eleva o status do diretor, o realizador de filmes. O encenador que ficava gritando ordens pelo megafone, totalmente alheio à câmera, torna-se coordenador e articulador, integrador de materiais e elementos dispersos, controlador e orientador de atores, da luz, cenografia e posição da objetiva. Com Griffith, o diretor é transformado em artesão de imagens; dependendo do talento, em criador ou autor dotado de personalidade e subjetividade, capaz de ordenar mais que a simples sucessão mecânica de episódios filmados sem expressividade.





Direção de fotografia (preto-e-branco): G. W. "Billy" Bitzer. Roteiro: David Wark Griffith, Frank E. Woods, Thomas Dixon, com base nas novelas de Thomas Dixon Jr., The Clansman: An historical romance of the Ku Klux Klan, The leopard's spots, e nas Notas autobiográficas de Jacob Wark Griffith. Produção executiva: Harry E. Aitken. Montagem: David Wark Griffith, Joseph Henabery, James Smith, Rose Smith, Raoul Walsh. Assistentes de direção (não creditados): Erich von Stroheim, Woody S. Van Dyke, Jack Conway, Raoul Walsh, George Siegman, Monte Blue, Christy Cabanne, Elmer Clifton, Donald Crisp, Allan Dwan, Howard Gaye, Fred Hamer, Robert Harron, Joseph Henabery, Thomas E. O'Brien, Herbert Sutch, Baron von Winther, Henry B. Walthall, Tom Wilson. Compositores do acompanhamento musical à época do lançamento: Joseph Carl Breil, David Wark Griffith. Supervisão da restauração: Paul Killiam, curador do espólio de David Wark Griffith. Organização da trilha musical e arranjos pela Killiam Shows: Fraser MacDonald. Figurinos (não creditados): Robert Goldstein, Clare West. Contrarregra (não creditado): Ralph M. DeLacy. Carpintaria (não creditada): Shorty English. Assistência de carpintaria (não creditada): Jim Newman. Pintura (não creditada): Cash Shockey, Edificações (não creditadas): Joseph Stringer. Assistência de contrarregra (não creditada): Hal Sullivan. Planejamento do set (não creditado): Frank Wortman. Supervisão de efeitos especiais (não creditada): Walter Hoffman. Efeitos especiais (não creditados): 'Fireworks' Wilson. Dublês (não creditados): Monte Blue, Charles Eagle Eye, Leo Nomis. Operador de câmera (não creditado): Karl Brown. Assistente de câmera (não creditado): Frank B. Good. Confecção de figurinos (não creditados): Robert Goldstein. Restauração dos negativos pela Killiam Shows: Karl Malkames. Arranjos musicais do relançamento em 1921 em New York (não creditado): William Axt. Músico (não creditados): Harry Berken (trumpete). Direção musical (não creditada): Carli Elinor. Adaptação musical à versão de som sincronizado em 1930 (não creditado): Louis F. Gottschalk. Arranjo musical da reapresentação de 1921 em New York (não creditado): Herman Hand, Erno Rapee. Compositor da abertura na premiere em Los Angeles (não creditado): Joseph Nurnberger. Apresentação: David Wark Griffith. Segurança (não creditado): Jim Kidd. Técnico de laboratório (não creditado): Abe Scholtz. Companhia de confecção de figurinos: Goldstein and Company. Guarda-roupa: Western Costume Company. Tempo de exibição: 190 minutos na velocidade original de 16 fotogramas por segundo; 170 minutos na versão analisada; há versões com 160 e 154 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1985)





[1] SKLAR, Robert. História social do cinema americano. São Paulo: Cultrix, 1978. p. 26, 76 e 77.
[2] Atualmente quase nenhuma referência se faz a O nascimento de uma nação quando da organização de listas das maiores bilheterias do cinema em todos os tempos. Isto porque, além do esquecimento de sempre em relação ao período do cinema silencioso, não há, também, preocupações com atualização do preço dos ingressos. Se isso fosse feito O nascimento de uma nação certamente despontaria no topo de todas as listas.
[3] GOMES, Paulo Emílio Sales. Crítica de cinema no Suplemento Literário. Rio de Janeiro: Paz e Terra, v. 1, 1982. p. 361.
[4] O diretor Raoul Walsh, aplicado discípulo de Griffith e intérprete de John Wilkes Booth — assassino de Lincoln em O nascimento de uma nação — afirma: "até 1915, o público só conheceu filmes de segunda categoria, de uma ou duas bobinas. Foi preciso O nascimento de uma nação para convencer o mundo de que Hollywood havia chegado à maturidade. Esse longa-metragem foi um marco na história do cinema".
[5] GOMES, Paulo Emílio Sales. Op. cit. p. 361.
[6] CONY, Carlos Heitor. Charles Chaplin. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967. p. 65 e 66. Idílio desfeito e O casamento de Carlitos são outros títulos que O grande romance de Charles recebeu no Brasil.
[7] GOMES, Paulo Emílio Sales. Op. cit. p. 8.
[8] Sean Aloysius O’Feeney (ou O'Fearna)  nome verdadeiro de John Ford  começa no cinema atuando nas fitas do irmão Francis Ford. The mysterious rose é o primeiro em que aparece. Interpreta um dos membros da Ku-Klux-Klan em O Nascimento de uma nação, com rosto permanentemente encapuzado. Estreia na direção com The tornado, ainda sob a alcunha de Jack Ford, adotada em 1914. Dos quase sessenta filmes que assina durante o cinema mudo, restam cerca de dez integralmente preservados.
[9] XAVIER, Ismail. Griffith, o inventor do cinema. Folha de São Paulo. São Paulo, 12/ago./1984. Folhetim. p. 7.
[10] Ibidem.