quarta-feira, 30 de novembro de 2016

SEGUNDO PRÊMIO LIEBSTER AWARD

O blog Eugenio em Filmes recebeu, pela segunda vez, por indicação de Isidro Cristobal Del Olmo, o LIEBSTER AWARD. A todos que apoiam a iniciativa e encontram disponibilidade — e paciência — para a apreciação das minhas mal traçadas linhas, muitíssimo obrigado. Meus agradecimentos especiais ao Isidro.






Como é de praxe, devo indicar alguns blogs, que alcancem menos de 200 seguidores, para o recebimento da honraria. São estes os meus dez nominados:


1. Cícero Barros — Analise Agora

2. Liri Bauer — Estação Materna

3. Emerson Lima — Cronologia do Acaso

4. Miguel Pina — Cine y Criticas Marcianas

5. Emílio Valadé Del Rio — Paseante Silencioso

6. Jacobo Nasser — Temas Sobre Salud

7. Javi Gazapo — Mi Pirineo.

8. Estrella Amaranto — Blog Literario - Amaranto

9. Carmen Cardenosa — Jugando y Aprendiendo Juntos

10. Maria Del Socorro Duarte — Presentimientos


Por fim, respondo a doze questões propostas por Marisa Doménech ao Isidro e solicito aos meus indicados que façam o mesmo. Ou que formulem novos questionamentos aos seus nominados.


1.- Confiesa un deseo inalcanzable y que puedas manifestar abiertamente.

Ter o conhecimento de todos os filmes realizados pelos diretores que mais aprecio. E dispor do devido tempo para analisá-los devidamente.


2.- Y uno cumplido que fuera sumamente importante.

Ser fiel às minhas crenças e princípios políticos, principalmente quando se trata do respeito à democracia (ferida de morte em meu país), que deve ser uma busca contínua pela igualdade, liberdade e justiça social, para todos. A luta contra a marginalidade, a indiferença e o desprezo é das mais urgentes, não apenas no Brasil, mas em muitos lugares do mundo.


3.- ¿Cual crees que es la cualidad más significativa dentro de tu estilo narrativo o capacidades, de la que te sientas especialmente orgulloso/a?

Esgotar, ao máximo, o tema que motiva a minha apreciação.


4.- ¿Qué mal hábito aplicado a la escritura o a la materia que publicas en tu blog te gustaría desterrar por completo?

As distrações ortográficas e gramaticais. Reviso o texto muitas vezes antes de publicá-lo. Mesmo assim, sempre passa algum erro. Alguns me deixam vivamente aborrecido.



5.- ¿Te gustaría publicar un libro o e-book? Por qué y con qué objetivo.

Sim, ainda penso em fazer isso. Com o objetivo de transmitir o gosto pelo cinema às novas gerações, principalmente com respeito aos grandes mestres, responsáveis, em última instância, por tudo o que há de valor e estabilidade na sétima arte. Estes nomes essenciais estão, em sua maioria, esquecidos.


6.- ¿Cuando empezó tu afición por la escritura o por la temática que desarrollas en tu blog?

Comecei a escrever com mais disciplina e rigor em 1974, em pequenos cadernos escolares. No começo, tinha por objetivo me prevenir contra as armadilhas da memória. Estava com 18 anos. Com o tempo, a coisa foi ganhando maior vulto. Continuo a escrever sobre os filmes que vejo, até hoje. Com estes escritos, elaborados em diversas épocas, alimento o blog.


7.- ¿Sobre qué temas te gusta escribir en especial? Enumera tres y explica por qué.

1. Cinema, que sempre foi o meu alimento espiritual.
          
2. Política, posto que nossa vida real depende inteiramente das decisões tomadas nessa esfera, à qual não podemos ficar indiferentes.

3. História das idéias, um tema dos mais fascinantes, que revela as formas pelas quais nos tornamos humanos ao longo dos tempos, bem como a influência das muitas formas de pensar no direcionamento de nossas ações, crenças e escolhas.


8.- Una asignatura pendiente. 

Nossa! Há muitas. É um mundo repleto de diversidades. Por exemplo, sempre adquiri mais livros que a minha capacidade de lê-los. Jamais darei conta disso. É uma das minhas principais pendências e frustrações. O cinema também é outra fonte inesgotável de pendências. O duro é saber como lidar com isso. O problema pode ser grave e provocar enfermidades.


9.- ¿Qué opinas de la procastinación en el trabajo on line?

É uma maldição. Mas, às vezes, torna-se saudável. Nem sempre estamos com disponibilidade, principalmente mental, para dar conta de todas as obrigações que nos afligem. Parar de vez em quando, para por as idéias no lugar, e nos dar o direito a um merecido descanso, é fundamental. Tento não procrastinar. Mas quando isto acontece, procuro não me aborrecer tanto com o problema.



10.- ¿A qué personajes mediáticos admiras más y por qué? Enumera a cinco de ellos.

Atualmente, acredito, não tenho personagens midiáticos a admirar. Procuro não me preocupar com isso. São tempos de falsos valores, fabricados por tendências consumistas, de baixa credibilidade e pouca durabilidade.


11.- ¿Cómo consigues éxitos en tu proyecto on line o en tu blog? Dinos el método que sigues.

Para ser franco, procuro não me escravizar a métodos, ao menos em meu blog. Já nos obrigamos (e somos obrigados a) ser tão metódicos em nossa vida de todos os dias.


12.- ¿Qué te parecen estos premios? ¿Crees que son necesarios o por el contrario no sueles otorgarles demasiada importancia?


Sempre vejo os prêmios como um reconhecimento e uma forma de incentivo. Já ganhei alguns. Mas não são eles que me motivam na elaboração do blog. Para ser franco, nem sabia da existência de prêmios para blogs quando comecei o meu. O importante, acima de tudo, é ter comprometimento com o trabalho a fazer; guardar fidelidade aos princípios e ordenamentos que nos norteiam. Se houver algum prêmio ao final, ótimo, receberei com todo o prazer. Mas se não tiver, irei em frente assim mesmo. 




José Eugenio Guimarães
Niterói/RJ, 30 de novembro de 2016

domingo, 27 de novembro de 2016

UM DOS MELHORES MOMENTOS DO "TERROR DE SUGESTÃO", APESAR DO PRODUTOR EXECUTIVO

Provavelmente, A noite do demônio (Night of the demon, 1957) é o melhor momento do subgênero passado à história com o nome de "terror de sugestão". Evidentemente, é um dos pontos altos da carreira do atualmente esquecido cineasta Jacques Tourneur. Nem a nefasta intromissão do produtor executivo Hal E. Chester, durante a pós-produção, amorteceu-lhe o impacto, apesar de contrariar cabalmente um dos princípios fundamentais do diretor: jamais explicitar o sobrenatural. O espectador que desse conta disso, apoiado na imaginação e nos pavores ancestrais absorvidos durante a formação, depois de submetido a simples e refinados efeitos de câmera, distorções fotográficas ou a pequenos arranjos de laboratório. A realização devolve o diretor ao campo do "terror de sugestão", do qual é fundador e principal artífice, 15 anos após a colaboração com a unidade de produção de Val Lewton na RKO Radio, quando trouxe à luz os clássicos Sangue de pantera (Cat people, 1942), A morta-viva (I walked with a zombie, 1943) e O homem-leopardo (The leopard man, 1943). O produto em apreciação não trata simplesmente do embate entre BEM e MAL. Nada de ingênuo maniqueísmo, inclusive por causa da personalidade matizada do suposto representante do maligno. A oposição básica põe em pugna a ciência — com sua propensão, não raro autoritária, de ser o único conhecimento válido — e os saberes ocultos que, supostamente, envolvem o sobrenatural. Muitos cinéfilos puristas certamente torcerão o nariz para A noite do demônio. Alegarão que é bobagem de um gênero menor. Ah! Bom seria se todos os filmes resultassem de tão fina carpintaria, com tamanho apuro artesanal, capaz de mexer com os sentidos a partir de uma concepção essencialmente cinematográfica. Além do mais, influenciou enormemente a cultura pop a partir da década de 70. Por fim, um aviso ao espectador distraído: prefira sempre o original inglês Night of the demon à edição distribuída nos Estados Unidos sob o título de Curse of the demon.







A noite do demônio
Night of the demon

Direção:
Jacques Tourneur
Produção:
Frank Bevis
Columbia Pictures Corporation, Sabre Film Production
Inglaterra — 1957
Elenco:
Dana Andrews, Peggy Cummins, Niall MacGinnis, Maurice Denham, Athene Seyler   , Liam Redmond, Reginald Beckwith, Ewan Roberts, Peter Elliott, Rosamund Greenwood, Brian Wilde, Richard Leech, Lloyd Lamble, Peter Hobbes, Charles Lloyd-Pack), Janet Barrow, Percy Herbert, Lynn Tracy e os não creditados Clare Asher, Michelle Aslanoff, Ballard Berkeley, Shay Gorman, John Harvey, Irene Hollis, Walter Horsbrugh, Yvette Hosler, Robert Howell, Anthony John, Michael Peake, Anthony Richmond, Leonard Sharp, Robert Brooks Turner, The Blake Twins.



O diretor Jacques Tourneur, criador e principal artífice do "terror de sugestão"



Quem nunca viu A noite do demônio não sabe o que perde, ainda mais se é fã do inteligente e atrativo subgênero do "terror de sugestão" cujo mestre-fundador e principal artífice é o diretor Jacques Tourneur. Tem lugar entre os títulos mais referenciados no amplo universo da cultura pop. A canção Science fiction, double feature, de Richard O'Brien e Richard Hartley, incluída na trilha musical do cult The rocky horror picture show (1975), de Jim Sharman, menciona passagem alusiva à participação do ator Dana Andrews, intérprete do protagonista professor John Holden: "Dana Andrews said Prunes/Gave him the runes/And passing them used lots of skills"[1]. Em 1985 a compositora e cantora Kate Bush lança mão da apavorante constatação sobre a fatal aproximação do "coisa ruim" nos versos de Hounds of love: "It's in the trees/Its coming". Joe Dante — conhecedor do trabalho de Tourneur —, por meio da roteirista Dana Olsen, trouxe A noite do demônio à baila em Meus vizinhos são um terror (The burbs, 1988): os amigos Ray (Tom Hanks) e Art Weingartner (Rick Ducommun) discutem a possibilidade de uma família ser adoradora de Satã. Parte da argumentação é fundamentada no livro The theory and practice of demonology. O nome do autor aparece em destaque: Julian Karswell, personagem interpretado por Niall MacGinnis no filme de Tourneur.


O cineasta não se exercitava no fantástico desde 1943, quando finalizou O homem-leopardo (The leopard man), terceiro exemplar do "terror de sugestão" realizado para a unidade de produção de Val Lewton na RKO Radio. Os anteriores, Sangue de pantera (Cat people) e A morta-viva (I walked with a zombie), vieram à luz, respectivamente, em 1942 e 1943. São filmes que não ousam explicitar o sobrenatural. Principalmente pela inexistência de meios, inclusive financeiros, para recriá-lo com alguma credibilidade, sem os riscos do ridículo. Para substituí-lo, Tourneur apelou aos efeitos de câmera e luz, às sensações de vertigem e alucinação, à ilusão de distorção da realidade, tudo unido a sons aterradores, artificiais e naturais. O acompanhamento musical adequado, angulações pouco comuns e interregnos silenciosos geravam o pavor e, logicamente, o suspense, com criatividade e economia de recursos. Convocavam-se apenas os elementos essencialmente cinematográficos. Foi um tempo no qual o não revelado assustava mais, exatamente porque as formas não eram vistas, apenas sugeridas e imaginadas. Diferente de hoje, quando monstros, demônios, fantasmas e dragões ganham contornos tão nítidos e "reais", a ponto de se incorporarem à mais mundana e banal das paisagens.


A noite do demônio devolveu o cineasta ao sobrenatural, 15 anos depois de O homem-leopardo. Havia terminado o eficaz e coeso A maleta fatídica (Nightfall, 1956), criminal com tonalidades noir. Ted Richmond, produtor desse filme, encontrava-se em Londres e por telefone despertou o interesse do cineasta para uma proposta do britânico produtor executivo Hal E. Chester. Este o queria na direção de um roteiro de Charles Bennett[2] em parceria com o próprio Hal E. Chester e o não creditado Cyril Endfield[3]. A peça toma por base a história Casting the runes, de Montague R. James. Ambienta a ação na Inglaterra, próximo à localidade de Durrington Walls, cercanias de Salisbury, onde se ergue o monumento de Stonehenge. O tempo da ação, originalmente os primeiros anos do século XX, foi deslocado para a contemporaneidade da produção. Mais que interessado, Tourneur também convenceu Dana Andrews — com quem trabalhou em Paixão selvagem (Canyon passage, 1946) — a aceitar o papel do protagonista John Holden — opção mais que acertada devido aos contornos duros do rosto do ator, talhados para a discreta incredulidade e a indiferença.


A noite do demônio é filme redondo. Praticamente perfeito, é um dos principais exemplares do gênero. Desenvolve ímpar atmosfera mística, enfatiza elementos psicológicos e as imagens evocam a presença do sobrenatural em quase todo o desenrolar. Não fosse a nefasta intervenção de Hal E. Chester na fase da pós-produção seria muito melhor. Contrariando os princípios do diretor, inseriu, com fantoche e espelhos, um demônio de limitada maleabilidade, revelado em meio à fumaça, à noite, e que avança resoluto em direção ao público, até ser mostrado com o rosto em primeiro plano nos momentos cruciais do começo e fim da história. Se pretendia ampliar a sensação de pavor, o efeito conseguido foi o contrário. A enorme criatura se revelou falsa demais. Em vez de gerar incômodo e pavor, produziu perplexidade e sepultou o mistério em torno da presença maléfica. Reduziu o impacto de sequências que seriam de excelência. Há quem afirme que Tourneur concordou com a improvisação. Não é o que demonstra na filmografia comentada em Présence du cinéma: "O filme é interessante, exceto pela aparência da criatura inserida depois que deixei Londres. Eu havia aprendido desde Cat people que o horror deve ser sugerido, nunca mostrado diretamente. Filmes de horror não são obras para cirurgiões, que devem expor tudo nos mínimos detalhes, sem deixar espaços para o trabalho da imaginação e do inconsciente"[4]. Até nos cartazes originais de divulgação o rosto do capeta aparece com considerável — e pouco convincente — destaque.


Por imposição dos distribuidores estadunidenses, Hal E. Chester submeterá Jacques Tourneur e A noite do demônio a outra sabotagem. A realização foi lançada na terra do Tio Sam com outro nome: Curse of the demon. Como se não bastasse, foi remontada e perdeu cerca de 13 dos 95 minutos originais. Portanto, ao espectador distraído fica o aviso: prefira, sempre, Night of the demon a Curse of the demon.


O começo, em tudo assustador, aproveita inclusive a abertura com a imagem-símbolo da Columbia Pictures. Já aí se ouvem os graves acordes do soturno tema musical de Clifton Parker. Prolongam-se pela exposição, de início em plano de conjunto de Stonehenge em tomada diurna e sob céu lúgubre. Logo o monumento é detalhadamente destacado nas partes que o formam, geralmente captadas em contre-plongée. As elevadas e gigantescas pedras — parecendo maiores do que são —, a música e a composição fotográfica preparam o clima e a atmosfera da história. A sensação de pavor é ampliada pela voz do narrador Shay Gorman: "Está escrito desde o início dos tempos, até mesmo sobre estas antigas pedras. Que diabólicas criaturas sobrenaturais existem em um mundo de trevas. E também se diz que o homem que utilizar os poderes mágicos dos antigos símbolos rúnicos poderá invocar esses poderes das trevas, os demônios do inferno. Através das eras, os homens têm temido e venerado essas criaturas. A prática da bruxaria, dos cultos do Mal, tem resistido e ainda existe nos nossos dias". A seguir, com Stonehenge ainda presente, correm os créditos. Os caracteres em formas flamejantes aludem ao fantasmagórico e sombrio.


O filme começa com este plano de Stonehenge

  
A história é simples, mas não se rende ao fácil apelo maniqueísta. Não trata de uma banal oposição entre BEM e MAL. Inclusive pelo motivo de o representante do MAL não se apresentar de todo ruim. Apesar dos pesares, é um tipo simpático e educado; não exala natureza perversa, mesmo pactuado com o maligno. Evidentemente, BEM e MAL estão presentes, mas o principal embate ocorre entre o chamado mundo das luzes — representado pelo conhecimento científico em sua vocação, às vezes autoritária, de ser o único saber válido —, e o mundo assombrado que oculta determinadas e supostas dimensões da realidade evidente.


Terminados os créditos, começa propriamente a história, em clima tenso. Um homem visivelmente assustado conduz o carro a toda velocidade por região erma, à noite. É o Professor Harrington (Denham). Dirige-se à suntuosa propriedade do receptivo, aparentemente gentil e resoluto Dr. Karswell (MacGinnis). O visitante pede ao proprietário, encarecidamente, que interrompa determinado processo. Inquirido sobre um pergaminho, informa apenas que foi levado por corrente de ar ao encontro do fogo e incinerado. Diante dessa informação, Karswell se apressa em despachar Harrington enquanto afirma que tomará as providências necessárias. São quase 22 horas. Aparentando alívio, o professor faz o caminho de volta. Em casa, sofre pavorosa morte por eletrocussão, acuado pelo demônio em pessoa, que o despedaça.


Chega à Inglaterra o renomado psicólogo estadunidense professor John Holden (Andrews). Veio a convite de Harrignton, para um colóquio científico com objetivos de desmascarar a pretensa autoridade de Karswell no conhecimento e manipulação do mundo das trevas. Choca-se com a notícia da morte do colega. Mesmo assim, levará adiante o evento. Em nome da ciência, julga oportunas as ocasiões para desmascarar autoproclamados bruxos, feiticeiros, adivinhos, curandeiros, magos etc. Terá o auxílio dos também cientistas Mark O'Brien (Redmond), Kumar (Elliott) e Lloyd Williamson (Roberts). Estes, mais comedidos, reconhecem as limitações da ciência no esforço de desvendamento do mundo. Porém, Holden sequer admite tal possibilidade. É um fundamentalista do saber científico. Envolve-se afetivamente com a prudente Joanna (Cummins), sobrinha de Harrington. A jovem, também cientista, crê na existência de dimensões além do mundo visível e palpável e que nem tudo deve ser conhecido. Tenta convencer o psicólogo estadunidense a interromper o que viera fazer, inutilmente.


Dana Andrews interpreta o cético e arrogante cientista professor John Holden


Karswell se aborrece com a insistência de Holden em desmascará-lo publicamente. Não gostaria, sinceramente, que a coisa chegasse a esse ponto. Pretendia ficar em paz, simplesmente, com seus seguidores e no conforto da rica propriedade de Lufford Hall. É o filhinho gentil e querido da mamãe, a visivelmente incomodada Mrs. Karswell (Seyler). Ela sabe da existência de algo misterioso e errado na vida faustosa que leva às expensas do rebento, um senhor de meia idade dúbio e encantador. Diverte crianças, sabe ser agradável e prestativo. Só não admite ser ameaçado, ainda mais no tocante ao domínio das forças que controla. Com Holden irredutível, transfere-lhe furtivamente um misterioso pergaminho grafado com caracteres rúnicos. É a senha de uma maldição, basicamente uma nota de despacho do corpo e da alma. Significa: o professor está com os dias contados. De fato, entre a incredulidade e a zombaria o insigne personagem é informado da própria morte, dentro de três dias e pontualmente às 22 horas. O demônio o buscará, pessoalmente. As condições do transporte, segundo se sabe pelo acontecido a Harrington, serão dolorosas.


Karswell: um representante do maligno com personalidade matizada em soberbo desempenho de Niall MacGinnis


Autossuficiente, Holden faz pouco caso da advertência. Porém, imediatamente as certezas que julgava possuir sobre realidade começam lentamente a contradizê-lo. Tudo parece se dissipar, torna-se turvo, movediço, dissolvente e enganoso. Tourneur, com apoio do diretor de fotografia e câmera Edward Scaife e da mais fina e simples carpintaria em efeitos especiais obtidos por manipulação da imagem pela objetiva ou nos laboratórios da pós-produção, começa a balançar as certezas do psicólogo e a segurar a atenção do espectador. Na verdade, A noite do demônio soube capitalizar sobre medos ancestrais e, na época das filmagens, de temores decorrentes de um evento real, que mexeu com o imaginário britânico: os processos por assassinatos acontecidos em 1957, supostamente motivados por bruxaria e consubstanciados nos notórios casos de Quinton e Hagley Wood.


Sons inexplicáveis, inscrições que desaparecem, corredores escuros do nada ampliados... A própria natureza, tão rotineira, deixa de ser previsível. Sem mais nem menos, um vendaval escurece o céu; o gato assustado se transforma em feroz e faminta pantera; copas de árvores se rebelam. Nada é mais assustador que uma caminhada pelo bosque, à noite. Holden é perseguido por criatura invisível, que marca o chão com gigantescas e aquecidas pegadas; depois, por algo parecido a uma bola de fogo celestial que o põe a correr, apavorado. Algo tenebroso está para acontecer, mas as explicações fogem totalmente ao conhecimento do seguro cientista. Joanna está visivelmente preocupada. Mrs. Karswell também, a ponto de convocar sessão espírita com o fim de desfazer a maldição. O personagem de Andrews, apesar de abalado, ridiculariza o auxílio. O fatídico pergaminho parece ganhar vida própria e procura voluntariamente o fogo. Seria o sinal de que tudo está consumado. A polícia é alertada, porém que podem os investigadores diante do imponderável que não deixa evidências dignas de credibilidade?


As oposições em A noite do demônio: Karswell (Niall MacGinnis) pelo sobrenatural e John Holden (Dana Andrews) em nome da ciência 


Uma simples visita à casa de agricultores se revela experiência desconfortável. É recebido com desconfiança pelos Hobart, que o observam à segura distância, em posição de firme e resoluta prontidão. Procura-os com o objetivo de conseguir permissão para submeter um membro da família, Rand (Wilde), internado em hospício, a uma sessão de hipnose. O coitado enlouqueceu depois de se revelar ameaçador para o personagem vivido por Niall MacGinnis. Recebeu um pergaminho amaldiçoado, mas passou-o para o pobre Harrington. A matriarca Mrs. Hobart (Barrow) concorda com o pedido, pois todos devem saber o que viu e sentiu o filho. A família segue a Ordem do Verdadeiro Crente, chefiada por Karswell. Ao perceber que o psicólogo está na posse do pergaminho, a ríspida senhora ordena que todos se afastem e avisa: "Ele foi escolhido; que nenhum braço se levante para defendê-lo!". São momentos apavorantes e tensos, obtidos apenas com iluminação, enquadramento adequado do cenário, vestuário dos Hobart e posicionamento convincente dos atores na cena. A esta altura, Holden já não tem certeza de coisa alguma, em absoluto. Apenas tenta manter as aparências e a segurança acerca da situação. A marcação musical de Clifton Parker o acompanha a Stonehenge, onde confere a exatidão dos caracteres do pergaminho com as inscrições nas pedras do monumento. Cresce a sensação de que, a esta altura, está com a sorte definitivamente lançada, a não ser que reverta o rumo dos eventos. Desvendar a mente torturada de Rand Hobart parece ser a única esperança de salvação.


John Holden (Dana Andrews) em Stonehenge: abalado em todas as convicções científicas

  
Tudo se inverte! O evento de afirmação da ciência contra o sobrenatural deixa de ser oportunidade para desmascarar o Dr. Karswell para se transformar, discretamente, em corrida pela salvação de Holden. O psicólogo continua a demonstrar impassividade. Porém, por tudo que ouviu e viu, sabe-se: está desesperado e abalado em suas convicções. Rand Hobart, conduzido do hospício ao auditório do colóquio, é retirado da catatonia e hipnotizado. Revela como enlouqueceu por artes de Karswell, provisório tributo a pagar por ter escapado da maldição do pergaminho ao repassá-lo outro. É o que Holden desejava saber. Infelizmente, nada termina bem para o enlouquecido homem. Dominado por força misteriosa e irrecusável, escapa aos controles e dispara pelos corredores para se lançar de uma janela. Toda a sequência, magistralmente concebida, é um dos mais perfeitos equilíbrios de luzes, sombras e ângulos de câmera.


Rand Hobart (Brian Wilde) e John Holden (Dana Andrews)


O melhor em tensão, com jogo de gato e rato, fica mesmo para o bem burilado final, na estação ferroviária de Southampton. A hora fatal está próxima. Receoso, Karswell se apodera de Joanna e tenta sair de cena. Holden o alcança na cabine do trem. Liberta a refém e tenta, de todas as formas, devolver o pergaminho ao responsável pela maldição. Escorregadio, o personagem interpretado por Niall MacGinnis evita qualquer aproximação, inclusive de seus pertences. Aflito com o avançar da hora, esquece a viagem e procura desembarcar. Desafortunadamente, distrai-se com o casaco, que lhe é devolvido com algo mais nos bolsos. Pronto! A encomenda foi substituída. A nota de entrega está na posse do desesperado Karswell e nada detém o comparecimento do maligno a um encontro combinado.


Novamente a mais compacta tensão é encenada com o auxílio da precisa edição de Michael Gordon, que se vale do movimento da estação ferroviária, do fluir das composições por trilhos e plataformas e da desesperada corrida de Karswell em busca do pergaminho arrancado de suas mãos pelo vento. O símbolo amaldiçoado avança rente ao chão, entre as linhas do trem, em busca da chama que o consumirá. Então, nada mais poderá ser feito. Karswell está tristemente só, afastado da estação iluminada. Rente a ele passam trens, emitindo característicos brados e lançando fumaça. É tarde demais! Não há como escapar. A criatura surge e avança ao compasso do tráfego ferroviário. Apesar do elevado som dos metais atritados, é possível ouvir o grito lancinante do pobre e indefeso homem, dilacerado na noite sombria pelas garras do demônio.


John Holden (Dana Andrews) e Joanna Harrington (Peggy Cummins)


Todos correm em busca da fonte dos pavorosos clamores. Apenas um corpo esfacelado e disforme é encontrado, certamente de alguém arrastado por um trem, segundo um policial. O apelo de Joanna contém a curiosidade do aliviado John Holden, que pretendia chegar aos restos mortais. Em verdade, ninguém testemunhou o pavoroso acontecimento. A morte horrenda de Karswell foi encoberta por sombras e sons de maquinários que impulsionam o devassado mundo moderno, produtos da ciência que nega ao fantástico qualquer possibilidade de existência. Mesmo assim, contido em seu ímpeto perscrutador pela sensata Joanna, Holden retorna para ele e pronuncia sábias palavras: "Você tem razão. Talvez seja melhor não saber o que aconteceu".


Nada é complicado em A noite do demônio. É um filme pulsante sob a carpintaria da mais pura simplicidade artesanal. Guarda o segredo do que pode ser obtido via manipulação criativa de orçamentos apertados que resultam em atmosferas perturbadoras e de espessa tensão. Tudo depende do contraste entre luzes e sombras, conjugado a efeitos básicos, essencialmente cinematográficos, somados aos elementos de um cenário arquitetonicamente concebido para gerar incerteza e assombro. Todo o resto decorre da credibilidade e entrega dos atores, com seus movimentos, falas e expressões previamente concebidas por um roteiro afinado, à espera apenas de um artesão competente para convertê-lo em imagens vivas, que aparentam respirar por conta própria. Por isso, os elementos assombrados parecem autênticos e pulsantes. O mundo em dissolução que fere a segurança científica de Holden não perturba somente o personagem, mas também o inquieto e atento espectador. Nenhum efeito especial foi concebido sem o auxílio da câmera e do laboratório de tratamento das imagens. São recursos que destacam as atuações e tornam críveis climas e atmosferas.


Só há algo a lamentar: o demônio explicitado. De início, seria concebido pelo mago do stop motion, Ray Harryhausen. Ainda bem que não se envolveu com a realização, mesmo sabendo todos que A noite do demônio teria muito a ganhar com a colaboração. De qualquer forma, seria serviço prestado contra a pretensão original do diretor. O demônio terminou concebido pelo desenhista de produção Ken Adam[5] e ganhou forma pelas mãos dos experts em efeitos especiais George Blackwell[6] e Wally Veevers[7].


Mas se o diabo foi explicitado, ainda que em poucos momentos, sobram os climas permitidos pela pontuação musical de Clifton Parker — no que me concerne, uma das mais assustadoras em filmes do gênero — e a direção de fotografia de Ted Scaife — carregada de bem vinda inspiração expressionista.


No elenco, os destaques vão para Dana Andrews, Niall MacGinnis e Janet Barrow, esta em curta participação como a assustadora matriarca da infeliz família Hobart. Andrews entrou de sola na atmosfera assombrada de A noite do demônio. Seu John Holden é a imagem bem acabada de um cético, tão petulante e sinceramente descrente nas questões relativas aos saberes estranhos ao campo da ciência. O personagem corresponde adequadamente às figuras de cientistas vulgarizados pela literatura em geral. Mesmo quando suas firmes convicções começam a desabar, mantém-se impoluto e evita fazer caras e bocas, pois há toda uma autoestima a ser preservada. Andrews ainda marcaria presença em outro filme de Jacques Tourneur, inédito nos cinemas brasileiros: The fearmakers (1958), ambientado em meio à paranoia da "caça às bruxas" do macarthismo.


Karswell (Niall MacGinnis), John Holden (Dana Andrews) e Joanna Harrington (Peggy Cummins)

  
No entanto, o grande desempenho é do carismático Niall MacGinnis, um senhor talento com discreta e extensa carreira, normalmente como coadjuvante para o cinema e a TV, de 1935 a 1978. Teve pouquíssimas oportunidades de brilhar, mas deixou marca em Hamlet (Hamlet, 1948), de Laurence Olivier; Na estrada do céu (No highway, 1951), de Henry Koster; Sede de viver (Lust for life, 1956), de Vincente Minnelli; Invasão de bárbaros (The invaders/49th parallel, 1941), de Michael Powell; Uma cruz à beira do abismo (The nun's story, 1959), de Fred Zinnemann; e, entre outros, A espada de um bravo (Kidnapped, 1959), de Robert Stevenson. É um sorrateiro ladrão de cenas com maneiras discretas, gentis, suaves, envolventes e bem-humoradas. É, provavelmente, o mais ambíguo dos satanistas cinematográficos.


Há claramente uma elogiosa e afetiva alusão a Orson Welles e seu Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941) quando Holden adentra o sótão da residência invadida de Karswell. Em meio aos muitos itens aí amontoados, percebe-se um pequeno trenó de madeira. Após observar atentamente o recinto, é sobre esse brinquedo abandonado que o psicólogo repousa a mão com a mais carinhosa das atenções.


Foto promocional: Dana Andrews e Peggy Cummins, intérpretes do professor John Holden e Joanna Harrington


Roteiro: Charles Bennett, Hal E. Chester, Cy Endfield (não creditado), com base na história Casting the runes de Montague R. James. Produção executiva: Hal E. Chester. Música original: Clifton Parker. Direção de fotografia (preto e branco): Edward Scaife. Montagem: Michael Gordon. Produção de elenco: Robert Lennard. Desenho de produção: Ken Adam. Pentados: Betty Lee. Gerente de produção: R. L. M. Davidson. Assistente de direção: Basil Keys. Assistente de direção de arte: Peter Glazier. Gravação de som: Arthur Bradburn. Edição de combinação de som: Charles Crafford. Efeitos especiais: George Blackwell, Wally Veevers, Bryan Langley (não creditado). Efeitos especiais fotográficos: S. D. Onions. Dublê: Jack Cooper (não creditado). Direção musical: Muir Mathieson. Coordenação de transportes: Eddie Frewin (não creditado). Continuidade: Pamela Gayler. Estúdio de mixagem de som: RCA Sound Recording. Tempo de exibição: 95 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 2016)



[1] A canção também alude a vários outros atores, personagens e momentos de famosos filmes B de terror e ficção científica dos anos 30, 50 e 60: "Michael Rennie was ill the day the Earth stood still, but he told us where we stand": O dia em que a Terra parou (The day the Earth stood still, 1951), de Robert Wise; "And Flash Gordon was there in silver underwear": Flash Gordon (Flash Gordon, 1936), de Frederick Stephani e do não creditado Ray Taylor; "Claude Rains was The Invisible Man": O homem invisível (The invisible man, 1933), de James Whale; "Then something went wrong for Fay Wray and King Kong, they got caught in a celluloid jam": King Kong (King Kong, 1933), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack; "Then at a deadly pace it came from outer space": Veio do espaço (It came from outer space, 1953), de Jack Arnold; "Doctor X will build a creature": O monstro (Doctor X, 1932), de Michael Curtiz; "Anne Francis stars in Forbidden Planet": Planeta proibido (Forbbiden planet, 1956), de Fred M. Wilcox; "I knew Leo G. Carroll was over a barrel when Tarantula took to the hills": Tarântula (Tarantula, 1955), de Jack Arnold; "And I really got hot when I saw Janette Scott fight a Triffid that spits poison and kills": O terror veio do espaço (The day of the triffids, 1962), de Steve Sekely e do não creditado Freddie Francis; e, além da mensção a A noite do demônio, "But when worlds collide, said George Pal to his bride, I'm gonna give you some terrible thrills": O fim do mundo (When worlds collide, 1951), de Rudolph Maté. Na íntegra, esta é a letra de Science fiction, double feature: Michael Rennie was ill/The Day the Earth Stood Still/But he told us where we stand./And Flash Gordon was there/In silver underwear,/Claude Rains was the Invisible Man./Then something went wrong/For Fay Wray and King Kong./They got caught in a celluloid jam./Then at a deadly pace/It Came From...Outer Space./And this is how the message ran:/Science fiction, double feature/Doctor X will build a creature./See androids fighting Brad and Janet/Anne Francis stars in Forbidden Planet/Wuh uh uh oh o-o-oh/At the late night, double feature, picture show./I knew Leo G. Carrol/Was over a barrel/When Tarantula took to the hills./And I really got hot/When I saw Jeanette Scott/Fight a triffid that spits poison and kills./Dana Andrews ate Prunes/Gave him the runes/And passing them used lots of skills./But When Worlds Collide,/Said George Pal to his bride,/"I'm gonna give you some terrible thrills,"/Like a.../Science fiction, double feature/Doctor X will build a creature./See androids fighting Brad and Janet/Anne Francis stars in Forbidden Planet/Wuh uh uh oh o-o-oh/At the late night, double feature, picture show./I wanna go/Wuh oh o-o-oh/To the late night, double feature, picture show./By RKO,/Wuh oh o-o-o/To the late night, double feature, picture show./In the back row,/Oh oh o-o-oh/To the late night, double feature, picture show!".
[2] Roteirizou alguns filmes da fase inglesa de Alfred Hitchcock — Chantagem e confissão (Blackmail, 1929), O homem que sabia demais (The man who knew too much, 1934), Os 39 degraus (The 39 steps, 1935), Agente secreto (Secret agent, 1936), O marido era o culpado (Sabotage, 1936), Jovem e inocente (Young and innocent, 1937) — e os estadunidenses Correspondente estrangeiro (Foreign correspondent, 1940) e O homem que sabia demais (The man who knew too much, 1956).
[3] Também conhecido como Cy Endfield. Dirigiu filmes de aventuras a exemplo de Tarzan e a fúria selvagem (Tarzan's savage fury, 1952), A ilha misteriosa (Mysterious island, 1961), Zulu (Zulu, 1964) e Perdidos no Kalahari (Sands of the Kalahari, 1965).
[4] BIOFILMOGRAPHIE de Jacques Tourneur commentée par lui-même. Présence du cinéma, Paris, n. 22-23, p. 76, automne 1966.
[5] Tornou-se um dos profissionais mais competentes em seu setor. Concebeu os marcantes cenários de Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I learned to stop worrying and love the bomb, 1964), de Stanley Kubrick; O satânico Dr. No (Dr. No, 1963), de Terence Young; 007 contra Goldfinger (Goldfinger, 1964), de Guy Hamilton; 007 contra a chantagem atômica (Thumderball, 1965), de Terence Young; Com 007 só se vive duas vezes (You only live twice, 1967), de Lewis Gilbert; Adeus, Mr. Chips (Goodbye, Mr. Chips, 1969), de Herbert Ross; 007 — os diamantes são eternos (Diamonds are forever, 1971), de Guy Hamilton; Jogo mortal (Sleuth, 1972), de Joseph L. Mankiewicz; Barry Lyndon (Barry Lyndon, 1975), de Stalney Kubrick; 007 — O espião que me amava (The spy who loved me, 1977), de Lewis Gilbert; 007 contra o foguete da morte (Moonraker, 1979), de Lewis Gilbert etc.
[6] Expert do cinema inglês em efeitos visuais e especiais. Trabalhou para Este povo alegre (This happy breed, 1944), de David Lean; César e Cleópatra (Cesar and Cleopatra, 1945), de Gabriel Pascal; Desencanto (Brief encounter, 1945), de David Lean; Sei onde fica o paraíso ('I know where I'm going!', 1945), de Michael Powell e Emeric Pressburger; Neste mundo e no outro (A matter of life and death, 1945), de Michael Powell e Emeric Pressburger; O falcão dos mares (Captain Horatio Hornblower R.N., 1951), de Raoul Walsh; A invasão secreta (The secret invasion, 1958), de Roger Corman; Mil séculos antes de Cristo (One million years b.C., 1966), de Don Chaffey; e, entre muitos outros, O abominável Dr. Phibes (The abominable Dr. Phibes, 1971), de Robert Fuest.
[7] Especializado em efeitos visuais e especiais. Trabalhou em O ladrão de Bagdá (The thief of Bagdad, 1940), de Michael Powell, Tim Whelan, Ludwig Berger e dos não creditados Alexander Korda, Zoltan Korda e William Cameron Menzies; Moulin Rouge (Moulin Rouge, 1952), de John Huston; A rua da esperança (A kid for two farthings, 1955), de Carol Reed; O homem que queria ser rei (The man who would be king, 1975), de John Huston; Superman: o filme (Superman, 1978), de Richard Donner; Os canhões de Navarone (The guns of Navarone, 1961), de J. Lee Thompson; Dr. Fantástico (Dr. Strangelove or: How I learned to stop worrying and love the bomb, 1964), de Stanley Kubrick; Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962), de David Lean; Um rei em Nova York (A king in New York, 1957), de Charles Chaplin e em vários outros.