domingo, 21 de fevereiro de 2016

PELA NAMORADA, ZANUCK SABOTA 'NOIR' DE OTTO PREMINGER

Anjo ou demônio? (Fallen angel, 1945) é a nona direção de Otto Preminger e a segunda após o sucesso de Laura (Laura, 1944). É, no mínimo, um filme curioso. Não rendeu o prometido devido à nefasta interferência de Darryl F. Zanuck — big boss da 20th Century-Fox — na montagem final. Em consequência, a narrativa aparenta falta de melhor definição ou racionalidade. Tudo para ampliar a participação da namorada Linda Darnell em detrimento da atriz principal, Alice Faye. Esta se sentiu profundamente desrespeitada após fieis onze anos dedicados à companhia. Rompeu unilateralmente o contrato, medida que a afastaria das telas até 1962. Anjo ou demônio? é noir centrado no tema da queda e redenção. Dana Andrews vive Eric Stanton, um perdedor obrigado a interromper viagem na cidadezinha de Walton — espécie de estação provisória ao pagamento de pecados. Para consolidar a paixão pela fatal Stella (Darnell), contrai matrimônio com a rica solteirona e herdeira June Mills (Faye). Mas se torna suspeito de assassinato. O tema musical Slowly — composto por David Raksin — e o claro-escuro da fotografia de Joseph LaShelle acentuam o clima de paixão e mistério. Também elevam a boa atmosfera de uma história no mais das vezes inacreditável. A apreciação a seguir é de 2000.






Anjo ou demônio?
Fallen angel

Direção:
Otto Preminger
Produção:
Otto Preminger
20th Century-Fox
EUA — 1945
Elenco:
Alice Faye, Dana Andrews, Linda Darnell, Charles Bickford, Anne Revere, Bruce Cabot, John Carradine, Percy Kilbride e os não creditados Olin Howland, Wally “Hal Taliaferro” Wales, Mira McKinney, Jimmy Conlin, Leila McIntyre, Garry Owen, Horace Murphy, Martha Wentworth, Paul Palmer, Paul E. Burns, Dave Morris, Herbert Ashley, Matthew “Stymie” Beard, Dorothy Adams, William Haade, Chick Collins, J. Farrell MacDonald, Max Wagner, Betty Boyd, Gus Glassmire, Harry Strang, Robert Adler, Matthew 'Stymie' Beard, Franklyn Farnum, Dick Haymes, Adele Jergens, Tiny Jones, George Magrill, William H. O'Brien, Frank O'Connor, Broderick O'Farrell, Brick Sullivan, Hal Taggart.



Otto Preminger



O sujeito passou por graves revezes. Talentoso, teve tudo para se firmar como promissor agente de personalidades e espetáculos em Nova York. Porém, perdeu tudo; oito mil dólares em uma noite. Agora está quebrado, com a reputação em baixa e cansado de esmurrar pontas de faca. Precisa refazer a vida, mas é invadido pela sensação de ter "um milhão de anos de idade". De ônibus, tenta chegar em São Francisco. O dinheiro contado permitiu adquirir passagem até Walton, cidadezinha costeira próxima ao destino pretendido. Inútil apelar ao senso de piedade do motorista. Sequer se humilharia com tal expediente. Desembarca onde deveria, em pouco promissora noite avançada. Seu nome é Eric Stanton (Andrews), um perdedor.


Faminto e esgotado, com apenas um dólar na carteira, encontra a lanchonete de Pop (Kilbride). O local está agitado. Desapareceu o principal chamariz da casa, a exuberante e fatal garçonete Stella (Darnell). A polícia se prepara para as buscas quando ela aparece, sem nada a declarar. Senta-se, tira os sapatos e massageia os pés para fascínio dos presentes: Pop, o policial novaiorquino aposentado Mark Judd (Bickford) e Stanton. Dave Atkins (Cabot), vendedor de jukebox — quarto homem diretamente interessado em Stella —, deixou há pouco o estabelecimento.


Eric Stanton (Dana Andrews) chega em Walton e se dirige à lanchonete de Pop (Percy Kilbride)


Esse é o começo do menosprezado noir Anjo ou demônio?, fracasso de crítica e público mas merecedor de melhores considerações. É o nono título da filmografia de Otto Preminger; o segundo após o sucesso com Laura (Laura, 1944)[1]. O produtor Darryll F. Zanuck é responsável direto pelos problemas acumulados na pós-produção. Sua intervenção provocou o rompimento unilateral do contrato de Alice Faye com a 20th Century-Fox. Insatisfeita com os cortes[2] —reduziram sensivelmente a importância de seu papel em favor da jovem Linda Darnell, namorada de Zanuck —, simplesmente abandonou a companhia. Sentiu-se extremamente desrespeitada após onze anos de fiel dedicação. Era um dos principais chamarizes de público. Pretendia explorar novos rumos. Havia recusado cerca de 30 roteiros até se decidir por Anjo ou demônio?. A rebeldia não passou em branco. Zanuck se vingou na justa medida. Graças aos importantes relacionamentos cultivados em Hollywood, impediu a contratação de Alice Faye pelas demais produtoras. Os programas de rádio, ao lado do marido Phill Harris, salvaram a atriz. Só voltaria ao cinema após 15 anos, no papel de Melissa Frake em Feira das ilusões (State fair), de Jose Ferrer — ironicamente, produção da 20th Century-Fox.


Stella (Linda Darnell) e o policial aposentado Mark Judd (Charles Bickford)


Decorrem da redução do papel de Faye os problemas estruturais de Anjo ou demônio?. Ela interpreta a principal personagem feminina: June Mills. Stella seria apenas o motivo desencadeador da ação. Os cortes deixaram a sensação da falta de centro aglutinador à narrativa. Com isso, as idas e vindas de Eric Stanton carecem de melhor definição ou racionalidade. Há momentos totalmente implausíveis. Fica no espectador a impressão de haver perdido alguma sequência de suma importância. Como se trata de filme noir — gênero no qual o mundo e as relações de sentido são sempre movediças, em histórias carregadas de simbolismos — as inconsistências são aceitas sem muitos senões. Por outro lado, os melhores atrativos decorrem do clima e da ambientação, valorizados pelo tema musical de David Raksin e pela fotografia sombreada de Joseph LaShelle. Na amarração final há a eficaz e ágil direção de Otto Preminger.


Tem-se Eric Stanton duro e ao Deus dará numa Walton estranha e aparentemente amaldiçoada. A cidadezinha lembra um não-lugar; uma estação provisória de pagamento de pecados, como o purgatório. O personagem tem muitas faltas a quitar. A situação pouco promissora do momento acrescentará novas parcelas ao seu livro de dívidas. Por sorte, tem jogo de cintura. Faltam-lhe, ao menos por ora, a boa consciência e qualquer senso moral. Fala rapidamente. Articula as frases à medida que pensa. Direciona o arranjo das palavras em proveito próprio. Com a firmeza da lábia consegue lugar para dormir e as forças do acaso o posicionam no caminho e nas necessidades do professor Madley (Carradine), um simpático picareta. Ele e o assistente Joe Ellis (Howland) estão com dificuldades para apresentar um show de comunicação com os mortos em Walton. Precisam dobrar a resistência da influente e enrustida solteirona Clara Mills (Revere), órfã de prefeito querido na cidade. Em troca de participação nos lucros do espetáculo, Stanton praticamente se impõe como divulgador e solucionador de problemas. Ganha sem querer o auxílio de June — irmã mais nova de Clara — para autorizar a apresentação. Também solteira, a caçula é tentador partido a um oportunista quebrado, pois herdará razoável fortuna ao se casar.


Comunicando-se com os mortos: professor Madley (John Carradine)


Madley faz sucesso. O retorno financeiro do show resolve momentaneamente a complicada situação de Stanton. Resolve permanecer em Walton. Está atraído por Stella. Slowly — tema musical composto por David Raksin, às vezes convertido em canção na voz de Dick Haymes — deixa explícita a situação. Algo semelhante ocorreu em Laura com o comentário musical do mesmo compositor. A partir daí os acontecimentos se atropelam em decorrência da montagem imposta por Zanuck.


Stella não facilita as coisas. Interesseira, instrumentaliza os rápidos relacionamentos afetivos com homens os mais diversos. É caçadora voraz, um anjo caído — conforme o título original — semelhante em caráter ao personagem vivido por Dana Andrews, mas sem possibilidades de redenção. Entre a incredulidade e a indiferença diante das propostas amorosas de Stanton, oferece-lhe corda para se enforcar. Adianta que não se interessa por homens sem dinheiro. Também pretende a estabilidade socialmente garantida pelo anel de casamento.


Stella (Linda Darnell)


Difícil de engolir: em poucas horas o forasteiro se jogou aos pés de Stella e a cortejou. Frente às imposições da garota, deverá agir com rapidez. June, herdeira disponível, é oportunidade a não desperdiçar: um rentável casamento de conveniência! Depois, dará um jeito de se livrar dela. Apesar das reservas de Clara, o matrimônio é contraído em poucas horas. Bastou uma ida noturna à praia para oficializar namoro e noivado. Somente muita carência — ou senso de economia hollywoodiano — para explicar tanta rapidez. Ou, então, as artes do imponderável: afinal, June se apresenta como contraponto redentor aos anjos caídos. Eric Stanton foi deixado à guarda de suas boas e protetoras asas. Somente isso explicaria a complacência da esposa com a escapulida noturna do marido em plena noite de núpcias. Eric tentou encontro com Stella. Não mereceu confiança. Frustrado, voltou para casa, mas não aos braços da carente June. Adormeceu no sofá. Ao amanhecer é informado de que a polícia o procura.


Eric Stanton (Dana Andrews), Pop (Percy Kilbride) e Stella (Linda Darnell)

  
Stella foi assassinada. Para apressar as investigações, a polícia local convoca o aposentado Mark Judd. Stanton e Dave Atkins — último a ser visto com a vítima — são os suspeitos. O vendedor de jukebox passa pelo crivo do brutal interrogatório de Judd. Recebe contínuos golpes de punho envolvido em luvas de borracha. No aposento contíguo, Stanton — sem álibi a oferecer — ouve a inquirição. Atkins resiste. É inocentado pelo legista e dispensado. Resta o marido de June. Será interrogado mais tarde. Temendo tratamento parecido ao de Atkins, embarca para São Francisco com a mulher.


Stella (Linda Darnell), Pop (Percy Kilbride) e Eric Stanton (Dana Andrews)


Causa espécie a facilidade com que June se deixa levar. Uma puritana interiorana casada às pressas com um desconhecido e, ainda por cima, suspeito de assassinato! Em São Francisco está depositada a herança. Armada com boa vontade, pretende dividi-la com Stanton. Depois, seja o que Deus quiser. Aguardam a abertura do banco em modesto quarto de hotel. É quando afloram as intenções da boa samaritana. Suave e compreensiva, convence Eric a se abrir, a falar de si e do passado. Advém significativo diálogo, com June se expondo ao cínico e irônico marido: "Eu preciso de você (...). Você é meu marido e eu sou sua esposa. (...) Todos nascemos para pisar a Terra como anjos, para procurar o paraíso deste lado do céu. Na busca, alguns anjos tropeçam e caem sem luz na escuridão. Somente o amor de outro anjo fará o decaído se levantar. Apenas os dois, juntos, poderão entrar no paraíso".


Soa inacreditável. June lança olhares ao alto enquanto fala, como se buscasse o firmamento além do teto do aposento. Eric adormeceu. Apesar de tudo, a coisa funciona a contento, mesmo com tudo evocando o sobrenatural. O mais incrível é o cochilo do Código de Produção. Na cena, o casal — apesar de unido pelo laço do matrimônio — divide a mesma cama, algo terminantemente proibido. Pelo visto, Otto Preminger afrontou a censura bem mais cedo que o registrado.


O cochilo do Código de Produção: June Mills (Alice Faye) e Eric Stanton (Dana Andrews) 

  
Amanhece. June é detida por policiais de Walton na ida ao banco. Stanton a tudo presencia, sem ser visto, do outro lado da rua. Interrogada por Judd, afirma a inocência do marido e a confiança nele depositada. Apresenta-o como alguém a quem faltaram todas as chances de ser uma pessoa melhor. Extenuada mas convicta, vai às lágrimas. É dispensada mediante a responsabilidade de Clara.


Anoitece. Judd está na lanchonete. O abatido Pop pretende vendê-la. A vida perdeu a graça sem Stella. Chega Stanton. O detetive não parece surpreso. Tenta permanecer impassível. Mas recebe perguntas incômodas: "Por que não foi me procurar em São Francisco? Por que os jornais não noticiaram a morte de Stella? Por que bateu em Atkins se sabia o tempo todo que não era o culpado?". Apoiado nessas questões, o protagonista sentiu segurança para voltar e lutar pela inocência. Também levantou informações sobre a vida pregressa do investigador. Anjo ou demônio? se encaminha para um final surpreendente, que culmina com a revelação do assassino sob a iluminação em claro-escuro de Joseph LaShelle e ao som da lânguida Slowly na jukebox. Stella não será esquecida, mas a vida precisa continuar, principalmente para Stanton, aguardado por June à saída do estabelecimento. A noite soturna até parece mudar de tom. Marido e esposa, enfim unidos, seguem juntos para casa. O anjo de luz regenerou o companheiro decaído.


Eric Stanton (Dana Andrews), Mark Judd (Charles Bickford) e Pop (Percy Kilbride)


Apesar das incoerências, Anjo ou demônio? é agradável e prende a atenção. Com a elevação da situação de mistério, o espectador termina por se ligar ao desenvolvimento da história, não pelas qualidades narrativas, mas em função da atmosfera envolvente. Outros elementos justificam a atração. Há os personagens, em particular os dúbios, bem desenhados e prontos para surpreender: Stella, Mark Judd e Eric Stanton, sem esquecer a rápida aparição do Professor Madley. Com seus gestos, olhares e falas, conquistam fácil empatia. São fortalecidos pela trilha musical e fotografia. As externas, mesmo pouco exploradas, são reveladoras. Walton lembra uma prisão sem grades, da qual é impossível escapar: um conjunto social habitado por gente comezinha e tacanha, que se vigia pelas frestas de portas e janelas, prisioneira de preconceitos transformados em maldição.


Segundo consta, Linda Darnell fez laboratório para melhor se adequar à personagem. Trabalhou uma semana como garçonete nas dependências da Fox. De intérprete de mocinhas virginais em início de carreira, fez com louvor a transição para uma devoradora de homens, disposta a reduzi-los a trapos. Na verdade, revela a fragilidade oculta sob a capa da masculinidade aparentemente tão objetiva, direta e cheia de si. Eric Stanton e outros que o digam.


Stella (Linda Darnell) e Eric Stanton (Dana Andews)


Dana Andrews — talhado para o noir — tem com Anjo ou demônio? a segunda oportunidade sob a batuta de Otto Preminger. Seu semblante duro, a discrição e a inflexão da voz conferem ao decaído Eric Stanton a ambiguidade essencial ao personagem calculista, manipulador, de raciocínio rápido, egoísta ao extremo, mas capaz de se reerguer no plano moral. O detetive aposentado Mark Judd, repleto de autoconfiança e empáfia, é uma das melhores atuações do velho Charles Bickford.



  
Roteiro: Harry Kleiner, com base em novela de Marty Holland. Música: David Raksin. Direção de fotografia (preto-e-branco): Joseph LaShelle. Montagem: Harry Reynolds. Direção de arte: Leland Fuller, Lyle R. Wheeler. Decoração: Helen Hansard, Thomas Little. Figurinos: Bonnie Cashin. Maquiagem: Ben Nye. Assistentes de direção (não creditados): Tom Dudley, George Schaefer, Sam Wurtzel. Som: Bernard Freericks, Harry M. Leonard. Efeitos especiais: Fred Sersen. Direção musical: Emil Newman. Gerente de produção: Raymond A. Klune (não creditado). Direção de segunda unidade: Otto Brower (não creditado). Projeção de transparências (não creditada): Sol Halperin, Edward Snyder. Segunda câmera: Lloyd Ahern (não creditado). Mixagem musical (não creditada): Charles Althouse, Paul Neal, Murray Spivack. Orquestração: Arthur Morton (não creditado). Continuidade: Teresa Brachetto (não creditada). Assistente de pesquisa: May Morris (não creditada). Direção de pesquisa: Frances C. Richardson (não creditado). Sistema de mixagem de som: Western Electric Recording. Tempo de exibição: 98 minutos.


(José Eugenio Guimarães, 2000)


[1] Os filmes anteriores de Preminger são: Die grosse liebe (1931), Under your spell (1936), Danger, love at work (1937), Um pequeno erro (Margin for error, 1943), Por enquanto, querida (In the meantime, darling, 1944), Laura e Czarina (A royal scandal, 1945).
[2] Um dos cortes deixou Faye bastante magoada: o momento em que interpreta, na praia, a canção-tema Slowly para Eric Stanton.

2 comentários:

  1. Eugenio,

    Com todo perdão pedido pela colocação do termo, mas a verdade é que a desgraçada força do poder tem esta capacidade de tolir talentos, dirigir e estragar a vida de pessoas atiriando-as ao degredo, à miséria, ao alijamento, como agiu com a Faye.

    Isso foi Zanuck, com sua destruidora influencia, capitalizando maleficamente seu poder para danificar mais esta carreira.

    A vida é sempre assim, dos fortes, dos poderosos, dos homens sem limites conscienciais e simplesmente demolidores de vidas.

    Não é a primeira vez que ouço coisa assim. E esta é uma das causas que me fazem amar J Ford por seu espetacular talento como cineasta e odia-lo pela maldade que tinha entranhada n'alma. Ele fez tudo isso com Ben Johnson.

    Vi até que muitos filmes do Preminger, e soube até que era genioso e até um tanto brutal para com seus atores. Gostei de Bom Dia Tristeza/58, amei O Rio das Almas Perdidas/54, Exodus/60 foi um filme ótimo e com uma trilha sonora que na época não saia dos rádios, e não vou nem tecer elogios a O Homem do Braço de Ouro/55, porque não é necessário.

    Porém, não vi nem Carmem nem o filme da Postagem, que o editor abre para nós como se nos fazendo ve-lo enquanto lemos a escrita.
    E o acho com um tema bem forte e com poderes de se criar um bom filme, o que no ver do editor aconteceu, mas não se deu bem nas bilheiterias, sem falar com a mão torpe do intrometido demais produtor a mutilar a fita.

    A Darnell era linda demais e não tiro do homem qualquer razão por se apzixonar por uma pérola daquela. Mas a Linda Darnell (cuja beleza estava no pico de seu poder em Sangue e Areia/41) porém, mulher que nos deixou muito cedo em função do destruidor poder do alcool e das drogas.

    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Caro Jurandir,

      Pois ANJO OU DEMÔNIO?, apesar de tudo, é um filme que merece toda a nossa atenção, principalmente de quem á fã do cinema noir.

      Algo que preciso saber melhor: como se azedou a relação entre John Ford e Ben Johnson? Pouco sei a respeito. Afora o fato de que foi John Ford que o descobriu e lhe ofereceu as primeiras chances na carreira. Mas algo deve ter apaziguado o ânimo de Ford para com Johnson. Afinal de contas, em 1963 ele interpretou o soldado Plumtree em CREPÚSCULO DE UMA RAÇA, do diretor. Vou agendar para me informar melhor a respeito da situação que gerou o entrevero.

      Abraços.

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