domingo, 8 de março de 2015

UMA MESSIÂNICA FÁBULA LUCASIANA CRUZA REFERÊNCIAS BÍBLICAS COM LENDAS E SAGAS OCIDENTAIS

Fábula messiânica no universo cinematográfico de George Lucas é, praticamente, uma generalidade. O eixo de suas principais realizações, notadamente a saga Guerra nas estrelas (Star wars), gira em torno do advento de um salvador que reordenará o mundo conspurcado pelas forças do Mal. Após os retumbantes fracassos de Labirinto — A magia do tempo (Labyrinth, 1986) e Howard, o super-herói (Howard the duck, 1986), confiadas por Lucas, na qualidade de produtor-executivo, respectivamente a Jim Henson e Willard Huyck, Ron Howard foi convocado para materializar Willow — Na terra da magia (Willow, 1988). Apesar da condução burocrática, os resultados foram melhores. Referências bíblicas as mais diversas se conectam a elementos extraídos do livro As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift, do filme O mágico de Oz (The wizard of Oz, 1939), de Victor Fleming, da própria saga Guerra nas estrelas e de animações dos Estúdios Disney para contar as peripécias do pequeno Willow (Warwick Davis). Ele é encarregado de salvar da sanha do Mal a ungida e ainda criança Elora Danan (Ruth e Kate Greenfield), a quem se espera a tarefa de reordenar o mundo sob império do Bem. A apreciação a seguir, escrita em 1989, sofreu revisão e atualização em 2015.







Willow — Na terra da magia
Willow

Direção:
Ron Howard
Produção:
Nigel Wooll
Lucasfilm LTD., Metro-Goldwyn-Mayer, United Artists, Imagine Entertainment
EUA — 1988
Elenco:
Val Kilmer, Joanne Whalley, Warwick Davis, Jean Marsh, Patricia Hayes, Billy Barty, Gavan O'Herlihy, David Steinberg, Phil Fondacaro, Rick Overton, Kevin Pollak, Tony Cox, Robert Gillibrand, Mark Northover, Rick Overton, Maria Holvoe, Julie Peters, Mark Vand Brake, Dawn Downing, Michael Cotterhill, Zulema Done, Joanna Dickens, Jennifer Guy, Ron Farr, Sallvannie Law, Ruth Greenfield, Kate Greenfield.



Ron Howard, o diretor


Apesar de creditado a Ron Howard, Willow pertence muito mais ao produtor executivo George Lucas e, principalmente, à meticulosa equipe de pós-produção que coordena, reunida em torno das pranchetas, computadores, palcos, cenários e criaturas fake de sua Industrial Light & Magic[1]. Neste laboratório foi concebida a maioria dos efeitos visuais que empolgam a história, sem os quais o filme não teria razão de ser.


Repetem-se aqui os exemplos de O Império contra ataca (The Empire strikes back, 1980), de Irvin Kershner; O retorno de Jedi (The return of the Jedi, 1983), de Richard Marquand; Howard, o super-herói (Howard, the duck, 1986), de Willard Huyck; e Labirinto, a magia do tempo (Labyrinth, 1986), de Jim Henson: George Lucas, o idealizador da saga Guerra nas estrelas iniciada em 1977 pelo filme de idêntico título (Star wars) que ele mesmo realizou  demonstra não ter a menor disposição e vocação para a direção. Preferindo a função de produtor executivo, entrega a realização dos filmes que concebe a profissionais que, se não são geniais, podem ser classificados como artesãos competentes e peritos na orquestração dos muitos elementos arregimentados em cena, além de seguirem à risca as suas determinações.



O dakini Madmartigan (Val Kilmer), herói relutante de Willow


Howard, o super-herói e Labirinto foram retumbantes fracassos artísticos, de crítica e público. Por pouco não lhe inviabilizaram a carreira. Willow evitou esse caminho, mas chegou perto. Foi parcialmente salvo do desastre pela superior competência e tarimba artesanal de Ron Howard  que já mostrara habilidade e sensibilidade para lidar com o universo do fantástico em Cocoon (Cocoon, 1985)  e pela magia dos efeitos visuais.




Acima e abaixo: o herói improvisado Willow Uffgood (Warwick Davis), em cujas mãos está a salvação do Bem

  
Willow, a exemplo dos três filmes que compõem a saga de Guerra nas estrelas, trata da eterna luta entre Bem e Mal. A história transcorre em tempo mítico. Mas o cenário lembra uma Idade Média pontuada de modernidade. George Lucas, autor da história, pensava transformá-la em filme desde 1977. Porém, para seus propósitos, teve que aguardar 10 anos, até o cinema ter condições de proporcionar, em doses realistas, todo o suporte de magia requerido pela adaptação. Finalmente as filmagens se realizam durante seis meses de 1987, nos estúdios Ellstree, em Londres, e nas montanhas cobertas de mata e neve da Nova Zelândia, acessíveis, às vezes, apenas por helicóptero. Foram mobilizados 650 extras, 250 anões e 120 dublês. As condições adversas de trabalho (altitude e frio) descontentaram elenco e diretor. No total a produção acarretou no dispêndio de 40 milhões de dólares. A quarta parte dessa quantia foi direcionada aos efeitos especiais[2], cerca de 320, concebidos e inseridos durante o ano seguinte, na fase de pós-produção.


É uma aventura épica que extrai elementos das mais variadas fontes narrativas: dos contos de fadas à Bíblia, passando pelas contribuições de As viagens de Gulliver, livro de Jonathan Swift, e de filmes como O mágico de Oz (The wizard of Oz, 1939), de Victor Fleming; do próprio Guerra nas estrelas e de desenhos animados dos Estúdios Disney como Peter Pan (Peter Pan, 1953), de Clyde Geronimi, Hamilton Luke e Wilfred Jackson; e A Espada era a lei (The sword in the stone, 1963), de Wofgang Reitherman. Deste último, é recriada a clássica sequência do duelo de feiticeiros entre o Mago Merlin e a Madame Min, agora representados pela defensora do Bem, Fin Raziel, e a pérfida Bavmorda.



Jean Marsh interpreta a pérfida rainha Bavmorda


O apelo à Bíblia (Moisés recém-nascido flutuando numa cesta pelo Nilo, a vinda do Messias, a matança dos inocentes ordenada por Herodes, a fuga de José, Maria e o menino Jesus para o Egito, o sacrifício de Isaac etc.) é mais que evidente: Willow fala de uma criança prometida, cuja missão é libertar a Terra do jugo de trevas imposto pelo império de Bavmorda (Marsh), a rainha má — um misto de Herodes com Ramsés II. As previsões se cumprem, mas a pérfida soberana estava atenta. Mandou encarcerar todas as mulheres grávidas em sua fortaleza para vigiar o nascimento da anunciada. Quando a prometida vem à luz, é salva pelo desprendimento de uma parteira que foge com ela. São perseguidas. A mulher é mortalmente ferida pelas feras de Bavmorda, mas tem tempo de largar a inocente num cesto e depositá-lo nas águas de um rio.


A criança é uma menina chamada Elora Danan (Ruth e Kate Greenfield). É resgatada e adotada por uma família de agricultores nelwyns (homens pequenos) chefiada por Willow Uffgood (Davis, um dos ewoke de O retorno de Jedi). Ele, candidato a mago que fracassa pela falta de autoconfiança, recebe a missão de pôr a ungida a salvo, de modo que as profecias se cumpram. Para tanto, enfrentará uma jornada recheada de perigos. Mas contará com o auxílio das mais improváveis criaturas: fadas, duendes atrapalhados, guerreiros e Sorsha (Whalley, senhora Val Kilmer) — filha de Bavmorda que trairá a mãe para lutar ao lado das forças do Bem. O auxílio principal vem de Fin Raziel (Hayes), poderosa feiticeira, e do relutante aventureiro, jogador e fugitivo Madmartigan (Kilmer), um dakini (homem grande).


O errante Madmartigan (Val Kilmer), inesperado aliado de Willow Uffgood (Warwick Davis)


Willow (Warwick Davis) foge para salvar a pele e a ungida Elora Danan, vivida pelas gêmeas Ruth e Kate Greenfield

  
Willow — Na terra da magia é dirigido a um público certo: o infantil. Os adultos, porém, podem assisti-lo sem sustos, por mais que histórias como essas tendam, nos dias de hoje, a perder cada vez mais apelo[3]. Reside aí o encanto. A realização não teme se defrontar com a magia, a fábula, o sonho, a fantasia. É sua qualidade maior. A direção, por mais que pareça desprovida de personalidade, como de fato é, não chega a comprometer. Os atores dão conta do recado, e isso já é pedir muito tendo em vista as condições adversas que enfrentaram durante as filmagens em locações neozelandesas.



Sorsha (Joanne Whalley) e Madmartigan (Val Kilmer), acompanhados de Willow (Warwick Davis) com Elora Danan (as irmãs Greenfield)

Willow Uffgood (Warwick Davis) e a ungida Elora Danan, interpretado por Kate e Ruth Greenfield

  
Apesar de contar a saga de proteção da vida de uma criança, Willow também trafega no campo dos ritos de passagem. É uma aventura que revela o crescimento interior de dois personagens, o baixinho que fornece o título ao filme e o grandalhão Madmartigan. O primeiro amadurece pela aquisição de autoconfiança, impondo-se (apesar de seu tamanho) várias vezes com sugestões salvadoras em momentos cruciais da trama. Além de tudo, conseguiu, com sua mágica, devolver Fin Raziel à forma humana, apesar das trapalhadas cometidas ao longo de processo. O segundo, prisioneiro de um individualismo exacerbado, adquiriu senso de responsabilidade. Vê-se, pois, que Willow é uma fábula e, como tal, informa uma mensagem exemplar. É outro atributo que também o inclui na contramão das produções cinematográficas atuais. Por isso mesmo, é, acredito, um filme necessário. Que me perdoem os críticos de opiniões contrárias.






Argumento e produção executiva: George Lucas. Roteiro: Bob Dolman. Música: James Horner. Fotografia (Color DeLuxe, panavision): Adrian Biddle. Desenho de produção: Allan Cameron. Produtor associado: Joe Johnston. Efeitos visuais: Industrial Light and Magic, Dennis Muren, Michael McAlister, Phil Typpett. Supervisor de Efeitos especiais: John Richardson. Figurinos: Barbara Lane. Confecção dos costumes: Aggie Guerard Rodgers. Montagem: Daniel Hanley, Michael Hill, Richard Hiscott. Assistentes de montagem: Jeremy Gibbs, Kathleen Korth, T. M. Christoper, Andrew MacRitchie, Jeffrey Child, Jenny Oznowicz, Robin Clark. Edição musical: Jim Henrikson. Orquestração: Greig McRitchie. Execução musical: The London Symphony Orchestra. Chefe de maquiagem: Alan Boyle. Chefe de penteados: Barbara Ritchie. Operadores de câmera: Shaun O’Dell, Martin Hume. Microfones: David Banks. Concepção de maquiagem e criaturas: Nick Dudman. Maquiagem: Tommie Manderson, Eddie Knight, Amanda Knight. Penteados: Joan Carpenter, Eithne Fennell. Direção de arte: Tim Hutchinson, Tony Reading, Malcolm Stone. Diretor de produção: Alan Cameron. Assistente de direção: Ken Baker. Gerente de produção: Vicky Manning. Coordenador de produção: Kathy Sykes. Coordenador de segunda unidade: Stefan Zukher. Planejamento de lutas: Bill Hobbs. Coordenador de stunts: Gerry Crampton. Gerentes de locações: John Bernard (Nova Zelândia), Jill Gutteridge (Inglaterra), Rachel Neale. Supervisão de costumes: Rosemary Burrows. Supervisão de produção: Janet Mohler. Contrarregra: John Alenby. Casting: Davis & Zimmerman, Jane Jenkins, Janet Hirshenson. Fotografia de segunda unidade: Paul Beeson. Operador de câmera de segunda unidade: Wally Byatt. Maquiagem de segunda unidade: Dickie Mills. Penteados de segunda unidade: Daphe Martin. Fotografia de terceira unidade: Pal Wilson. Operador de câmera de terceira unidade: Jonathan Taylor. Assistente para Nigel Wooll: Barbara Margerrinson. Assistente para Ron Howard: Louisa Marie. Gerente de produção na Nova Zelândia: Murray Newey. Direção de arte na Nova Zelândia: Kim Sinclair. Maquiagem na Nova Zelândia: Trish Comen, Robyn Austin. Direção de segunda unidade: Micky Moore. Efeitos visuais: Industrial Light & Magic. Regravação: Ben Burity, Gary Summers. Engenheiro de som: Ben Burity. Supervisão de edição de som: Richard Hymms. Edição de diálogos: Michael Silvers, Rob Fruchtman, E. Larry Oatfield, Karen Spangenberg. Produção executiva nos Estados Unidos: Ian Bryce. Tempo de exibição: 125 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 1989; revisto e atualizado em 2015)




[1] Atualmente, a Industrial Light & Magic e outros empreendimentos construídos por George Lucas como a Lucas Film, Lucas Arts e a Skywalker Sound pertencem à Walt Disney Company. Nota da revisão e atualização de 2015.
[2] ANÃO ameaça o musculoso Rambo, Um. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 17 maio 1988.
[3] Nota da revisão e atualização de 2015: diante do que se vê nos dias atuais e desde os primeiros anos do século em curso, percebe-se como é falha a capacidade de previsão do autor. Mal sabia ele que o movimento seria exatamente o oposto. 

8 comentários:

  1. Eugenio,

    Acompanho a carreira do Howard desde que era ator, quando fez O Último Pistoleiro e Os Tres Discipulos da Morte/74, do Fleisher, por exemplo.

    De sua carreira como diretor eu vi cerca de 70 ou 80% do que fez, Porem não vi o filme em pauta.

    Um grande diretor, destacando-se em quase todos os seus trabalhos como; Apolo 13/99, O Informante/01, Desaparecidas/03, qua acho ter sido, junto com Um Sonho Distante/92, suas duas únicas experiencias no western, dentre outros de grandes destaques como os filmes do livro de Dan Brawn e uma de suas primeiras incursões na direção que foi Corretores do Amor, em 1982.

    Seria ótimo se esta linha nova de diretores, apesar do Howard ser de uma linha mais atrás, seguissem seu modo de dirigir, pois estes novos diretores inventam muito, criam situações em seus filmes, como por exemplo as lutas, onde nada conseguimos definir ou ver, assim como fazem filmes como se fossem desenhos animados, onde a invencionice joga por terra como se é fazer um cinema cinema.

    Gosto de sua linha de nos mostrar uma historia, assim como o considero muito semelhante ao Steve Soderberg, muito embora este arraste um pouco seus filmes para uma linha de filmagem mais moderna, embora assistamos tranquilamente a seus filmes e os entendemos perfeitamente.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir,

      Apreciei o seu comentário sobre o Ron Howard. Dele, estou para ver, com algum atraso, FROST/NIXON, de 2008. Achei DESAPARECIDAS regular e nunca vi UM SONHO DISTANTE, não sei bem as razões. Não gosto nem um pouco de ANJOS E DEMÔNIOS e de O CÓDIGO DA VINCI. Mas gosto do pouco badalado A LUTA PELA ESPERANÇA e do premonitório ED TV, tão bom como O SHOW DE TRUMAN, de Peter Weir.

      Quanto ao mais, concordo integralmente com a sua avaliação acerca de alguns diretores modernos e contemporâneos, que entopem suas histórias com fogos de artifício que pouco contribuem para o fluir das narrativas. Servem tão somente para produzir adrenalina e desviar a atenção do público incauto e carente.

      Abraços.

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  2. Eugenio,

    Eu ter falado "de grandes destaques" (Anjos e Demônios e O Código Da Vinci), não quer dizer que eu os amei ou que os valorizei, como pode se imaginar no meu dito.

    Ao contrário: eles podem ter sido filmes de grande sucesso e gosto para muitos. No entanto, para mim eles não significaram quase nada.

    Por outro lado, citaste um de seus filmes, (do Ron Howard) que mais amo e que sempre indico a um amigo para ver, que é A Luta Pela Esperança, uma fita muito bem feita e muito ótima, entretando muito pouco conhecida do grande publico.

    Vi neste filmes um dos maiores desempenhos do Crowe e da René, assim como algo dirigido com uma atenção e carinho tão grande que terminou por gerar esta pelicula muito pouco divulgada, mas que considero um de seus melhores trabalhos.

    Fico feliz por terdes uma mente e gosto um tanto quanto semelhante ao meu, o que me direciona cada vez mais a dar atenção a tudo o que escreve, o que me dá aprendizado e esperança de que o bom cinema ainda tem seus curtidores.

    jurandir_lima@bol.com.br

    Abraço enorme

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    1. Caro Jurandir,

      Fico feliz por estarmos em sintonia no tocante a muitas coisas, principalmente com respeito a um tipo de cinema que não é mais produzido. De fato, A LUTA PELA ESPERANÇA - que carrega o significativo título original CINDERELLA MAN - é dos melhores de Ron Howard. Uma realização que pode ser alinhada entre os clássicos do boxe. É a história do boxeador James Braddock e um bom testemunho do que foram os duros anos da Grande Depressão.

      Abraços.

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  3. Hola Eugenio,esta película es un clásico que se ha seguido transmitiendo en los canales locales,es una historia de las pocas con esencia,que te deja un agradable sabor de boca,además de que las temáticas sobre magia ME ENCANTAN...Estupenda reseña,como en otras ocasiones me voy maravillada por las fotografías...Tú también tienes magia en tu tinta :) Y yo? Yo te mando miles de besitos y un gran abrazo :)

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    1. Pues es, Maria del Socorro;

      Me acuerdo de haber quedado maravilhado cuando vi esta película en el cine, ya hace muchos años. Me dejó con una buena sensación. ES una aventura muy bien amarrada, que no depende sólo de efectos especiales y montaje acelerada, como muchas películas de ahora. Creo hasta que necesito verla nuevamente, para saber en que situación se encuentra con el avance del tiempo.

      Para ti, muchos besos, saludos y abrazos.

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  4. Hola Eugenio,
    La película de "Wilo" es una de mis preferidas o de las que mejores recuerdos tengo. La primera vez la vi fue en el cine y me gustó pero luego la hemos visto muchas veces en familia y he disfrutado mucho compartiendo risas y aventuras con mis hijos. Siempre nos ha gustado ver juntos películas y hacer tarde de cine, por esta razón algunas películas las llevo siempre en el corazón.
    Un abarzo grande y muchos besos querido amigo.

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    1. Hola, Xus;

      También tengo aprecio por esta película, especialmente por ella. Vi con mi hija, cuando ella era todavía muy joven. Hasta hoy siento nostalgia de las sonrisas que ella dio durante la exhibición o, entonces, de las miradas atentos a la pantalla. Las películas que pude ver con ella estarán siempre conmigo, como usted bien dijo, en mi corazón.

      Besos abrazos.

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